Rafael Tonon: Fígado sofrido e queda de dentes: o lado nada romântico da crítica de vinho

No início de 2024, Pete Wells, então crítico de restaurantes do The New York Times desde 2012, fez um check-up médico e recebeu um diagnóstico alarmante: colesterol e glicemia altos, hipertensão, risco de pré-diabetes e fígado gorduroso.
Diante dos resultados, ele pediu ao jornal para deixar de ser crítico — embora continue como jornalista. Em sua carta de despedida do cargo, publicada no jornal, ele refletia sobre o custo físico e psicológico do ofício.
A vida de crítico gastronômico, vista de fora como um luxo (comer em grandes restaurantes viajar, ser servido), esconde uma rotina de excessos, de alguma culpa e adoecimento.
"Seu corpo muda com o tempo. Você ganha uma barriga enorme que quer ser preenchida. Todos aqueles sensores no cérebro que clamam por prazer estão em alerta máximo o tempo todo. Você se torna um viciado", escreveu.
Mas a função é tão glamourizada que, diz Wells, a primeira coisa que você aprende como crítico gastronômico é que ninguém quer ouvir você reclamar. "As pessoas acham que sair para jantar todas as noites com amigos soa como férias. E, de certo modo, é", ele diz. Mas tem uns custos altíssimos que ele sentiu no corpo.
Como disse Adam Platt, também crítico gastronômico em Nova York, "é provavelmente o trabalho menos saudável da América". "Tenho um batalhão de médicos me tratando de gota, hipertensão, colesterol alto e diabetes tipo 2", confessou.
uol

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