Filme italiano sobre Holocausto volta a ser exibido em São Paulo

Um documentário italiano que revoluciona a memória histórica com uma nova linguagem visual e narra a vida de uma criança sobrevivente do Holocausto voltará a ser exibido no Brasil.
Após o forte impacto emocional e o grande interesse gerado durante as exibições no Museu da Imagem e do Som (MIS) e no 28º Festival de Cinema Judaico Hebraica, "Taibale, história de uma menina salva", de Gianni Torres, ganhará sessões na escola ítalo-brasileira Eugenio Montale, nesta quarta-feira (20), às 9h (horário local), e no Unibes Cultural, em parceria com o Instituto Italiano de Cultura de São Paulo, na quinta (21), às 18h30.
Todos os eventos, realizados em parceria com o Memorial do Holocausto de São Paulo, contarão com um debate aberto após a exibição, com a presença de Torres e da protagonista do documentário, Antonieta Felmanas.
Com 72 minutos de duração, a produção italiana conta a história verdadeira e até então nunca narrada de uma menina judia cuja infância foi marcada pelo trauma da guerra.
Nascida em 1940, no Cazaquistão, no auge da Segunda Guerra Mundial, Felmanas, cujo nome de batismo era Taibale Reichel, teve a família confinada em um gueto e exterminada. No entanto, graças à sua prima Rivka, uma jovem partisan judia que escapou do gueto, Taibale conseguiu sobreviver. As duas atravessaram juntas uma Europa devastada até chegar à Itália.
Aos seis anos, Felmanas desembarcou no Brasil, onde reconstruiu a vida em São Paulo e se tornou uma figura central no ativismo social brasileiro. Ela foi a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social (Unibes), uma das maiores organizações sociais do país, e posteriormente cofundou o Instituto Anchieta Grajaú, um centro que acolheu milhares de crianças, pessoas em situação de rua e famílias abandonadas na periferia da metrópole.
"Nem sempre aqueles que vivenciaram o horror em suas formas mais desestabilizadoras são capazes de transformá-lo em amor. A protagonista Antonieta Felmanas é pura luz, uma pessoa que foi salva múltiplas vezes. Ela passou grande parte de sua vida se dedicando àqueles que não tinham nada, especialmente crianças", revelou Torres em entrevista à ANSA, enfatizando que "documentar tudo isso traz esperança".
Segundo o italiano, "até mesmo seu nome original, Taibale, é significativo". "Em iídiche, significa 'pomba', e ela, sem dúvida, provou ser uma verdadeira 'pomba da paz'", salientou o diretor, acrescentando que a história é "extremamente relevante" mesmo nos dias de hoje.
"Os eventos narrados ocorreram nas áreas mais críticas da Europa atual. Polônia, Lituânia e Belarus estão imersas no antigo drama da guerra, e eu realmente espero que um documentário possa ajudar os jovens a compreender que a história não deve se repetir", enfatizou.
Narrado em primeira pessoa, o filme combina imagens de arquivo, fotografias e recriações feitas com inteligência artificial para dar forma à memória da protagonista. Até uma gravação de áudio inédita de um primo guerrilheiro foi recuperada.
"A inteligência artificial veio em nosso socorro no momento mais oportuno. Os recursos eram limitados, e o desejo de nos envolver com essa nova ferramenta narrativa era tentador. Foi um dos primeiros documentários do mundo a utilizá-lo ? alguns o chamaram de "DocumentAI", explicou Torres.
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