PAN pede «compromisso suprapartidário» para combater a violência doméstica e proteger vítimas

Após uma visita ao Espaço Júlia, em Lisboa, de apoio a vítimas de violência doméstica, Inês de Sousa Real preconizou a criação de mais locais de acolhimento para as vítimas deste crime, frisando que, atualmente, «continuam a não sair de casa, precisamente porque não têm espaços que as permitam acolher».
A líder do PAN mostrou-se também preocupada com «a desinformação e a cultura de ódio que está a ser passada nas redes sociais» e a «dificuldade que isso traz para, nas novas gerações, não haver recuos no combate à violência e à desigualdade, em particular à desigualdade de género».
«Nós temos que trabalhar em conjunto, enquanto sociedade, com os vários atores, para que a sociedade crie outras referências (…) é por isso que hoje temos personalidades públicas que vieram dar voz a esta causa, porque a violência doméstica precisa de respostas e de um compromisso suprapartidário», defendeu Inês de Sousa Real, que se fez acompanhar nesta ação de campanha pelo rapper NBC e Vula Tsetsi, vice-presidente do Partido Verde Europeu (PVE).
Inês de Sousa Real pediu que a discussão deste tema não se transforme numa «batalha campal no parlamento em torno da ideologia», mas sim que se caminhe para um «compromisso nacional de todas e de todos para dar voz às vítimas» e combater os números deste tipo de crime em Portugal.
A líder do PAN defendeu, como possíveis medidas de combate à violência doméstica, o alargamento dos prazos de prescrição das queixas, bem como respostas além da legislação, como a aposta nas «políticas públicas de maior proximidade e apoio à vítima».
Questionada sobre se tem faltado vontade política no parlamento para responder a estas vítimas, Sousa Real lamentou que o debate esteja «capturado, sobretudo, pela extrema-direita», com foco em propostas como a castração química, no lugar de «um debate sério sobre os mecanismo e respostas públicas» necessárias.
«É com bastante estupefação que vimos o governo ir atrás da agenda da extrema-direita e eliminar o guia «O direito a ser» das escolas. Porque não nos podemos esquecer que o apoio às vítimas também passa, por exemplo, pelo ataque às pessoas LGBTQIA+, em particular aos jovens e, por isso mesmo, há um grande caminho que temos ainda a fazer», frisou.
No âmbito do Dia da Europa, Sousa Real afirmou também que o debate europeu está atualmente «muito polarizado» em torno de temas como a Defesa ou a soberania energética, apelando a que não se deixe para trás a defesa dos direitos sociais e da transição verde.
Também a grega Vula Tsetsi, vice-presidente dos Verdes Europeus adiantou aos jornalistas que, embora Portugal tenha sido o primeiro país a ratificar a Convenção de Istambul – um tratado internacional para a prevenção do combate à violência contra as mulheres e à violência doméstico -, ainda há bastante casos de violência doméstica no país.
O rapper NBC justificou a sua participação nesta ação de campanha com a solidariedade pelas vítimas de violência, acrescentando que todos têm «pessoas próximas que sofrem de violência» e revelando ainda que já ajudou algumas dessas vítimas «a ir ao [Espaço] Júlia e a outros lugares» em busca de apoio.
«A Inês [de Sousa Real] convidou-me e eu vou estar presente sempre, porque eu quero que os meus filhos, a minha mãe e as minhas irmãs, saibam que eu quero melhorar a minha pessoa, sabendo que em qualquer situação que aconteça eu estarei pronto para dizer não», acrescentou.
Barlavento