Politécnicos atribuem decréscimo de colocados no Ensino Superior ao novo modelo de acesso

Os números da 1º fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES) mostram uma esperada redução de colocações, face àquilo que são as regras do novo modelo de acesso e que ditaram um decréscimo de inscritos no CNAES.
Foram cerca de 14 mil alunos a privilegiarem o subsistema politécnico para a sua formação académica, o que representa uma redução significativa face ao ano transato. A taxa de colocação cifrou-se em cerca de 63 por cento.
Maria José Fernandes, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), lembra que já em 2023 os politécnicos tinham este cenário como muito provável. “Alertámos a tutela de que ao exigir mais provas de acesso e aumentando o peso das provas específicas, ao mesmo tempo que reduz todo o histórico do secundário, estávamos a criar barreiras a um conjunto significativo de alunos, sobretudo os oriundos de estratos mais desfavorecidos, cujas famílias não podem pagar a preparação para os exames”.
Face a este panorama, Maria José Fernandes defende que o modelo seja alterado já no próximo ano letivo, para evitar que esta tendência se prolongue, com consequências muito negativas para alunos e respetivas famílias que vêm cair o sonho legítimo de frequentar o Ensino Superior”.
A situação é particularmente grave nas instituições de ensino superior localizadas no Interior do País, onde a queda do número de alunos coloca em causa a sustentabilidade de algumas áreas de formação. “Estamos perante uma litoralização do Ensino Superior, que além de acentuar as assimetrias regionais, coloca em causa a coesão territorial e o legitimo acesso de todos os jovens ao ensino superior”, sustenta.
As dificuldades com os custos de alojamento e a quebra demográfica são outras causas que impactam na atual situação, “mas não são os principais fatores para o cenário deste ano, uma vez que as regiões de maior pressão demográfica são aquelas onde os impactos foram menores. Estes resultados prendem-se, quase em exclusivo, com o novo modelo de acesso”, defende a presidente do CCISP, lembrando que o número de alunos a frequentar o 12º ano não se alterou significativamente em relação a anos anteriores.
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo regional e de proximidade. O acesso à maioria das notícias da VTM (ainda) é livre, mas não é gratuito, o jornalismo custa dinheiro e exige investimento. Esta contribuição é uma forma de apoiar de forma direta A Voz de Trás-os-Montes e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente e de proximidade, mas não só. É continuar a informar apesar de todas as contingências, nunca paramos um único dia.
avozdetrasosmontes