Banco Central tenta prevenir estresse cambial com venda de dólar à vista e compra futura; entenda

O Banco Central (BC) anunciou uma intervenção cambial dupla para a próxima quarta-feira, 25, com o objetivo de prevenir um estresse no mercado de câmbio. O BC realizará um leilão de venda de US$ 1 bilhão no mercado à vista (segmento spot, ou seja, de transações imediatas de compra ou venda). Simultaneamente, ofertará 20 mil contratos de swap cambial reverso (equivalente a US$ 1 bilhão), o que, na prática, corresponde à compra de dólar futuro.
O cupom cambial (termo que se refere ao ganho que um investidor obtém ao converter e investir dinheiro em outra moeda) tem papel relevante no mercado brasileiro e está diretamente relacionado ao diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos. Em termos simples, pode ser definido como a diferença entre a taxa de juros em reais e a variação cambial esperada, sendo calculado com base na relação entre o preço do dólar futuro e o dólar à vista.
"O cupom cambial de curto prazo reflete o custo de manter uma posição cambial de curto prazo. Ele tende a subir quando o mercado passa a precificar maior risco-país", explica o diretor de Investimentos da Azimut Wealth Management, Leonardo Monoli.
Monoli observa que o cupom cambial de curto prazo vinha dando sinais de estresse nos últimos dias, o que pode ter motivado a atuação do BC no mercado cambial doméstico.
Segundo ele, essa combinação de leilões tem a finalidade de trocar reservas internacionais (dólar à vista) por contratos de swap (usados para gerenciar riscos financeiros, como a exposição a flutuações de cotações), reduzindo simultaneamente os estoques de reservas e de swaps. Com isso, o impacto recai sobre o cupom cambial, sem afetar diretamente o nível do dólar frente ao real. Também não há mudança no nível de reserva líquida (a quantidade de dólares disponíveis).
"O cupom veio abrindo, mas até agora nada muito significativo. Pode ter ocorrido alguma saída maior de recursos pelo mercado, ou mesmo existir saídas já mapeadas pelo BC para os próximos dias", afirma. "O fim de semestre sempre traz certa pressão. O que chama atenção é a rapidez com que o BC decidiu intervir."
Ele destaca que um mercado de cupom cambial mais funcional favorece operações de carry trade — estratégia em que investidores captam recursos em países de juros baixos para aplicar em mercados com juros mais altos.
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