Horácio, de Peter Stothard: poeta rechonchudo e playboy que era apaixonado por vinho e pelo sol

Por CHRISTOPHER HART
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No outono de 44 a.C., após o assassinato brutal de Júlio César, o líder, Brutus, estava em Atenas angariando apoio para uma conquista em grande escala da Itália que restauraria os valores da antiga República Romana.
O mundo esperou para ver o que aconteceria. E, então, subiu ao palco um poeta baixo e roliço de 21 anos chamado Horácio, um homem que odiava a guerra e a política, amava vinho, sol e garotas, e acreditava que a vida era para ser vivida e aproveitada. Em Atenas, Horácio se encontrou com Brutus.
Como um jovem poeta ambicioso conseguiria se abrir caminho por essa paisagem contemporânea fragmentada e espinhosa sem cair nas garras dos poderosos? E sobre o que ele deveria escrever?
Horácio é a versão anglicizada de seu nome latino, Quintus Horatius Flaccus. Parece imponente, mas Flaccus, na verdade, significa flácido. Nomes romanos eram frequentemente levemente irônicos. (Cícero tinha um nome que significava grão-de-bico. Felizmente, ele se recusou a mudá-lo para algo mais digno.) Assim se inicia esta maravilhosa nova biografia do mais acessível de todos os poetas latinos.
Horácio chegou a ser comparado a John Betjeman. E embora saibamos pouco sobre Homero, que nos deu as imortais Ilíada e Odisseia, e pouco sobre Virgílio, que escreveu a sublime e ambígua epopeia romana, a Eneida, sabemos muito sobre Horácio a partir de seus versos. É por seus próprios versos que sabemos, por exemplo, que ele era "baixo e roliço".
Embora às vezes selvagem e satírico, é seu amor pela vida que brilha em sua escrita.
Nascido em 65 a.C., Horácio mudou-se para Roma em sua juventude, vivendo como o típico jovem poeta faminto em um bairro pobre e populoso.
Ali, ele vivia miseravelmente, copiando documentos legais, ansiando por reconhecimento e sucesso. Um jovem raivoso, parece que teve um caso com uma mulher mais velha e rica, que azedou. Ela zombava dele por ser flácido. Talvez, escreveu ele de forma lacerante, isso se devesse aos seus dentes enegrecidos, ao seu rosto de campo arado, à sua barriga flácida... Mas, por outro lado, havia suas pérolas grossas e almofadas de seda. Era algo incendiário, criado para causar impacto na Roma fofoqueira.
Sem censura: Horácio raramente se continha e usava seus versos para expressar seu descontentamento com várias amantes
Com o tempo, a obra surpreendentemente original de Horácio foi notada pelo rico patrono das artes, Mecenas, e ele escapou das favelas e ingressou em seu círculo de amigos. Ele ainda escrevia versos atrevidos sobre como perseguir mulheres casadas não valia a pena. Se você fosse pego em flagrante, só teria que fugir em trajes indignos, ou até mesmo ser "socado pelos moços do estábulo" como punição. Ninguém nos dá uma visão tão surpreendentemente vívida e sem censura da vida romana.
Ele passou muito tempo na suntuosa vila de Mecenas em Herculano. Lá, chamou a atenção do Imperador Augusto, que o chamou de purissimum penem, traduzido livremente, mas com justiça, por Stothard como "um p***zinho divertido".
Na meia-idade, Horácio escreveu menos sobre casos amorosos e mais sobre o campo, além de poesia complexa e brilhante sobre as maldições gêmeas da política e da guerra. Morreu em Roma em 8 a.C., aos 56 anos. Nunca se casou, mas prezava velhos amigos, buscava uma vida tranquila e enaltecia uma filosofia de prazer e gratidão. Dona praesentis cape, escreveu: Aproveita o presente.
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