'Vi alienígenas e demônios depois de fazer uma cirurgia nos olhos'

Uma mulher que desenvolveu problemas de visão após uma cirurgia começou a ter alucinações assustadoras com rostos alienígenas, demônios e animais. Alison Henthorne, de 59 anos, foi diagnosticada com síndrome de Charles Bonnet depois de passar por duas grandes cirurgias oculares para corrigir um descolamento de retina, que a deixou com pontos cegos significativos.

Logo após voltar para casa do hospital, ela começou a ter visões perturbadoras de rostos alienígenas, demônios e animais em sua rotina diária. Alison ficou profundamente assustada – apesar de saber que as alucinações não eram reais, ela se preocupava cada vez mais com a possibilidade de estar "enlouquecendo" – até que sua própria pesquisa revelou informações sobre a síndrome de Charles Bonnet.

Essa condição incomum não indica doença mental ou demência, mas ocorre quando o cérebro gera imagens para compensar a visão reduzida.

"Fiz uma cirurgia no olho e depois comecei a notar criaturas por toda parte", disse Alison, que mora em Bedfordshire. "Eu via criaturas estranhas com olhos roxos - e então via outra flutuando perto de mim."

"Eu acordava e via o que pareciam seres alienígenas vindo em minha direção na minha visão periférica, assim que abria os olhos. Certa noite, cheguei a ver algo que parecia uma nave espacial disparando raios laser no jardim."

"Não foi apenas bizarro - foi realmente assustador e me deixou muito ansioso. Eu andava por aí pensando que estava ficando louco porque estava vendo todas essas coisas por toda parte."

Apesar de saber que as imagens não eram reais, Alison estava com muito medo de compartilhar suas alucinações com amigos e familiares, temendo que a rotulassem como "louca".

Suas buscas online a levaram a artigos sobre esquizofrenia e demência, mas seus únicos sintomas eram as alucinações aterrorizantes. Em desespero, ela chegou a pedir a bênção de um padre para si mesma e para sua casa, na esperança de que isso pusesse fim às alucinações.

"Eu estava com tanto medo de contar para alguém", confessou ela. "Achei que estava ficando completamente louca. Cheguei a chamar um padre para benzer a casa e a mim mesma, porque estava apavorada."

Após meses lutando contra esses sintomas, Alison compareceu a uma consulta de acompanhamento, após atrasos devido a problemas no hospital. Enquanto tentava encontrar uma maneira de comunicar suas experiências aos profissionais médicos, a pesquisa de Alison a levou a uma instituição de caridade que visa conscientizar sobre a síndrome de Charles Bonnet, o que lhe trouxe alívio imediato.

"Pouco antes de voltar para o hospital, pesquisei doenças oculares no Google e apareceu a síndrome de Charles Bonnet", revelou ela. "Eu ainda não tinha certeza até consultar o especialista e mesmo assim fiquei com medo de contar para ele, caso ele pensasse que eu estava louca."

"Conversei com o consultor, que confirmou ser síndrome de Charles Bonnet, mas não me ofereceu nenhuma orientação ou algo do tipo. Felizmente, já voltei ao hospital e eles vão me encaminhar para um especialista em doenças oculares como essa."

Apesar da falta de cura, as alucinações de Alison diminuíram de intensidade nos últimos meses. Agora, ela está empenhada em conscientizar as pessoas sobre a doença e desmistificar alguns equívocos que cercam a síndrome.

"Toda a experiência foi absolutamente aterrorizante e extremamente prejudicial à minha saúde mental", confessou ela. "Não é uma questão de saúde mental, tem a ver com o cérebro; ele ainda acha que o olho pode ver."

"Durante todos esses anos eu conseguia enxergar e agora, de repente, não consigo mais. O cérebro está tentando enviar imagens para o olho, mas por algum motivo envia imagens estranhas que você não consegue controlar. É uma doença física com um sintoma físico, e não saber disso pode afetar muito a saúde mental das pessoas."

"Para mim, talvez pudesse ter sido diagnosticado mais cedo, mas talvez nem me tivesse ocorrido que tivesse algo a ver com os meus olhos. Quero alertar outras pessoas – não quero que ninguém sofra o que eu sofri."