China quer “rasgar o Brasil” com megaprojeto ferroviário, diz Tebet

A ministra Simone Tebet, do Planejamento e Orçamento, afirmou que a China pretende investir pesadamente em infraestrutura ferroviária no Brasil nos próximos anos. Segundo ela, o presidente chinês Xi Jinping já manifestou interesse direto no plano para “rasgar o Brasil” com ferrovias.
Tebet é uma das principais articuladoras do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas negociações com o governo chinês, e está na comitiva presidencial que viaja à China neste final de semana.
“á estamos tratando disso com a China desde o primeiro mês do governo Lula. Na primeira reunião com o presidente Xi Jinping, percebi que eles estão muito interessados na questão das ferrovias. Eles querem rasgar o Brasil com ferrovias. Não existe dinheiro público suficiente para fazer isso, é muito caro”, disse a ministra em entrevista à Carta Capital na última sexta (9).
Durante a visita oficial a Pequim, Simone Tebet discutirá o avanço de cinco rotas estratégicas que integram o projeto de corredores logísticos sul-americanos. Essas rotas devem facilitar o transporte terrestre entre o Brasil e portos do Pacífico, acelerando o envio de produtos nacionais para a Ásia e reduzindo a dependência dos portos do Atlântico.
Entre os projetos, disse, um dos mais ambiciosos prevê a criação de uma rota ferroviária ligando o porto de Chancay, no Peru, à costa da Bahia. O terminal peruano recebeu cerca de US$ 3,5 bilhões em investimentos, com protagonismo da estatal chinesa Cosco Shipping.
“A ideia é fazer um traçado por baixo, pegando a região do Acre, descendo, podendo passar por Tocantins e chegar até a Bahia”, explicou a ministra.
Outra proposta em discussão envolve a construção de um corredor bioceânico, interligando o Atlântico ao Pacífico, passando por países como Paraguai e Argentina. Esse eixo pode servir como rota complementar para a exportação de grãos, minérios e outros produtos brasileiros.
“Será algo extraordinário, no sentido de desenvolvimento econômico para o interior do Brasil, para as regiões mais pobres”, destacou Tebet.
Ela ainda pontuou que deve voltar da viagem com “boas notícias” na bagagem para o setor de infraestrutura, principalmente de investimentos estrangeiros. “Se não tivermos fundos internacionais ou a participação da China, vamos continuar com essa dívida histórica com o nosso país”, completou.
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