Muito além da limonada

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(Rosemary Calvert/Getty Images)
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O vocabulário popular costuma associar o bom da vida ao que é doce. Um dos maiores injustiçados dessa concepção, penso eu, é um fruto muito antigo e cotidiano. Falo do limão. O limão surgiu na Ásia, em algum lugar entre o nordeste da Índia e o sul da China, onde seus ancestrais selvagens, como a cidra e a lima, já eram cultivados há mais de 2.000 anos. Esses antepassados amarelos e perfumados foram os primeiros a migrar da Pérsia para a Europa. Seus vestígios mais antigos no continente estavam no Foro Romano e datam do começo da Era Cristã. Sementes e pólen também foram achados em regiões onde houve casas ricas com jardins: sugerindo que era, de início, uma planta ornamental. O limão como o conhecemos hoje (um híbrido de cidra com lima ou laranja-azeda, não se sabe bem) demorou mais para se criar e espalhar. Viajou com as caravanas árabes para o Mediterrâneo e começou a ser cultivado apenas no século 15 na Itália. Ainda era principalmente ornamental, mas no Oriente já se sabia de suas propriedades médicas. Colombo o levou em suas naus para a América Espanhola e de lá ganhou nossas terras. Ao longo dessas viagens, cruzamentos com outros cítricos derivaram em diferentes subtipos. No Brasil, conhecemos descendentes do limão original – o galego e o siciliano, perfumados, de casca grossa amarela. Uma variedade até parece local, de tão bem adaptada – o limão-rosa (ou limão-cravo), adocicado. O mais comum, porém, é o limão-taiti ou limão-verde, de surgimento mais recente, na Califórnia do século 19. Tecnicamente, é uma lima, o que explica que em inglês se chame “lime” – “lemons” são amarelos. Apesar de tantas variantes, uma característica permaneceu quase unânime no imaginário popular: por seu azedume, o limão é associado à dificuldade. Em Portugal se diz: “Da laranja o que quiseres, da lima o que puderes, do limão o que tiveres”. Ou seja, dê-se por satisfeito se conseguir algo dessa fruta. Mais pragmáticos, os anglo-saxões a usam como metáfora de adversidades a vencer: “Se a vida lhe der limões, faça uma limonada”. Mas vale sublinhar: mesmo para eles, é preciso ter engenho (e açúcar) para fazer algo de bom com essa matéria-prima. No entanto, o sumo azedo guarda suas melhores qualidades. A mais conhecida é a vitamina C, o ácido ascórbico, tão importante para a saúde. Já o ácido cítrico dá ao limão um toque mágico: quebra as fibras de colágeno, amaciando as carnes. Agora, se ficar tempo demais, o resultado é o oposto, pois os ácidos acabam tirando água das células. É assim, aliás, que se “cozinha” o peixe cru nos ceviches. A acidez faz do limão uma espécie de “maestro”, orquestrando os demais sabores das comidas. Algumas culinárias sabem muito bem disso – no México, por exemplo, é muito usado em molhos e marinadas, e lá se espreme limão em tudo: frutas, tacos, sopas. Na Itália, combinado a poucos ingredientes, enche de contrastes risotos e massas. Em minhas receitas, exploro sua versatilidade. Ele potencializa o doce de receitas light, como cremes, pudins e tortas, e ressalta pratos salgados como um arroz basmati de inspiração indiana e pastéis saudáveis de queijo.

Como se vê, dá para ir bem além da limonada. Basta, em vez de contrariar a natureza do limão, valorizá-lo pelo que ele é, uma fonte rica de saúde e sabor.

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