O que se ganha na Espanha não fica na Espanha.

A 52 Super Series voltou a velejar no espetacular Puerto Portals. "As" já insinuava o evento com uma manchete muito futebolística, celebrando a décima edição. Já são dez anos consecutivos que o circuito se realiza neste porto idílico. Ninguém pode reclamar. Nem os donos, nem os velejadores, e muito menos nós, os jornalistas. O tratamento é de primeira qualidade. E tudo isso para continuar explicando a navegação, por vezes inexplicável. A falta de vento, até mesmo a ameaça de tempestade com equipamentos elétricos, colocaram em risco os dois primeiros dias de competição, mas brilharam. O clímax veio na sexta e no sábado, quando o vencedor foi decidido: o American Magic. Este foi um dos poucos barcos sem tripulação espanhola. Eram até 12, cada um melhor que o anterior, porque vimos, por exemplo, Joan Vila, Jordi Calafat e Silvia Mas. E, claro, uma pergunta continua ecoando na minha mente e me perturbando. Por que não há equipe espanhola? Sim, a resposta pode ser fácil e óbvia. Porque não há dinheiro. Mas é uma pena, porque há muita qualidade e quantidade. Com os 12 velejadores deste ano em Puerto Portals, seria possível montar uma equipe de qualidade (ouso dizer, vencedora), e a ela se somariam os incontáveis trabalhadores em terra. Os espanhóis são a maioria. Poderia ser uma equipe 100% espanhola. Um aviso aos velejadores, ou melhor, um apelo: ninguém se atreve a investir dinheiro? Javier Sobrino, durante uma das intermináveis conversas na sala de imprensa de Puerto Portals, fez um esboço simples, mas eficaz. E o "roubou": Botín projeta, King Marine constrói, e para a equipe e tripulação em terra, há muito por onde escolher. Tudo permaneceria em casa. E ainda tem mais. No ano que vem, haverá três sedes espanholas na 52 Super Series: duas em Lanzarote e Puerto Portals. O desafio está aí.
abc