Robin dos Bosques, o Liberal

Crescemos a ouvir que Robin dos Bosques era um herói que “roubava aos ricos para dar aos pobres”. Uma espécie de justiceiro social da Idade Média, celebrado por quem defende que a riqueza se combate com redistribuição forçada.
Mas há um pequeno detalhe da história original que muitos convenientemente esquecem: Robin não roubava aos ricos. Roubava ao Xerife de Nottingham.
E quem era o xerife? O cobrador de impostos do Rei.
Ou seja, Robin dos Bosques não era um revolucionário comunista — era, se quisermos ser fiéis à narrativa, um liberal antes do seu tempo, que se opunha ao poder excessivo do Estado e à cobrança abusiva de impostos.
A floresta de Sherwood era habitada por gente pobre, sim, mas o problema deles não era a existência de ricos. Era o Estado que os oprimia com tributos desproporcionados. O Xerife de Nottingham recolhia impostos para alimentar um sistema distante, injusto e insaciável.
Robin reagia. Tomava aquilo que o Estado cobrava injustamente e devolvia a quem lho tinha sido retirado.
Ele não tirava a fortuna de um comerciante de sucesso para a dar a um camponês por simpatia ideológica. Corrigia um abuso.
É uma diferença subtil — mas fundamental.
Hoje, os novos “xerifes” já não andam a cavalo, mas sentam-se em gabinetes e gerem portais eletrónicos. Em vez de espadas, usam códigos fiscais.
Mas o efeito é, muitas vezes, o mesmo: o Estado continua a exigir demais a quem trabalha, produz e arrisca, e devolve cada vez menos sob a forma de serviços, justiça ou proteção.
E o mais curioso é ver certas forças políticas tentarem invocar Robin como símbolo da redistribuição estatal — quando ele passaria mais tempo a fugir do fisco do que a reunir-se com ministros.
Hoje, o poder já não se limita a cobrar. Decide também quanto se deve ganhar, quanto é aceitável poupar e até quanto se pode ambicionar.
Aumenta salários mínimos por decreto, mas castiga qualquer subida acima da média com mais taxas, contribuições e impostos.
Tudo em nome da “luta contra a desigualdade” — quando na verdade o que se promove é a igualdade pela escassez.
Não se trata de elevar os que têm menos, mas de baixar todos até que ninguém se destaque.
Uma floresta onde todos vivem com o mesmo… pouco.
Robin combatia um sistema que tirava aos muitos para alimentar poucos. Hoje, invertemos a lógica — mas mantemos o abuso.
O resultado é o mesmo: quem tenta prosperar, leva com o imposto.
O Xerife de Nottingham de hoje veste fato, assina despachos e acredita que sabe o que é justo para todos.
Mas o efeito é igual: quem trabalha é pressionado, quem investe é desincentivado, e quem tenta crescer é visto com desconfiança.
Se Robin aparecesse agora, talvez não usasse arco nem capa.
Mas continuaria a lembrar-nos disto: o combate à pobreza faz-se com liberdade, mérito e crescimento — não com decretos e nivelamento fiscal.
observador