Mieloma múltiplo, uma doença catastrófica que exige investimentos em tratamentos inovadores que aumentem a sobrevivência.

O mieloma múltiplo , um tipo de câncer no sangue que afeta as células plasmáticas da medula óssea, representa uma doença catastrófica que exige a colaboração dos sistemas de saúde públicos e privados, bem como de governos, seguradoras e indústria farmacêutica para facilitar o acesso a terapias inovadoras que ajudem a aumentar as taxas de sobrevivência, de acordo com especialistas médicos e representantes de organizações civis.
“Os custos do mieloma múltiplo podem ser catastróficos. Mas, além de considerar o custo dos medicamentos, precisamos valorizar o benefício que estamos trazendo ao paciente, permitindo que ele retome suas vidas, volte ao trabalho, se reintegre à sociedade e permaneça produtivo”, disse Alín Ramírez Alvarado, médico assistente e chefe da Clínica de Mieloma Múltiplo do Centro México Nacional La Raza.
No México, uma média de 31 casos de mieloma múltiplo são tratados por dia, segundo dados do Instituto Mexicano de Previdência Social (IMSS). Só em 2022, foram registrados 2.346 novos casos e 1.507 mortes.
Esta doença afeta principalmente os homens , de acordo com a Globocan, uma plataforma internacional de dados e estatísticas sobre câncer.
Alín Ramírez acrescentou que a instituição que ele representa está focada em melhorar os resultados dos pacientes e dar a eles esperança de uma vida mais longa e de como podem se reintegrar à sociedade, em vez de se preocupar com o custo total do tratamento.
"E acredito que, a partir daí, estamos mudando radicalmente o acesso às terapias", acrescentou a hematologista após sua participação na "Oficina Educacional sobre Mieloma Múltiplo", organizada pela farmacêutica Pfizer.
María Victoria Mateos, chefe da Unidade de Mieloma do Hospital Universitário de Salamanca, na Espanha, comentou que o acesso a terapias inovadoras depende em grande parte de acordos entre empresas farmacêuticas e governos, que variam de país para país.
Um desafio para países como o México é garantir acesso universal à inovação, independentemente da situação econômica ou da localização geográfica dos pacientes, comentou ele no mesmo evento.
Ele enfatizou que os Estados Unidos lideram na aprovação de medicamentos graças a regulamentações mais flexíveis. Já na América Latina, especialmente no México, os tratamentos costumam chegar atrasados.
Por isso, ele considerou a importância de integrar hematologistas, grupos de trabalho e empresas farmacêuticas para trazer ensaios clínicos ao país, pois isso ajudará os pacientes a terem acesso mais rápido a terapias inovadoras.
Por sua vez, Paulina Rosales, diretora da Unidos Pró Transplante de Medula Óssea Francisco Casares Cortina , enfatizou que a realidade das pessoas com seguro de saúde é muito diferente daquelas que recebem tratamento em instituições sem seguridade social.
Ele explicou que, para o governo federal, é melhor investir em medicamentos que permitam que os pacientes retornem à vida produtiva mais rapidamente, em vez de mantê-los em vários tratamentos sem recuperação.
Barreiras ao acesso a tratamentos inovadoresOs especialistas concordam que, embora tenha havido avanços nos tratamentos, os pacientes com mieloma múltiplo ainda enfrentam algumas barreiras , como o diagnóstico tardio, pois pode levar mais de 12 meses para serem diagnosticados e receberem tratamento.
Além disso, eles podem ser tratados por quatro a sete especialistas antes de serem encaminhados a um hematologista. Isso significa que frequentemente apresentam sintomas graves, incluindo danos renais ou fraturas que podem deixá-los imóveis.
Outras barreiras incluem a falta de educação médica e pública sobre a doença, bem como acesso desigual a tratamentos inovadores, altos custos diretos e um impacto significativo nas famílias e na sociedade.
Nesse sentido, Alín Ramírez destacou que o paradigma de tratamento para pacientes com mieloma múltiplo mudou radicalmente nos últimos anos.
"De dançar com o mais feio, passamos a dançar com o tratamento que nos dá o melhor prognóstico", acrescentou.
Ele explicou que tratamentos como imunoterapia e células CAR-T aumentaram as taxas de sobrevivência dos pacientes, por isso é fundamental garantir o acesso a esses tratamentos e avançar com essas inovações.
Embora ele tenha reconhecido que o México fez progressos na aprovação de medicamentos eficazes e cientificamente respaldados por agências reguladoras, o desafio do acesso oportuno e equitativo permanece.
"Como médicos, precisamos demonstrar que os pacientes precisam apresentar seus dados às instituições públicas, mas também às privadas, porque os planos de saúde às vezes demoram muito para aprovar medicamentos. O segundo passo é garantir o acesso para todos", disse o especialista do Centro Nacional La Raza do México.
"Pode parecer um slogan", acrescentou, "mas nenhum paciente no México deve ficar de fora de terapias inovadoras". Por isso, ele acreditava que todos os esforços deveriam ser direcionados à cura desta doença.
O Dr. Mateos ofereceu uma mensagem de esperança aos pacientes, enfatizando que o mieloma múltiplo é uma doença cuja evolução está mudando.
"Nosso compromisso como hematologistas é oferecer a eles a maior sobrevida possível", enfatizou, e com tratamentos inovadores isso é possível.
Por fim, Paulina Rosales considerou que estamos em um momento crítico porque o México busca evoluir no setor da saúde e está dando um foco significativo à atenção primária.
Portanto, se essa questão for colocada em pauta, é possível tornar medicamentos inovadores acessíveis aos pacientes.
O mieloma múltiplo é um câncer do sangue que afeta as células plasmáticas, responsáveis pela produção de anticorpos. Embora a causa exata seja desconhecida, os fatores de risco incluem ter familiares com a doença, ter mais de 60 anos, ser obeso e ser do sexo masculino.
Nos estágios iniciais, pode não haver sintomas, mas, com o tempo, causa anemia, infecções, danos nos rins, altos níveis de cálcio no sangue, dor óssea (principalmente na coluna, no peito e nos quadris), além de náusea, constipação, perda de apetite e peso, confusão, fadiga, fraqueza, sede excessiva e micção frequente.
Eleconomista