Tecnologia, mercados e lavagem de dinheiro: os desafios do novo chefe da CNBV

A mudança de presidente da Comissão Nacional de Bancos e Valores Mobiliários (CNBV) ocorre em um momento em que o sistema financeiro mexicano enfrenta momentos turbulentos. O mais recente: acusações de suposta lavagem de dinheiro pelo Departamento do Tesouro dos EUA contra o CIBanco, o Intercam Banco e a Vector Casa de Bolsa (que levaram à intervenção temporária imediata do regulador) e que hoje, dois meses depois, deixam as três instituições em suspense.
Na noite de sexta-feira, foi anunciado que Ángel Cabrera Mendoza assumirá a presidência da CNBV a partir de 1º de setembro, substituindo Jesús de la Fuente, que deixará o cargo após quase quatro anos à frente do órgão regulador.
Em seu comunicado, o Ministério da Fazenda e Crédito Público (SHCP) destacou a sólida trajetória de Cabrera Mendoza na administração pública federal, especificamente em assuntos regulatórios do setor financeiro, tendo ocupado cargos de alto nível como na Unidade Bancária, de Valores e Poupança, na Subprocuradoria-Geral da República da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e na Subsecretaria de Despesas.
A agência enfatizou que seu histórico e experiência em questões financeiras e regulatórias fornecem suporte para o cumprimento dos poderes conferidos à comissão por lei, especialmente no que diz respeito à emissão de regulamentos e monitoramento do cumprimento das disposições aplicáveis, bem como à supervisão e operação do sistema financeiro.
Nesse sentido, ele enfatizou que o novo presidente da CNBV assumirá a responsabilidade de ajudar a manter um sistema financeiro sólido, moderno e inclusivo, capaz de atender às necessidades dos usuários e responder aos desafios impostos pela inovação tecnológica, pela transformação do mercado, pela fiscalização do combate à lavagem de dinheiro e pela importância de preservar a confiança pública nas instituições.
Momento chaveEmbora o setor financeiro mexicano seja um dos mais robustos, cumprindo algumas das regulamentações mais rigorosas em nível local e global, impulsionado por suas autoridades, incluindo a CNBV, ele atualmente enfrenta tempos difíceis que o colocaram no "olho do furacão", e é justamente isso que o novo chefe da comissão enfrentará.
Em 25 de junho, o Tesouro dos EUA acusou o CIBanco, o Intercam Banco e a Vector Casa de Bolsa de terem possibilitado operações de lavagem de dinheiro relacionadas ao tráfico de fentanil.
Isso levou à intervenção temporária imediata das três instituições pela CNBV, e hoje, quase dois meses após as acusações, elas enfrentam uma situação complicada que as levou (pelo menos os dois bancos) a vender uma parcela significativa de seus negócios.
Esta situação ocorreu apesar da regulamentação rigorosa do setor financeiro, especialmente do setor bancário, resultante das medidas estabelecidas pelo regulador.
A questão dos sofiposAs empresas financeiras populares (sofipos) são outro dos vários setores supervisionados e regulamentados pela CNBV.
No entanto, este segmento tem estado sob escrutínio nos últimos anos devido a casos como a fraude da Ficrea, que já dura mais de uma década, e mais recentemente a situação com a CAME, entidade que encerrou abruptamente as suas operações, obrigando à intervenção das autoridades.
Em ambos os casos, os poupadores dessas entidades foram afetados.
Isso levantou a questão de se a regulamentação do setor é adequada.
Neobancos e fintechAcompanhando o surgimento e o crescimento das empresas de tecnologia financeira no país, o trabalho da CNBV tem se intensificado.
Hoje, por exemplo, algumas licenças bancárias estão pendentes para players de tecnologia que as solicitaram (como Mercado Pago e Finsus); e a autorização para começar a operar como bancos para outras entidades, como a Nu México (que já obteve uma licença), está pendente.
Além disso, apesar de o México ser pioneiro em ter uma lei Fintech , impulsionado por autoridades financeiras e outros players, desde 2018 parece que o marco regulatório para este setor estagnou, e desde então está pendente uma regulamentação secundária para este segmento, que, apesar de ter desacelerado seu dinamismo, continua crescendo.
Falta de pessoal?Assim, surge a questão de saber se o atual quadro de funcionários da CNBV é suficiente para todo o trabalho regulatório e de supervisão que ela realiza em entidades de diferentes setores, como bancos, corretoras, cooperativas de poupança e empréstimo (SOFIPOS), cooperativas de poupança e empréstimo (SOCAPS), sociedades financeiras multifuncionais (SOFOMES), depósitos gerais, instituições de tecnologia financeira e depósitos gerais, entre outros.
O que você está fazendo?A CNBV é um órgão descentralizado do SHCP (Ministério da Fazenda e Crédito Público), com poderes para autorizar, regular, supervisionar e sancionar os diversos setores e entidades que compõem o sistema financeiro mexicano, bem como as pessoas físicas e jurídicas que realizam atividades previstas nas leis relativas ao sistema financeiro.
Além da presidência, ele tem 10 vice-presidências e outras áreas que o apoiam.
Eleconomista