Josafat considerado culpado pelo feminicídio de Evangelina Alcalá em Saltillo

SALTILLO, Coah. (apro).- Josafat “N” foi considerado culpado pelo feminicídio e ocultação do cadáver de Evangelina Alcalá Valero em 2017, após um processo que durou mais de dois anos, desde sua prisão nos Estados Unidos, quando tentava entrar na Califórnia pela ponte internacional de Tijuana, de onde fugiu após os acontecimentos.
A sentença será anunciada na próxima segunda-feira, às 10h, no Centro de Justiça da capital de Coahuila, de acordo com a juíza Elisa Salinas López.
O jornal Proceso noticiou que o caso ficou atrasado por meses porque o acusado trocava constantemente de advogados, buscava um procedimento abreviado e até entrou com um pedido de liminar, e que o Poder Judiciário de Coahuila ocultou as audiências agendadas em diversas ocasiões.
Alondra, filha da falecida, afirmou que sempre souberam quem tirou a vida de sua mãe, mas as autoridades foram negligentes.
“As autoridades não foram competentes. Tiraram-me o que eu mais amava e pedimos a pena máxima”, disse ele.
Desde a última sexta-feira, quando o julgamento foi retomado, 14 pessoas prestaram depoimento e dois depoimentos de pessoas que já faleceram foram levados em consideração.
Na quarta-feira, durante a apresentação dos argumentos, a defesa tentou desconsiderar a investigação e afirmou que havia uma versão de um fazendeiro dedicado ao cuidado de cabras, que teria visto pessoas "de origem estrangeira" saindo da trilha perto de onde o corpo de Evangelina foi encontrado semienterrado.
No entanto, o Ministério Público, o advogado da vítima e a família dela apontaram que existem diversos fatores que refutam essa versão, pois foram analisados os registros de chamadas dos telefones do acusado e de Evangelina, e a geolocalização deles os coloca na área onde Josafat escondeu o corpo. Depoimentos indicaram que eles foram vistos saindo do ejido de Cuautla, que ele fechou seu estabelecimento comercial no dia dos fatos e que ameaçou ferir Evangelina e sua família caso ela terminasse o relacionamento, conforme ela confidenciou a uma amiga.
O indivíduo em questão possui um histórico de violência, visto que, em seu depoimento, uma de suas ex-companheiras relatou que ele também a agrediu e ameaçou sufocá-la e enterrá-la em uma cova que cavou perto de onde o corpo de Evangelina foi encontrado. Assim, o representante legal da falecida e sua família ressaltaram a força das evidências.
“É importante lembrar que por trás de cada prova, cada laudo pericial e cada depoimento apresentado neste julgamento, reside uma verdade dolorosa, porém inegável: Evangelina foi vítima de feminicídio pelas mãos de Josafat, que depois ocultou seu corpo com a intenção de apagar sua existência. Evangelina não pode mais falar, mas as provas falam por ela”, afirmou Ana Karen Lechuga, assessora do Instituto Federal de Defesa Pública.
Jackeline Campbell Dávila, que acompanhou a família durante todo o processo, destacou que, para estabelecer os crimes, havia provas e indícios que levaram à conclusão de sua responsabilidade.
“O relacionamento amoroso que Evangelina mantinha em um ambiente arriscado e isolado levou à conclusão desses dois crimes cometidos contra ela, que são feminicídio e ocultação de cadáver, também com dolo, e isso fez parte da sentença proferida hoje pelo juiz”, explicou ele.
Enquanto a audiência acontecia, do lado de fora das instalações do Centro de Justiça de Saltillo, foram colocadas silhuetas de mulheres com os nomes das pessoas assassinadas no país, além de uma faixa com a imagem de Evangelina e na qual se lia sua reivindicação por justiça.
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