Lystimäki (Swappie): "Usado não é mais um risco, mas a escolha mais inteligente."

TALLINN (Estônia) – Se você guarda um celular antigo em uma gaveta, saiba que não está sozinho: quase 8 em cada 10 italianos possuem mais de um. Independentemente de hábitos mais ou menos estabelecidos, dar uma segunda vida a celulares se tornou um negócio próspero. É o caso da Swappie, fundada em 2016 por Sami Marttinen após uma tentativa frustrada de comprar um smartphone usado em uma plataforma online. A empresa finlandesa de tecnologia opera de forma simples: compra dispositivos Apple de particulares e fornecedores, os reforma e os revende. O segredo está em um rigoroso processo de recondicionamento que transforma um iPhone antigo em um aparelho "quase novo". Essa fórmula conquistou mais de 2 milhões de clientes europeus até 2024 e gerou € 207 milhões em receita em 2023, evitando a emissão de mais de 123 mil toneladas de CO₂ — o equivalente ao plantio de 7 mil árvores em dez anos.
Um convite para visitar o centro de recondicionamento em Tallinn, na Estônia, permitiu-nos observar de perto um processo rigoroso, estruturado em 60 fases e apoiado por uma complexa cadeia de controles. Cerca de 350 funcionários trabalham aqui em uma linha capaz de processar até 5.000 telefones por dia, graças a uma combinação de automação avançada e conhecimento especializado. "Implementamos soluções para tornar tudo mais eficiente: automação avançada, recuperação de materiais e logística otimizada. O objetivo é reduzir o desperdício e maximizar a reutilização", explica o CEO Jussi Lystimäki.
A jornada pela "clínica" da Swappie começa ao vestir o colete amarelo fornecido aos visitantes. A linha de frente se assemelha a uma fábrica de verdade: dispositivos chegam do departamento de logística, vindos de pessoas físicas e jurídicas. Um braço robótico os insere em seus respectivos compartimentos, rejeitando dispositivos roubados ou suspeitos através da leitura do código IMEI. Os demais seguem para o diagnóstico automatizado: robôs testam a tela sensível ao toque, o visor e a câmera, enquanto a inteligência artificial realiza uma avaliação estética inicial, fornecendo informações úteis aos operadores humanos.
A inspeção de hardware determina se é necessário substituir componentes danificados ou desgastados — geralmente baterias com menos de 80% da capacidade. É aqui que entra em ação o trabalho manual de técnicos especializados, que desmontam e reparam os aparelhos, substituindo telas, baterias ou módulos de câmera. Não há automação: tudo exige precisão e cuidado, como em uma oficina artesanal de alta qualidade. Depois de "recondicionados", os telefones passam pelo exame final: uma avaliação estética feita por técnicos especializados que atribuem uma categoria de venda — aceitável, muito bom ou excelente — com base na presença de arranhões, marcas e outras imperfeições estéticas.

Em cada etapa, a Swappie rastreia cada produto com um identificador único, reconstruindo seu histórico e alimentando um banco de dados analisado por gerentes e sistemas de IA para otimizar cada passo e corrigir quaisquer problemas críticos. O objetivo é claro: construir um sistema sólido de confiança, oferecendo produtos recondicionados de qualidade a preços acessíveis. "Só assim os consumidores deixarão de ver os produtos usados como um risco e começarão a considerá-los a escolha mais inteligente", explica Lystimäk. Essa abordagem também consolidou a reputação da Swappie na Itália, agora um de seus principais mercados: "A Itália é um mercado notoriamente resistente à inovação. Estar entre os primeiros a entrar no mercado de recondicionados nos permitiu conquistar a confiança por meio de comunicação clara, garantias sólidas e soluções de pagamento flexíveis."
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