Toxicologista: retirada do TPO das tintas não é apelo ao pânico, mas ao bom senso

A proibição do uso de TPO (um ingrediente presente em esmaltes, entre outros produtos) foi implementada preventivamente, comenta o toxicologista Dr. Kamil Jurowski. Em sua opinião, as evidências científicas da real nocividade dessa substância ainda não são totalmente claras.
A partir de 1º de setembro, salões de beleza estão proibidos de usar produtos que contenham óxido de difenil-(2,4,6-trimetilbenzoil)fosfina (TPO). O composto é considerado um risco à saúde. Durante anos, atuou como fotoiniciador, ou endurecedor. Foi encontrado em esmaltes híbridos, géis para extensão e decoração de unhas e adesivos para pontas de unhas. A partir de 1º de setembro, é proibido introduzir no mercado novos produtos que contenham TPO, nem oferecer, vender ou usar produtos existentes comercialmente.
O toxicologista Dr. Kamil Jurowski, professor da Universidade de Rzeszów e do Instituto de Perícia Médica de Łódź, lembrou em um comentário para o PAP que já em outubro de 2023, a Comissão Europeia adotou um regulamento que classificou o TPO como uma substância suspeita de ter um efeito negativo na reprodução e como um sensibilizador da pele.
Questionado se a decisão de retirar o TPO deveria preocupar aqueles que manusearam a substância, o toxicologista respondeu: "Para pessoas que usam esmaltes TPO ocasionalmente, o risco é muito baixo. Para esteticistas que tiveram contato direto com um grande número de produtos ao longo dos anos, o risco pode ser maior, especialmente se luvas, máscaras ou ventilação adequada não forem utilizadas."
Ele explicou que o risco ocupacional pode ser aumentado porque a exposição em salões de beleza é frequente e multicomponente, e concentrações relativamente altas dos fotoiniciadores retirados foram encontradas na poeira dos salões. Isso, ele acredita, pode aumentar ainda mais o impacto no corpo, já que a substância pode ser ingerida acidentalmente do ar, por exemplo.
"Este não é um apelo ao pânico, mas sim ao bom senso e à conscientização. A conscientização é o primeiro passo para proteger a saúde", disse o professor Jurowski.
Em entrevista à PAP, o toxicologista comentou que, principalmente no ambiente industrial, surgiram dúvidas quanto aos fundamentos da decisão de retirada do TPO.
- Algumas entidades ressaltam que a avaliação de risco foi baseada principalmente em dados toxicológicos obtidos por via extracutânea (intraperitoneal ou oral), e não dérmica, que é o que efetivamente tratamos no caso de vernizes ou géis fotopolimerizáveis - observou o especialista.
Ele comparou isso a algo como avaliar o risco de inalar perfume com base nos resultados de sua injeção na corrente sanguínea — a mesma substância, mas uma situação biológica completamente diferente.
Críticos da decisão apontam que a exposição real do consumidor foi tratada de forma muito ampla e que os dados de estudos experimentais não refletem as condições cotidianas de uso, observou o toxicologista.
Em sua opinião, o TPO foi proibido com base no princípio da precaução — a crença de que prevenir é melhor do que remediar. Essa abordagem pressupõe que, mesmo que as evidências científicas ainda não sejam totalmente conclusivas, é necessário agir precocemente (antes que "o leite seja derramado") para evitar potenciais danos à saúde ou ao meio ambiente.
Para alguns, este é um exemplo de uma decisão regulatória sólida e preventiva que protege a saúde pública de riscos potenciais. Para outros, demonstra uma abordagem excessivamente cautelosa e conservadora, que pode não levar em conta totalmente as condições reais de exposição e impactar negativamente a inovação. "Independentemente da interpretação, o caso TPO demonstra o quão conservadoras as avaliações toxicológicas de risco à saúde podem, às vezes, ser", comentou o Professor Kamil Jurowski.
Em sua opinião, as decisões deveriam ter sido tomadas com base em critérios diferentes, levando em consideração a chamada avaliação toxicológica de risco à saúde de última geração. No entanto, como muitos dos dados para uma avaliação tão moderna estavam ausentes e dada a falta de outros meios para verificar a toxicidade do TPO, uma medida de precaução foi tomada, concluiu o toxicologista.
Ludwik Tomal (PAP)
lt/ zan/ lm/
A Fundação PAP permite a reimpressão gratuita de artigos do site Nauka w Polsce, desde que você nos notifique por e-mail uma vez por mês sobre o uso do site e cite a fonte do artigo. Em portais e sites, inclua o endereço vinculado: Fonte: naukawpolsce.pl, e em periódicos, inclua a anotação: Fonte: Site Nauka w Polsce - naukawpolsce.pl. Esta permissão não se aplica a informações na categoria "Mundo" ou a quaisquer fotografias ou vídeos.
naukawpolsce.pl