O Reino Unido anuncia que destinará mais de € 69 milhões este ano para ajuda humanitária em Gaza.

O Reino Unido anunciou na segunda-feira que alocará £ 60 milhões adicionais (mais de € 69 milhões) em ajuda humanitária para Gaza este ano.

"Hoje estou anunciando £ 40 milhões adicionais para assistência humanitária em Gaza este ano", disse o Secretário de Relações Exteriores britânico, David Lammy, durante sua aparição na Câmara dos Comuns, dos quais £ 7,5 milhões (€ 8,65 milhões) serão usados para permitir que a ONG britânica UK-Med mantenha suas operações na Faixa de Gaza.

"Também posso confirmar que contribuiremos com 20 milhões de libras (23 milhões de euros) para apoiar os serviços da UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo) para refugiados palestinos", acrescentou.

Nesse sentido, Lammy afirmou que o sistema israelense de ajuda humanitária é "desumano, perigoso e priva os moradores de Gaza da dignidade humana", além de contradizer os princípios humanitários.

"É um espetáculo grotesco que causa um terrível número de vítimas. Quase 1.000 civis foram mortos desde maio enquanto buscavam ajuda, incluindo 100 somente no último fim de semana", disse o ministro do Trabalho.

Em seu discurso, Lammy confrontou o governo israelense de Benjamin Netanyahu e exigiu respostas aos "erros técnicos" citados pelos militares israelenses.

"Que justificativa militar pode haver para ataques que assassinaram crianças famintas e desesperadas? Que medidas imediatas estão sendo tomadas para pôr fim a essa ladainha de horrores? O que vocês farão para responsabilizar os responsáveis?", perguntou o Secretário de Relações Exteriores britânico.

Na segunda-feira, Lammy e seus ministros das Relações Exteriores de cerca de 25 países, incluindo Alemanha e França, emitiram uma declaração conjunta pedindo o fim urgente da guerra em Gaza e o levantamento das restrições à ajuda humanitária.

No texto, as nações signatárias expressaram sua intenção de tomar "medidas" para apoiar um cessar-fogo imediato e um "caminho político" para a segurança e a paz de israelenses, palestinos e de toda a região.

Depois que Israel rejeitou publicamente essa declaração, Lammy chamou a abordagem do governo Netanyahu de "cruel" e foi questionado na Câmara se essas "medidas" incluiriam um hipotético reconhecimento de um estado palestino.

"Trabalharemos com nossos colegas franceses, que estão focados em uma futura conferência focada nos dois Estados e em como chegar lá. E, como esperado, o Reino Unido desempenhará um papel", respondeu ele.

De acordo com Lammy, Netanyahu e seus ministros estão tentando sufocar essa solução de dois Estados com seus planos de expansão de assentamentos, como o chamado assentamento E1 em Jerusalém Oriental, o aumento da violência dos colonos na Cisjordânia e tentativas de pressionar o governo da Autoridade Palestina.

Por esse motivo, o Ministro das Relações Exteriores britânico anunciou que Londres reforçaria seu apoio aos governos da Autoridade Palestina com 7 milhões de libras (pouco mais de 8 milhões de euros), conforme acordado no início deste ano com o primeiro-ministro palestino Mohamed Mustafa, para apoiar os planos de reforma do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

"Estamos liderando esforços diplomáticos para demonstrar que deve haver um caminho viável e pacífico para um estado palestino, envolvendo a Autoridade Palestina, não o Hamas, na segurança e governança da região", disse Lammy.

"O Hamas não pode desempenhar nenhum papel na governança de Gaza ou usá-la como plataforma de lançamento para o terrorismo", enfatizou.