'A Famisanar fala sobre o que pagou, mas não sobre as dívidas que ainda nos deve': Presidente da Colsubsidio

A rescisão do contrato entre Droguerías Colsubsidio e EPS Famisanar para entrega de medicamentos, que entrará em vigor em 1º de agosto de 2025, gerou alarme entre os associados desta seguradora, que está sob intervenção da Superintendência Nacional de Saúde há mais de um ano.
Embora a Famisanar sustente que a rescisão do contrato se deveu a falhas na dispensação de medicamentos, a Colsubsidio enfatizou que a decisão ocorre em meio a uma dívida multimilionária superior a 781 bilhões de pesos, dos quais 208 bilhões correspondem à dispensação de medicamentos e 572 bilhões a serviços médicos prestados em sua rede de clínicas e centros ambulatoriais.
Em entrevista ao EL TIEMPO, o presidente da Colsubsidio, Luis Carlos Arango, afirmou que, embora a Famisanar tenha relatado pagamentos de mais de 2 bilhões de pesos desde setembro de 2023, não ficou claro sobre as obrigações pendentes.
"Eles dizem quanto pagaram, mas não quanto devem", diz ele. Arango alerta que a situação se tornou insustentável, a ponto de a Colsubsidio ter que continuar entregando medicamentos com recursos próprios devido à falta de pagamento da EPS.

As Farmácias Colsubsidio entregarão medicamentos aos associados da Famisanar até 31 de agosto. Foto: Colsubsidio
Embora o contrato termine em 1º de agosto, a Colsubsidio continuará prestando o serviço de entrega de medicamentos até 31 de agosto, em uma fase de transição para reduzir o impacto nos mais de 1,6 milhão de membros da Famisanar atendidos, disse Arango. No entanto, o executivo alerta que o novo modelo com quatro operadoras regionais pode criar complicações logísticas.

Luis Carlos Arango, presidente da Colsubsidio, falou em entrevista ao EL TIEMPO. Foto de : MAURICIO MORENO EL TIEMPO
Eles nos devem 781 bilhões de pesos, divididos em duas frentes. Uma, para assistência médica em clínicas e centros médicos — que totaliza 572 bilhões — e a outra, para medicamentos — 208 bilhões. No comunicado, eles dizem que pagaram mais de 2 trilhões de pesos entre setembro de 2023 e hoje, e isso pode ser verdade. Mas não dizem quanto devem. Acho que um comunicado completo ajudaria a todos a entender. Eles só apresentam o que lhes interessa: o que pagaram. Claro que pagaram, porque em dois anos atendemos 1,6 milhão de pessoas. Mas eles também deveriam dizer quanto devem.
Eles já haviam avisado Famisanar sobre essa dívida antes do contrato ser quebrado? Claro, cobramos deles todo mês, como sempre fizemos. Não é nenhuma novidade. Você manda uma conta de 100 bilhões de pesos e eles te pagam 50, e os outros 50... diga adeus. Não, não pode ser assim.

Colsubsidio atendeu mais de 1,6 milhão de membros do Famisanar. Foto: César Melgarejo/El Tiempo
Eles não dizem nada; fingem que não é culpa deles. Isso é muito difícil. No fim das contas, tudo isso é financeiro. O sistema de saúde é muito bom, mas como posso entregar medicamentos se o laboratório não me entrega porque eu não pago? E se a Famisanar não me paga pelo que estou entregando aos seus pacientes, não posso continuar entregando.
Como essa interrupção poderia impactar os usuários do Famisanar, considerando que a Colsubsidio tem uma das maiores redes do país? Vai ser extremamente complicado. Mas essa decisão foi tomada pelo auditor da Famisanar. Ele verá como atenderá às pessoas. Prometo atendê-los bem até 31 de agosto e farei todo o possível para prestar um bom serviço até essa data.
Você recebeu algum comentário ou reação de usuários do Famisanar? Não, ainda não recebemos nenhum comentário, pelo menos que eu saiba. Temos feito um esforço quase sobre-humano para cuidar adequadamente de todos os pacientes sob nossos cuidados, tanto em termos de medicamentos quanto de assistência médica. Até o momento, o contrato de assistência médica continua.
Para esclarecer aos usuários, o único serviço que vocês deixarão de fornecer é a entrega de medicamentos? Sim, senhor. Faremos isso até 31 de agosto. Não entregaremos mais medicamentos aos membros do Famisanar em 1º de setembro.
Que esforços a Colsubsidio fez para evitar que essa separação ocorresse? Com nossos próprios recursos. Pagávamos aos laboratórios para entregar os medicamentos para que pudéssemos distribuí-los, enquanto a Famisanar se recusava a pagar.
Como você analisa a situação atual do sistema de saúde e que possíveis soluções você vê? O sistema de saúde tem problemas estruturais muito significativos. Há muitas intervenções, e há também a questão dos pagamentos que a Adres precisa fazer para os eventos. Isso cria um passivo que nós, o IPS, suportamos e, obviamente, o serviço se deteriora. Para resolver isso, é preciso uma abordagem estrutural abrangente: ou mantemos esse sistema com os ajustes necessários, ou o modificamos, como propõe a reforma da saúde atualmente em tramitação no Congresso. Mas agora temos um sistema quebrado e um novo que não vai decolar. Isso é muito difícil.
Jornalista de Meio Ambiente e Saúde
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