UEFA critica chegada tardia de Infantino da turnê de Trump

ASSUNÇÃO, Paraguai -- O presidente da FIFA, Gianni Infantino, decidiu começar sua semana no Oriente Médio participando das visitas de Estado do presidente dos EUA, Donald Trump, com seu aliado próximo, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, então emir do Catar.
O efeito cascata foi sentido na quinta-feira, quando a chegada tardia de Infantino em um jato particular vindo do Catar forçou a reunião anual da FIFA no Paraguai a começar com mais de três horas de atraso.
Isso levou a uma greve no meio da reunião em protesto por parte de altos funcionários da UEFA, órgão máximo do futebol europeu, pelo atraso "profundamente lamentável".
A UEFA disse em um comunicado que "o que parece ser simplesmente para acomodar interesses políticos privados não presta nenhum serviço ao jogo e parece colocar seus interesses em segundo lugar".
Infantino havia escolhido a política do mundo real com as nações-sede anteriores e futuras da Copa do Mundo em vez de estar do outro lado do globo com seus 211 membros da federação nacional e eleitores. Eles haviam começado a chegar ao Paraguai três dias antes.
O jato fornecido pelo Estado do Catar que transportou o chefe da FIFA de Doha, via Nigéria, significava que ele ainda estava em alta altitude sobre o Oceano Atlântico quando sua reunião deveria começar.
Isso também levou alguns altos funcionários europeus do conselho de administração da FIFA, incluindo o presidente da UEFA, Aleksander Čeferin, a deixarem seus assentos no palco principal mais cedo.
"Estamos unindo o mundo hoje em Assunção", disse Infantino em seu discurso de encerramento no palco, onde cerca de um quarto dos assentos estavam vazios nos 90 minutos anteriores.
Pelo segundo ano consecutivo, não houve nenhuma entrevista coletiva pós-Congresso para questionar Infantino.
Infantino pediu desculpas ao seu público várias vezes quando a reunião finalmente começou perto das 13h, horário local, em vez das 9h30 originalmente programadas.
Ele citou problemas com seu voo e insistiu que era importante ter estado no Oriente Médio em "discussões importantes... com alguns líderes mundiais em política e economia".
"Senti que precisava estar lá para representar todos vocês, para representar o futebol", disse Infantino. "Como presidente da FIFA, minha responsabilidade é tomar decisões no interesse da organização."
Com a reunião se estendendo até muito tarde, alguns delegados europeus não retornaram ao salão após o intervalo para café no meio da reunião.
Entre os assentos vazios reservados para o Conselho da FIFA, composto por 37 membros e presidido por Infantino, estavam os de Čeferin e dos outros dois vice-presidentes da FIFA da Europa: o banqueiro húngaro Sándor Csányi e Debbie Hewitt, presidente da Associação Inglesa de Futebol. Autoridades da Alemanha, Noruega e Romênia também se retiraram.
Ainda no palco com Infantino estava a mais alta autoridade paraguaia no futebol mundial, Alejandro Dominguez, vice-presidente da FIFA e chefe da CONMEBOL, a organização sul-americana do futebol.
O presidente do Paraguai, Santiago Peña, também foi afetado. Ele fez um discurso de abertura que a FIFA normalmente convida o chefe de Estado anfitrião a fazer horas depois do previsto, embora ainda tenha elogiado Infantino como "um amigo pessoal e amigo do Paraguai".
Peña disse anteriormente em janeiro que levou o crédito por sugerir a Infantino que a FIFA trouxesse um grande evento para o Paraguai, que deve sediar um dos 104 jogos da Copa do Mundo masculina em 2030, que será co-organizada principalmente pela Espanha, Portugal e Marrocos.
Infantino optou por acompanhar o presidente Trump nos primeiros passos da turnê, em vez de se reunir com seus membros votantes. O Catar sediou a Copa do Mundo masculina em 2022, os EUA serão co-sediadores, juntamente com Canadá e México, no ano que vem, e a Arábia Saudita sediará a competição em 2034.
Na quarta-feira, em Doha, o emir do Catar, Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani — membro do Comitê Olímpico Internacional com Infantino — recebeu as delegações visitantes em um jantar de estado no Palácio Lusail.
Infantino construiu laços estreitos com ambos os governos Trump e esteve na rotunda do Capitólio em janeiro para a cerimônia formal de posse presidencial.
Trump deve apresentar o troféu no Estádio MetLife, em East Rutherford, Nova Jersey, tanto do Mundial de Clubes, em julho, quanto da Copa do Mundo do ano que vem. O troféu do Mundial de Clubes esteve na sala do Congresso na quinta-feira. O troféu dourado passou grande parte das últimas semanas no Salão Oval da Casa Branca.
espn