Gestão mais eficiente, a questão a ser resolvida após o primeiro ano de Illa no cargo

Em dezembro passado, Salvador Illa reviveu uma antiga tradição de Maragall, que na verdade surgiu da cultura pública municipal, de reunir todos os executivos de sua administração em uma única sessão.
Naquela reunião, ele transmitiu duas mensagens. A primeira foi que a falta de maioria suficiente no Parlamento — que detém 42 das 135 cadeiras — não era desculpa para não ir ao escritório todas as manhãs e começar a trabalhar.
A segunda mensagem foi sua determinação em transformar a administração. E não se trata apenas de reduzir a burocracia. Administração é tudo: segurança, saúde, educação...
Estabilidade política
Um ano após a posse de Salvador Illa, que será celebrada amanhã, 8 de agosto, já se pode concluir que sua presidência domou as correntes que abalaram a política catalã nos últimos anos. Apesar de limitações consideráveis – ele não conseguiu aprovar um orçamento para 2025 –, ele alcançou uma estabilidade consistente, especialmente quando comparado ao que está acontecendo atualmente na política espanhola.
Mas seu outro objetivo, fazer com que a sala de máquinas da administração pública catalã funcione de forma mais eficiente, parece mais difícil de alcançar.
Illa sabe que é aqui que se trava outra importante batalha política. Trata-se de garantir que a administração alcance níveis de eficiência que atualmente não possui. Um compromisso não diferente do da maioria dos governos europeus.
O presidente assumiu a tarefa de revitalizar o setor público, que sofre de graves disfunções.A máquina do estado de bem-estar social sofre de uma fadiga enorme, o que alimenta a retórica da extrema direita. A ideologia de Trump está à espreita.
A caixa de entrada
Um ministro explicou recentemente um caso surpreendente. Até agora, a maioria dos cidadãos envia seus pedidos à Generalitat por escrito, em formulários em papel entregues aos escritórios da Generalitat. Os funcionários são então responsáveis por inserir esses dados no sistema. Pouquíssimos pedidos chegam pelo portal digital do Governo, ignorando o formulário e a visita obrigatória aos órgãos públicos. Mas a verdade é que, quando esse pedido digital chega ao departamento, o formulário é impresso e colocado na mesma caixa de entrada daqueles que o enviaram por escrito. A mesma equipe de funcionários insere os dados novamente. Um verdadeiro desastre burocrático.
Na semana passada, a Generalitat (Governo da Catalunha) lançou um projeto para agilizar os principais processos para as solicitações mais comuns dos cidadãos. Este plano tem muito a ver com este caso — anedótico, se preferir, mas descritivo — relatado pelo ministro. Em alguns meses, descobriremos se o número de casos pendentes na caixa de entrada diminuiu.
No início de dezembro do ano passado, o governo catalão apresentou seu plano de governo, que incluía um sistema de avaliação. Uma série de indicadores — por exemplo, o número de vagas em lares de idosos públicos — nos permitiria determinar se a situação estava melhorando ou piorando. O primeiro relatório disponível até o momento é do final de 2024. Por enquanto, não há mais, então é difícil fazer comparações e chegar a conclusões.
Rodalies e o Aeroporto
Enquanto isso, Illa conseguiu desbloquear decisões importantes, como a criação da joint venture que, em última instância, concederá a gestão da rede Rodalies à Generalitat. Mas esse objetivo permanece no limbo político e longe das necessidades urgentes dos usuários do serviço ferroviário, cuja avaliação mal passou do fracasso.
Há acordos políticos em Rodalies e no aeroporto que estão avançando lentamente em um mundo acelerado.Outro exemplo: a controversa expansão do Aeroporto El Prat está começando a avançar com equilíbrios políticos difíceis. Mas, enquanto isso, o Aeroporto de Barcelona está operando voos além de sua capacidade. Em Madri, o projeto — financiado pelo governo central — para conectar diretamente a Estação Barcelona Sants a Barajas através dos desvios de Atocha e Chamartín já está na metade da construção. Em alguns anos, Madri terá outro tubo de vácuo de alta potência atraindo passageiros da capital catalã.
Heranças e emergências
Tudo está avançando, mas lentamente. Talvez pela impossibilidade de ter um novo orçamento alinhado ao programa do governo, mas também pelos anos em que as prioridades foram diferentes, uma circunstância que Salvador Illa nunca usou contra seus antecessores no cargo este ano. Illa não é de se criticar.
E há heranças envenenadas: talvez a mais escandalosa tenha sido a que levou a Ministra dos Direitos Sociais, Mónica Martínez Bravo, a reformar completamente a antiga Direção-Geral de Assistência à Infância. Todos sabiam há anos que a assistência à infância era um poço sem fundo — como alguns ex-ministros reconheceram — e que os serviços de emergência sobrecarregavam os procedimentos. O resultado é evidente.
Educação e habitação
Outro legado: a educação. Há anos, a Catalunha vem apresentando um desempenho abaixo do esperado em termos de qualidade educacional em comparação com outras regiões da Espanha e da Europa. Os motivos são múltiplos. Este ano, Illa assinou um acordo com a OCDE para propor soluções e monitorar o progresso do sistema educacional catalão, cuja recuperação, se um dia ocorrer, pode levar tempo, como o próprio presidente reconheceu no Parlamento.
Mais heranças e mais emergências: a moradia se tornou o principal problema apontado pelos cidadãos nas pesquisas da Generalitat há vários trimestres. A política de regulação dos preços dos aluguéis conseguiu conter a renda, mas ela continua inacessível para os jovens.
A reorganização do Departamento do Interior começou a dar resultados na percepção de segurança.Essa regulamentação de preços é uma das decisões políticas que provocou descontentamento entre setores empresariais com os quais Illa, em geral, estabeleceu uma relação mais que fluida neste primeiro ano.
O governo catalão se comprometeu a investir 4,4 bilhões de euros ao longo de quatro anos para construir moradias populares, chegando a 50.000. O problema, mais uma vez, é o tempo de resposta ao que está alarmando a sociedade catalã.
Na área da segurança, os indicadores apontam para uma melhora na percepção dos cidadãos sobre o que está acontecendo em seus bairros. A Ministra Núria Parlon e o novo chefe de polícia, Josep Lluís Trapero, promoveram uma reforma do serviço policial com mais policiais nas ruas, enquanto, graças ao bom relacionamento com o Ministério da Justiça, os tribunais catalães estão começando a se distanciar de sua lentidão exasperante. Mas isso é apenas o começo. Mesmo uma justiça célere é um objetivo de longo prazo.
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