Calor extremo ligado à ameaça de cortes na produção global de laticínios

O estresse térmico em breve reduzirá a produção de leite no planeta
Calor extremo pode levar a um declínio global na produção de laticínios, alertam cientistas. Um estudo israelense descobriu que a produção média diária de leite pode cair 4% até 2050, como resultado do aumento do estresse térmico.

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A produção de laticínios estará em risco devido ao aumento na frequência e intensidade das ondas de calor, segundo um estudo, relata o The Guardian.
Com base em dados de mais de 130.000 vacas ao longo de um período de 12 anos, os pesquisadores relatam que o calor extremo reduz a capacidade das vacas leiteiras de produzir leite em 10%.
Apenas uma hora de temperatura da câmara de umidade – uma medida que combina a temperatura do ar e a umidade – acima de 26 °C pode reduzir a produção diária de leite de uma vaca em 0,5%. A exposição a altas temperaturas também tem um impacto a longo prazo, com a produção de leite permanecendo abaixo dos níveis normais por até 10 dias após o primeiro dia quente.
Usando projeções de temperatura até 2050, os autores do relatório mostram que a produção média diária de leite pode cair 4% até meados do século, como resultado do aumento do estresse térmico. Os pesquisadores, das universidades de Jerusalém, Tel Aviv e Chicago, afirmaram que o declínio seria particularmente sentido pelos 150 milhões de lares que dependem da produção de leite em todo o mundo.
O impacto devastador do estresse térmico nas fazendas leiteiras será particularmente sentido no Sul da Ásia, que deverá ser responsável por mais da metade do crescimento global da produção de leite na próxima década. À medida que a queima de combustíveis fósseis continua a acelerar, a região está se tornando cada vez mais vulnerável ao calor escaldante, agravando ainda mais o impacto na produção de leite.
Cerca de um terço das emissões antropogênicas de metano vêm do gado, que, assim como o dióxido de carbono, acelera o aquecimento global, observa o The Guardian.
Os produtores já estão implementando estratégias de adaptação, principalmente em Israel, onde o estudo foi realizado, onde quase todas as fazendas utilizam alguma forma de tecnologia para reduzir o estresse térmico. Os métodos de adaptação incluem fornecer às vacas acesso à sombra e resfriar o gado diretamente por meio de ventilação ou aspersores.
No entanto, os pesquisadores descobriram que, em dias em que as temperaturas ultrapassaram 24°C, esses métodos de resfriamento só conseguiram reduzir o impacto do calor extremo na produção de laticínios em 40%, relata o The Guardian.
Claire Palandri, autora principal do estudo publicado na revista Science Advances, pediu aos formuladores de políticas que "investiguem mais estratégias não apenas para resfriar as vacas, mas também para reduzir fatores estressantes, como isolamento e separação de bezerros. Os fatores estressantes tornam as vacas mais sensíveis ao calor e menos resilientes".
mk.ru