Nojos e cores: miudezas, o mais impopular dos pratos populares

Como explicar que nos mataríamos por um prato, mas os outros nos repelem? Muitas vezes nos perguntamos isso, vendo um amigo devorar um carpaccio de carne ou outro saborear um pastis gelado. A cada vez, queríamos participar também. Mas nada ajuda: aquelas fatias macias com seu sabor irônico nos enjoam, sem falar naquele sabor de anis que assalta nosso paladar. No entanto, nada é definitivo: antigamente, a ideia de engolir uma ostra nos dava ânsia de vômito, enquanto hoje comemos facilmente uma dúzia. Traumas de infância, má reputação, inibições culturais... Neste verão, todos os sábados, os comensais compartilham suas aversões gastronômicas, e os chefs respondem com ideias para superá-las. A festa começa com um dos pratos mais controversos: miúdos.
Tripa, língua, cérebro, fígado, rins, focinho, cabeça... Esta lista te dá náuseas? Dá sim. Ofereça-lhe miúdos e ela vai embora correndo. "Lembro-me de quando minha mãe cozinhava rins de porco para meu pai, eu saía de casa porque fedia muito... Ainda sinto o cheiro!", diz a aposentada de 66 anos. Se Béatrice não é uma amante de carne, a culpa é das cenas que viu quando criança nas fazendas bretãs. "Lembro-me do som do porco sendo abatido, me dava nojo." Presunto, tudo bem. Mas fígado ou coração? Impossível. "Eu nem entendo por que alguém coloca isso na boca", confidencia a
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