Putin quer negociar sem pré-condições a 15 de maio

Foi quase às duas da manhã em Moscovo — e meia-noite em Portugal continental — que Vladimir Putin decidiu responder à proposta de cessar-fogo apresentada por Kiev e pelos seus aliados ocidentais, contrapondo ao apelo deste sábado para a paralisação de 30 dias na guerra, um desafio à Ucrânia para negociações diretas sem condições pré-determinadas.
De acordo com a agência TASS, os jornalistas — incluindo de meios de comunicação estrangeiros, como a BBC, a CNN ou a NBC — foram convocados para uma inesperada declaração do Presidente da Rússia.
Putin invites Kiev to resume talks in Istanbul on may 15. pic.twitter.com/Ro56KlkPkf
— TASS (@tassagency_en) May 10, 2025
Numa declaração com poucos minutos, Vladimir Putin propôs conversações diretas com Kiev no dia 15 de maio, quinta-feira, em Istambul, na Turquia, com vista a uma “paz duradoura, de uma perspetiva histórica”, e que ponha fim ao que designou como as “causas profundas do conflito”.
“Não foi a Rússia que interrompeu as negociações em 2022. Foi Kiev. No entanto, estamos a propor que Kiev retome as negociações diretas sem quaisquer condições prévias”, afirmou o chefe de Estado russo, citado pela Reuters, em alusão às conversações fracassadas após a invasão russa em fevereiro de 2022. E continuou: “Oferecemos às autoridades de Kiev que retomem as negociações já na quinta-feira, em Istambul”.
Sem mencionar de forma direta a proposta de cessar-fogo ultimada este sábado em Kiev com os líderes de França, Alemanha, Reino Unido e Polónia, Putin admitiu um cenário de possível paralisação das hostilidades. “Não excluímos que, durante estas conversações, possamos chegar a acordo sobre um novo cessar-fogo”, referiu.
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“A nossa proposta, como se costuma dizer, está em cima da mesa, a decisão cabe agora às autoridades ucranianas e aos seus curadores, que se guiam, ao que parece, pelas suas ambições políticas pessoais e não pelos interesses dos seus povos”, acrescentou ainda Putin.
O Presidente russo anunciou também que planeia falar este domingo com o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdoğan, com vista a acolher as negociações com a Ucrânia.
Ao lado do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, o Presidente francês, Emmanuel Macron, os primeiros-ministros do Reino Unido e da Polónia, Keir Starmer e Donald Tusk, e o novo chanceler alemão, Friedrich Merz, avisaram que se a Rússia não aceitar a proposta de cessar-fogo de 30 dias — a ter início já nesta segunda-feira — será aprovado um novo pacote de sanções e que este já está preparado.
De acordo com os líderes europeus presentes este sábado em Kiev, as hipotéticas sanções vão incidir, sobretudo, nos setores energético e bancário russos.
O apoio de França, Alemanha, Reino Unido e Polónia a Zelensky contou ainda com uma chamada de cerca de 20 minutos para o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que já tinha apelado publicamente a um cessar-fogo de 30 dias. Contudo, desde a declaração conjunta sobre a proposta a Moscovo, Trump manteve o silêncio sobre o tema nas suas redes sociais.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da NATO vão reunir em Antalya, Turquia, numa reunião informal a 14 e 15 de maio. Este último dia foi o proposto por Vladimir Putin para as conversações “diretas” com Kiev na Turquia. Segundo a agência noticiosa turca Anadolu, o encontro de ministros servirá para preparar a cimeira de líderes da NATO marcada para 24 e 25 de junho em Haia, nos Países Baixos.
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