Tecnologia e ancestralidade se unem em exposição que reconstrói rostos de africanos libertos por Luiz Gama

Resumo Exposição no Arquivo Público de São Paulo recria, com inteligência artificial, os rostos de 120 africanos libertos por Luiz Gama, resgatando suas histórias e promovendo um novo olhar sobre a luta abolicionista.
A luta abolicionista de Luiz Gama ganha nova dimensão com a exposição “Eu, amanuense que escrevi...”, que estreia em 16 de maio no Arquivo Público do Estado de São Paulo. A mostra utiliza inteligência artificial para reconstruir os rostos de 120 africanos libertos por Gama entre os anos de 1862 e 1866, pessoas que tiveram suas existências registradas por ele em manuscritos históricos e que, agora, são retratadas como se tivessem tido acesso ao direito de existir oficialmente.

A partir das descrições físicas presentes nos documentos originais, a tecnologia gerou imagens que lembram retratos 3x4. Cada rosto reconstruído aparece acompanhado de uma cédula de identidade fictícia, com dados atualizados. É como se aquelas pessoas, muitas vezes apagadas dos registros oficiais, pudessem hoje portar um RG. A visitação é gratuita e acontece no Arquivo Público do Estado de São Paulo, no bairro de Santana, zona norte da capital.
A iniciativa é assinada por Diego Rimaos e faz parte do acervo “Presença Negra no Arquivo: Luiz Gama, articulador da liberdade (1830–1882)”, que foi reconhecido recentemente como Patrimônio Documental da América Latina e do Caribe pela Unesco.
O conjunto reúne nove periódicos sobre a atuação do abolicionista, entre os quais o livro Matrículas de Africanos Emancipados, de 1864, que contém registros manuscritos de Gama. A abertura contará com uma roda de conversa com especialistas e representantes do movimento negro, como Bruno Lima, Ednusa Ribeiro (Arquivo do Estado e Meninas Mahin) e Ligia Ferreira (Fundação Bienal de São Paulo e Unifesp).
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