O Tribunal Constitucional se recusa a dar uma resposta rápida ao retorno de Puigdemont.

O roteiro do Tribunal Constitucional para resolver todas as pontas soltas relevantes em relação à anistia mudou nos últimos meses, após o atraso da Suprema Corte e a decisão inesperada do líder pró-independência Carles Puigdemont de recusar o mandato de três de seus juízes. Esses acontecimentos atrasam o plano delineado pelo presidente Cándido Conde-Pumpido para responder ao retorno do ex-presidente do governo catalão.
Fontes do tribunal explicam que a sessão plenária de hoje rejeitará todas as contestações levantadas pelo presidente da Junts e pelo ex-ministro Toni Comin, deixando a admissão dos recursos de proteção contra a decisão da Suprema Corte de não aplicar a isenção criminal a eles para a próxima sessão plenária em 7 de outubro.
O órgão de garantia adia a admissão do recurso do ex-presidente catalão para outubro.No debate sobre a Lei de Anistia, o conservador José María Macías e o progressista Juan Carlos Campo foram excluídos por terem se posicionado sobre o assunto, o primeiro como membro do Conselho Geral da Magistratura e o segundo como Ministro da Justiça. No entanto, uma vez declarada a constitucionalidade da lei, os recursos subsequentes limitam-se à aplicação da decisão e, portanto, os fundamentos para a recusa desaparecem, segundo essas fontes. Isso significa que haverá sete juízes progressistas contra cinco juízes conservadores analisando os recursos de amparo.
Essas contestações atrasaram em um mês a decisão do Tribunal Constitucional, que já estava tramitando mais lentamente do que o esperado. Essa medida surpreendeu até mesmo o tribunal, pois a consequência direta é que atrasa o andamento do processo. No entanto, fontes jurídicas explicam que essas contestações fazem parte da estratégia futura de Puigdemont perante o Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
O novo cronograma não é animador para o retorno do ex-presidente da Catalunha à Espanha, agora anistiado. A ideia de um retorno no outono parece cada vez mais distante, o que prejudica diretamente as negociações entre Junts e o governo. Para começar, a Suprema Corte só se pronunciou sobre todos os recursos relativos à anistia no final de junho, impedindo Puigdemont de recorrer ao Tribunal Constitucional. O tribunal esperava que, até então, o recurso de proteção já tivesse sido interposto e que pudesse começar a analisá-lo assim que a primeira decisão declarando a anistia constitucional fosse proferida em junho.
Fontes do órgão sustentam que foi decidido não analisar os recursos dos condenados pelo processo de independência —liderados pelo presidente do partido ERC, Oriol Junqueras, que já haviam sido apresentados anteriormente— e aguardar os recursos de Puigdemont, Comin e Puig, os três líderes do processo de independência que ainda não foram julgados após fugirem da Espanha após a declaração unilateral de independência em 27 de outubro de 2017.
Essas fontes explicam que a ideia é fornecer uma resposta unificada, já que o objetivo é semelhante. O Supremo Tribunal não lhes concede anistia porque considera que o crime de peculato pelo qual foram condenados ou processados não é elegível para anistia, uma vez que usaram fundos públicos em benefício próprio para organizar o referendo de 1º de outubro. O Tribunal Constitucional declarou a anistia constitucional, mas agora deve avaliar se a exceção prevista na lei quanto à inaplicabilidade da regra do esquecimento em caso de enriquecimento ilícito é o que ocorreu neste caso. Além disso, o Tribunal Constitucional está monitorando de perto o parecer do Advogado-Geral do Tribunal de Justiça da União Europeia sobre as duas questões preliminares levantadas em relação à anistia. Além disso, o tribunal ainda aguarda uma decisão sobre todos os recursos constitucionais interpostos pelas comunidades autônomas e a contestação constitucional levantada pelo Supremo Tribunal.
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