Empresas listadas crescerão menos no segundo trimestre

Os relatórios de lucros do segundo trimestre das empresas listadas na Bolsa Mexicana de Valores (BMV) devem mostrar menor crescimento da receita, fluxo de caixa operacional (EBITDA) e pressão sobre a lucratividade, de acordo com especialistas.
No geral, eles esperam uma temporada regular, com contrastes setoriais significativos, prejudicada pela desvalorização anual do peso, pela incerteza em torno das tarifas que afetaram o consumo privado e pela desaceleração econômica.
"Os temas para esta temporada de relatórios no México girarão em torno de volumes e margens fracos em setores cíclicos, como cimento e automóveis, afetados pela desaceleração econômica, preços comparativos desafiadores e condições climáticas adversas", explicou Alejandra Vargas, analista de mercado de ações do Grupo Financiero Bx+.
Ele acrescentou que a taxa de câmbio e o comércio exterior, especialmente em empresas com operações nos Estados Unidos (como Cemex, GCC, Nemak), onde a desvalorização do peso e o ambiente tarifário desempenham um papel fundamental.
Resiliência em setores defensivos como telecomunicações (Megacable), aeroportos (GAP, OMA, ASUR) e Fibras, que têm demonstrado capacidade de manter margens sólidas e crescimento moderado apesar do ambiente incerto, explicou.
Alejandra Vargas alertou que "o impacto do ambiente político e econômico nos Estados Unidos após o retorno de Trump ao poder, as ameaças tarifárias, foram imediatas, de modo que alguns produtos foram afetados tanto na demanda quanto nas margens. Da mesma forma, algumas indústrias adiaram projetos ou investimentos no país até que tenham maior certeza", disse ela.
Alik García, vice-diretor de Análise do Mercado de Ações da Valmex Casa de Bolsa, anunciou que, durante o período, as empresas incluídas no principal índice da BMV verão um aumento de receita de quase 10,8% e um aumento de 9,4% no fluxo de caixa operacional.
"Com esses resultados, teremos uma temporada em que a receita ainda apresentará crescimento de dois dígitos, mas, em comparação com temporadas anteriores, teremos um ritmo de crescimento mais lento. Neste trimestre, estamos até mesmo vendo pressão na lucratividade", observou o especialista.
Ele acrescentou que os resultados mais lentos se devem ao efeito cambial em comparação ao primeiro trimestre, "o que se traduzirá em receitas menores".
Além disso, houve moderação no ciclo econômico no México, e o consumo ficou para trás devido à cautela com tarifas. Os consumidores também têm se mostrado cautelosos em relação à direção da inflação, observou o especialista.
Perspectiva negativa
Analistas concordaram que os setores com perspectivas negativas são automotivo, cimento, alimentos e bens de consumo discricionários. "No segundo trimestre, a indústria automotiva ainda enfrentará desafios, já que os incentivos para carros elétricos diminuíram nos Estados Unidos e os volumes esperados foram atrasados. Isso, somado à questão tarifária, pode levar à reestruturação de estoques e à fraca demanda", observou Ariel Méndez, analista de mercado de ações da Bx+, em um estudo.
Ele acrescentou que as empresas de cimento estarão sob pressão, pois os volumes deverão ser baixos devido à desaceleração da demanda, das taxas e dos efeitos climáticos.
Alik García enfatizou que, especialmente no setor de bebidas, o clima não era favorável aos negócios e os consumidores estavam cautelosos com as exportações de imigração para os Estados Unidos.
As mineradoras estão prevendo resultados negativos, pois, apesar do aumento anual de 3,4% no preço de alguns metais, como o cobre, espera-se uma queda nas vendas, em linha com o trimestre anterior. O EBITDA também deve cair.
As empresas de cimento verão um declínio anual nas vendas de quase 6,7%; no entanto, analistas acreditam que o relatório pode estar sob ainda mais pressão, já que fatores adversos e uma alta base de comparação superariam os benefícios de preço.
Setores resilientes
Especialistas concordam que setores como aeroportos, finanças e bens de consumo básicos serão beneficiados por taxas mais altas, bem como pela desvalorização do peso em relação ao dólar.
Alik García acredita que as empresas bancárias serão resilientes e que o ritmo de crescimento do portfólio permanecerá dinâmico, o que dará suporte ao aumento da receita e dos lucros das empresas.
Ariel Méndez anunciou que os grupos aeroportuários se estabilizarão, à medida que o tráfego de passageiros, principalmente doméstico, continua melhorando, compensando a queda no tráfego internacional. A reforma do motor parece estar sob maior controle.
Segundo especialistas, espera-se um relatório misto, com empresas relatando melhorias graduais nas vendas.
Além disso, dada a incerteza nos Estados Unidos, as taxas de frete podem continuar a impulsionar os resultados e expandir as margens.
Da mesma forma, o cenário tarifário não é ruim para as empresas do setor industrial, já que a demanda tem se mostrado resiliente.
Eleconomista