Kengo Kuma assina projeto turístico na Lousã

Depois da intervenção no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, da requalificação e conversão do antigo Matadouro do Porto, e da conceção do Pavilhão de Portugal na ExpoOsaka2025, Kengo Kuma assina mais um grande projeto em Portugal. O arquiteto japonês está a trabalhar num projeto de turismo da empresa Silveira Tech para recuperar três aldeias abandonadas na serra da Lousã e ali instalar empreendimentos turísticos. A informação é avançada pelo Expresso.
Segundo o mesmo jornal, a Silveira Tech, cujos responsáveis estão associados ao renascer de Cerdeira, uma aldeia de xisto na mesma zona, pretende regenerar 97 hectares de terreno “no coração da Serra da Lousã” com “230 hectares a mais longo prazo” e recuperar as três aldeias abandonadas: Silveira de Baixo, Silveira de Cima e Pé da Lomba.
Para a aldeia Silveira de Baixo está previsto um empreendimento turístico desenhado por Kengo Kuma, com um aldeamento equipado com 25 unidades de alojamento e um hotel rural de três estrelas com 24 quartos, adianta o promotor. No caso de Silveira de Cima, vai receber um empreendimento de turismo de aldeia com cinco casas de campo. Por fim, a aldeia de Pé da Lomba vai transformar-se num Centro de Desenvolvimento Pessoal com duas casas de campo.
Kengo Kuma diz que a base do projeto passará por “tentar criar ali um novo estilo de vida num ambiente tradicional”. Em declarações ao Expresso sobre potenciais utilizadores destas aldeias, José Serra, cofundador da Silveira Tech, menciona empreendedores, nómadas digitais, cientistas e investigadores.
É o primeiro vislumbre sobre o projeto da Silveira Tech para esta região. Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS-PP apresentou uma moção em Assembleia Municipal em que chamava a atenção para o aparecimento da empresa que estaria a “adquirir uma vasta zona da Serra da Lousã”, concentrada na zona da Silveira, “desconhecendo-se a área total já adquirida”, escrevia o Notícias de Coimbra.
Aprovada a moção, a empresa Silveira Tech avançou com uma providência cautelar para impedir o acesso a documentos do projeto aos membros da Assembleia Municipal. Em setembro de 2024, quase um ano depois, o Tribunal Administrativo de Coimbra julgou como improcedente.
Confrontado pela agência Lusa, o co-fundador da Silveira Tech, Manuel Vilhena, justificava que os documentos que estavam então apenas na posse do município tinham “os segredos do negócio, o investimento, pessoas a contratar, dados pessoais e informações” com que a empresa não se sentia “à vontade para que fossem disponibilizados à Assembleia Municipal”. “Este é um meio pequeno e há muitos interesses imobiliários na mesma zona. Na altura, ainda estávamos a comprar algumas propriedades e não queríamos que saísse para a vila a informação sobre a extensão total do projeto”, dizia. Segundo o responsável, a empresa temia perder “uma boa posição negocial” na compra de terrenos.
Ler maisobservador