EUA propõem imposto de 5% sobre remessas: mexicanos seriam os mais afetados.

O Partido Republicano na Câmara dos Representantes dos EUA apresentará uma proposta nesta terça-feira para impor um imposto de 5% sobre remessas enviadas dos Estados Unidos para outros países, incluindo o México, um dos maiores destinatários do mundo. Segundo a mídia americana, a proposta será incluída em um pacote tributário mais amplo a ser discutido na sessão legislativa.
Embora esta não seja a primeira vez que um imposto sobre remessas é proposto, esta nova iniciativa reacende preocupações sobre seu impacto em milhões de famílias mexicanas. Em dezembro de 2024, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, sugeriu um imposto de 10% para financiar a segurança da fronteira, enquanto um imposto de 6% foi considerado anteriormente para o mesmo propósito durante o governo Donald Trump.
Impacto direto nas famílias mexicanas
Somente em abril de 2025, os trabalhadores mexicanos enviaram US$ 5,15 bilhões para suas famílias, com uma transferência média de US$ 383 por transação, de acordo com dados do Banco do México. Nos primeiros quatro meses do ano, os embarques totalizaram US$ 14,269 bilhões, um aumento de apenas 1,3% em relação ao mesmo período de 2024, indicando uma desaceleração no crescimento.
Gabriela Siller, diretora de análise econômica e financeira do Banco Base, alertou que, se o imposto for aprovado, poderá haver um aumento temporário nas remessas, à medida que os cidadãos tentam se antecipar à nova cobrança. No entanto, espera-se um declínio significativo nas remessas a longo prazo, estimado em cerca de US$ 3,2 bilhões anualmente.
Uma acusação que já tem um histórico
A experiência mais próxima desse tipo de imposto ocorreu em Oklahoma, desde 2009, onde um imposto de 1% é cobrado sobre cada US$ 500 enviados. No entanto, esse estado foi responsável por apenas 0,8% do total de remessas para o México no primeiro trimestre de 2025, com US$ 112 milhões, muito abaixo dos US$ 4,4 bilhões enviados pela Califórnia.
De acordo com uma análise do Cato Institute conduzida durante o governo Trump, um imposto sobre remessas só seria viável se o fluxo de remessas permanecesse constante por três ou quatro anos. Caso contrário, as pessoas podem recorrer a métodos informais para enviar dinheiro para suas famílias, evitando assim a carga tributária.
Remessas, vitais para a economia mexicana
O México foi o segundo maior destinatário de remessas em 2023, atrás apenas da Índia, com um total de US$ 64,745 bilhões, o equivalente a 3,2% do PIB do país, segundo o Banco Mundial. 98,8% dessas transações foram feitas por meio de transferências eletrônicas.
No entanto, especialistas do Centro de Estudos Monetários Latino-Americanos (CEMLA) já haviam projetado um possível declínio nos fluxos de remessas até 2025 devido ao endurecimento das políticas de imigração. Se essa previsão for cumprida, quebrará uma sequência de 11 anos consecutivos de crescimento iniciada em 2014.
A discussão sobre o imposto ocorre em um contexto econômico complexo, com sinais de desaceleração da economia americana no atual governo Trump, o que já começa a afetar o dinamismo dos embarques.
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