Superstar, pioneira, ícone: por dentro do legado da brasileira Marta

Ali Krieger reage ao retorno de Marta à seleção brasileira após sua aposentadoria do futebol internacional no verão passado. (1:38)
A lenda brasileira Marta , 39, estava prestes a se aposentar do futebol internacional após os Jogos Olímpicos de 2024, mas você não achou que esse seria o fim de sua incrível carreira, não é?
Depois de anunciar que penduraria as chuteiras no ano passado, a atacante mudou de ideia e se colocou à disposição para a Copa América Feminina de 2025 no mês passado, causando grande impacto na final: marcando dois gols saindo do banco para ajudar o Brasil (que virou o jogo três vezes) a conquistar o título em um jogo emocionante.
Marta só chegou aos 82 minutos, mas marcou aos seis minutos dos acréscimos, empatando o jogo para o Brasil em 3 a 3, antes de marcar novamente na prorrogação. O Brasil venceu a disputa de pênaltis por 5 a 4.
"A Rainha" tem 122 gols em 206 jogos pelo Brasil e disputou seis Copas do Mundo e seis Olimpíadas. Mas que legado ela deixou para o futebol feminino? Conversamos com quem a conhece melhor para contar a história de sua carreira.
Informações da ESPN Brasil foram utilizadas nesta matéria, publicada originalmente em 24 de julho de 2024 e atualizada.
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1. Muito antes de se tornar a melhor jogadora de futebol feminino do mundo, Marta tinha sete anos e era a única menina jogando em campo de terra no Brasil. As partidas eram disputadas em um riacho seco, com os gols feitos de três gravetos, formando traves e postes.
Ela cresceu na pobreza, jogando sem sapatos e, mais tarde, colocando jornal no fundo das chuteiras usadas para que servissem. Sua mãe solteira trabalhava longas horas para sustentar a ela e aos seus três irmãos. Mas ela driblava e balançava a bola como se ela estivesse presa ao seu pé.
"Ela nasceu para jogar futebol ", disse seu treinador de infância, Tota, à ESPN.
Nascida para? Todo mundo diz isso agora, mas supostamente? Definitivamente não. Sempre havia comentários. "Ela não sabe tocar, ela é uma menina", diziam com frequência. Alguns até perguntavam à mãe dela por que ela a deixava tocar, insistindo: "Ela não é normal".
Sua mãe ignorou as perguntas. Assim como seu treinador de infância, Tota. Ele ouvia as mesmas perguntas o tempo todo, principalmente durante um torneio infantil na cidade vizinha de Santana do Ipanema. Os detalhes se perderam um pouco no tempo, mas o ponto crucial é este: Marta chegou à competição em que já havia competido, mas desta vez foi um problema.
Um técnico de outro time disse que seu time não jogaria contra ela, e o organizador acabou removendo-a do torneio. ( O organizador disse mais tarde à mídia brasileira que ele só fez isso para protegê-la, depois que outro jogador ameaçou machucá-la quando ela o acertou com uma noz-moscada.) No ano seguinte, a competição passou a ser apenas para meninos.
2. Conforme detalhado em um artigo do Players' Tribune escrito para si mesma aos 14 anos em 2017 , uma das maiores decisões na vida de Marta foi se pegaria ou não um ônibus. Ele a pegaria perto de Dois Riachos, no oeste do estado de Alagoas, e a levaria ao Rio de Janeiro, uma viagem de três dias. Do outro lado, estava a chance de um teste em um clube profissional, o Vasco da Gama, que era um dos melhores times do Brasil na época.
O problema de Marta era que ela era tímida. Ela ficou parada no ponto de ônibus, nervosa. Era um daqueles momentos decisivos em sua vida: ficar onde está ou apostar em si mesma.
Quando chegou, ela hesitou por um momento e então embarcou.
No Rio, a primeira coisa a fazer foi uma entrevista com a coordenadora de futebol feminino do Vasco, Helena Pacheco.
"Perguntei se ela já tinha jogado futebol", disse Pacheco à ESPN, ao que Marta respondeu que só tinha jogado em campos pequenos.
"Perguntei se ela tinha algum material [camisa, botas, etc.]." Marta apenas balançou a cabeça.
Mas o que Marta não disse com a boca, disse com os olhos. Enquanto conversavam, Pacheco conta que os olhos de Marta permaneceram fixos na bola durante uma partida que acontecia ali perto: "Virei para o meu auxiliar técnico, Marcos, e disse: 'Nossa, essa menina parece que vai jogar bola muito bem'. Ele disse: 'Ah, Helena, você está exagerando, né?' Aí eu disse: 'Ela não tirava os olhos da bola'."
O teste foi no dia seguinte. A princípio, Marta parecia insegura sobre o que fazer em campo. Ela observava os outros se alongando e os imitava, meio insegura. Mas quando uma bola foi introduzida, Marta começou a se expressar de uma forma que nunca havia feito antes.
"Aí ela começou a bater na bola, a gente começou a ver que ela tinha habilidade. Ela batia bem na bola", conta Pacheco.
Seu primeiro chute derrubou a goleira. Seus chutes seguintes foram igualmente fortes, machucando as mãos da goleira.
Pacheco voltou-se para a assistente. "Sorri para Marcos e disse: 'Acho que estou certa'", conta ela.
3.1. Marta ingressou no Vasco logo após o período de testes e se mudou para o alojamento juvenil do clube, sob as arquibancadas do estádio. Em 2002, Marta foi convidada para integrar a seleção brasileira de base, estreando em torneios aos 16 anos, na Copa do Mundo Sub-20, no Canadá.
Foi nessa época que conheceu Formiga, que jogaria 234 vezes pela seleção brasileira. No primeiro treino que fizeram juntas, Formiga não conseguia acreditar na energia que trazia. Marta chegou e disse na hora: "Vamos treinar, vamos, vamos, vamos!"
"E lá se foi ela, com o pescocinho esticado para o campo, correndo por aí", conta Formiga à ESPN. "Eu pensei: 'Meu Deus! Aonde você vai, mulher, desse jeito? Toda animada.'"
Quando o treino terminou, a maioria dos jogadores foi para dentro, deixando apenas o goleiro para fazer alguns exercícios. Marta, porém, não foi para dentro. Ela costumava ficar com os goleiros depois do treino para praticar seus chutes. Mais tarde, essas sessões extracurriculares às vezes assumiam um clima diferente.
"Ela ficava com os goleiros no final [do treino]", diz Formiga. "'Quantos gols vocês querem? Vamos apostar: quem ganhar ganha água de coco.' E ela ficava lá com os goleiros. Provocando, tirando sarro deles."
Na maioria das vezes, ela ganhava, mas também havia momentos em que perdia. "Aí os goleiros zombavam dela", acrescenta Formiga. "E ela teve que pagar por isso [a aposta] também."
A carreira de Marta no Vasco terminou em 2002, quando o clube fechou — a primeira de muitas vezes que ela passaria pela experiência de ser demitida quando as estruturas do futebol feminino ao seu redor ruíram.
4.1. A estreia de Marta na Copa do Mundo Feminina aconteceu nos Estados Unidos, em 2003. A maioria das jogadoras, técnicos e torcedores fora do Brasil nunca tinha ouvido falar dela. Ela era uma jovem franzina e diminuta de 17 anos e, mesmo assim, aos 14 minutos de sua estreia no torneio contra a Coreia do Sul, marcou um pênalti. Ela marcou novamente no jogo seguinte da fase de grupos, uma vitória por 4 a 1 sobre a Noruega , e marcou outro pênalti na eliminação nas oitavas de final para a Suécia .
Suas atuações logo receberam grande aclamação, principalmente de Pelé, que aos 17 anos atuou pela seleção masculina na Copa do Mundo de 1958, antes de se tornar indiscutivelmente o maior jogador de todos os tempos.
Formou-se um apelido: "Pelé de saia". O próprio Pelé o endossou, mas nunca combinou muito bem. Marta, como o resto do Brasil, amava Pelé, mas achava errado ser comparada a um jogador de futebol. Além disso, jogadoras não usam saia.
"Ninguém gosta de ter apelido masculino", diz Pacheco. "Embora fosse algo positivo, porque as pessoas não sabiam dizer 'Você é muito bom', então te comparavam ao Pelé."
4.2. O apelido real de Marta entre os integrantes do grupo era "Zefa". Era por causa de sua semelhança com a maratonista brasileira Maria Zeferina Baldaia.
"Não fui eu que inventei [o apelido]. Juro por Deus, pode perguntar a ela, não fui eu que inventei", diz Formiga. "Estava passando o especial da Zeferina Baldaia. Eu assisti. As meninas disseram: 'Nossa, ela [Marta] parece a Zefa'... Aí começou. 'Zeferina, Zeferina, Baldaia, Zeferina'. Ainda bem que ela não se importou muito, porque senão as pessoas teriam continuado falando. Acho que as únicas pessoas que chamam ela assim somos eu e a Cristiane ."
Saindo do Brasil5.1. Roland Arqvist esteve na Copa do Mundo Feminina de 2003 para observar a Suécia e procurar novas jogadoras. Ele era diretor esportivo do Umea — um clube da Primeira Divisão (Damallsvenskan) em uma cidade com pouco mais de 100.000 habitantes no norte da Suécia — e ficou surpreso com o desempenho de Marta no torneio. "Seu equilíbrio, velocidade e técnica são algo que eu nunca tinha visto em uma jogadora de futebol feminino. Nunca", disse Arqvist à ESPN.
Ao retornar do torneio, ele contou a um dos treinadores sobre a brasileira de 17 anos e como queria que ela jogasse pelo Umea na próxima temporada. Eles tinham acabado de conquistar o terceiro título consecutivo da liga e eram os atuais campeões europeus. Com Marta, ele imaginava que elas teriam mais títulos.
"Lembro que ele simplesmente riu de mim", diz Arqvist. "Muitas pessoas me disseram que eu era completamente louco. Como eu pude pensar que isso poderia acontecer e dar certo? Quer dizer, ela era uma jogadora brasileira muito jovem, e eu levá-la para uma parte fria do norte da Suécia para jogar futebol foi uma loucura. Muitas pessoas me disseram que isso não ia dar certo."
Arqvist confiou no que viu na Copa do Mundo e tentou mesmo assim. O maior problema foi tentar contatar Marta. Em 2003, Marta não tinha celular nem e-mail. Arqvist conta que levou dois meses para conseguir um número de telefone para uma cabine telefônica.
Eles combinaram um horário para Marta estar do outro lado da linha. Eram 2 da manhã na Suécia quando conversaram.
Marta achou que era brincadeira. "Vai se f---", disse ela.
Até então, nenhuma jogadora brasileira havia atuado fora do Brasil. Quando Marta foi até Pacheco com a notícia de que um time sueco queria contratá-la, Pacheco ficou tão preocupado quanto Marta.
"No começo, fiquei com muito medo, porque pensei que pudesse ser tráfico", diz Pacheco. "Fui ver o contrato, vi que estava em inglês e fiz algumas alterações, incluindo a possibilidade de ela ter aulas de inglês. Depois, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) me garantiu que era verdade, que o clube era muito idôneo e que não havia problema. Dei vários conselhos a ela, dizendo para nunca entregar o passaporte. Ela foi, e nos abraçamos muito antes de ela ir embora."
5.2 Se você quisesse saber o quão estranha Marta achou a nova terra em que acabara de chegar, bastaria olhar para os seus pés. Em fevereiro de 2004, ela pousou na Suécia coberta de neve usando chinelos. Quando o avião pousou em Estocolmo, a jovem de 17 anos olhou pela janela e se perguntou se seria possível jogar futebol lá. O relógio marcava que era tarde e o sol já havia se posto. O inverno daquele ano tinha sido particularmente rigoroso, e a neve estava por toda parte.
"O que estou fazendo aqui?" ela pensou consigo mesma.
Arqvist a conheceu, junto com um amigo — que havia sido contratado por outro clube local e também ficaria com ela — no portão de embarque. Arqvist a apresentou a Odin Barbosa, o homem cuja família hospedaria Marta durante seu primeiro ano e que falava português.
Arqvist a fez vestir uma camisa do Umea. E então, logo após deixar o portão de embarque, sua primeira entrevista coletiva estava marcada para acontecer no aeroporto.
Marta disse que se mudar para a Suécia foi a melhor decisão que ela poderia ter tomado.
6. A estadia de Marta na casa dos Barbosa a apoiaria durante um período de sua vida em que ela estava longe de casa.
"Eles a levavam e traziam dos treinos porque meus pais moravam a uns 20 minutos de Umea", conta Josefin, filha de Barbosa, à ESPN. "Então, eles ficavam o dia todo levando-a de um lado para o outro, preparando comida e lavando suas roupas. Ela era jovem, nunca tinha feito isso. Era uma criança."
Marta rapidamente passou a ser vista como parte da família. "Ela se tornou como uma filha deles", acrescenta Josefin. Toda Páscoa, a família Barbosa se reunia para jogar; Marta, com seu famoso espírito competitivo, participava mesmo em séria desvantagem. Uma das brincadeiras era simples: cada pessoa tinha que esquiar cross-country até um determinado ponto, usar uma chama para acender uma vela e, em seguida, trazê-la de volta delicadamente, sem deixá-la apagar. O primeiro a retornar seria o vencedor.
Marta, que cresceu em um lugar onde a temperatura quase nunca cai abaixo de 20 graus Celsius (69 graus Fahrenheit), começou a calçar seus esquis. Ela nunca tinha esquiado antes, mas isso não importava.
"Fomos fazer tudo isso e ela sempre quis ganhar", diz Josefin. "Ela é assim mesmo. Nunca tinha esquiado antes, mas não tinha medo."
7.1. Marta se tornou uma estrela global consolidada após apenas um ano na Suécia. Ela marcou 22 gols em sua primeira temporada – artilheira da primeira divisão sueca – e ajudou o time a conquistar a Copa da UEFA Feminina de 2004 (antecessora da Liga dos Campeões Feminina) com três gols na vitória de ida e volta contra o Frankfurt [8 a 0 no total]. Ela manteve contato com Pacheco por e-mail. Um dia, a conversa foi mais ou menos assim:
Marta : "Helena, acho que vou ser indicada ao prêmio de Melhor Jogadora do Ano da FIFA no futebol feminino." Pacheco : "Você vai ser indicado, mas não vai ganhar" Marta : "Mas como é que eu posso não ganhar, Helena?" Pacheco : "Marta, você foi indicada, mas a garota dos Estados Unidos foi campeã olímpica, ela deveria ser indicada. Aí, na segunda vez, você será a melhor do mundo." Marta : "Você está dizendo isso só para me animar?" Pacheco : "Não, estou dizendo isso porque é verdade. Você foi o artilheiro da Europa, mas a menina foi campeã olímpica, então ela vai ganhar na sua frente. Da próxima vez você vai ganhar."
Marta ficou em terceiro lugar naquele ano, atrás da alemã Birgit Prinz e de Mia Hamm, da seleção feminina dos EUA. No ano seguinte, ficou em segundo lugar, novamente atrás de Prinz. Mas ganhou o prêmio pela primeira vez em 2006, antes de vencê-lo cinco vezes consecutivas entre 2006 e 2010, e novamente em 2018.
7.2. Na premiação de 2004, Marta, com apenas 18 anos e 1,62 m, perguntou a Odin se ele a acompanharia. Ela queria um rosto amigável ali. "Era bem luxuoso", disse sua filha Josefin à ESPN.
Eles voaram de Primeira Classe — nenhum dos dois havia feito isso antes — e pousaram em Zurique, na Suíça, para a cerimônia de premiação da FIFA. Ao chegarem ao hotel, Barbosa logo percebeu que também nunca havia se hospedado em um hotel antes.
"Ele não sabia acender as luzes porque era preciso colocar o cartão no porta-cartões", diz Josefin. "As pessoas na premiação achavam que ele era um árbitro sueco."
Foi a primeira vez que Marta caminhou entre os grandes do esporte. A lenda do Barcelona e do Brasil, Ronaldinho Gaúcho, ganhou o prêmio masculino naquele ano. Marta ficou radiante por poder conhecer um de seus ídolos, mas era tímida demais para falar muito.
8. Atenas 2004 foi a primeira Olimpíada de Marta, e ao lado de Cristiane e Formiga ela ajudou o Brasil a chegar à final. A seleção feminina dos EUA resistiu e venceu por 2 a 1 na prorrogação, mas o Brasil e Marta, que tiveram que se contentar com a prata, deixaram uma marca duradoura.
"Só me lembro de todos nós da seleção dos EUA pensando: 'Cara, eles vão ser o time que precisamos ficar de olho'", disse a estrela da seleção feminina dos EUA, Shannon Boxx, à ESPN. "Estávamos segurando a pressão e pronto. Quer dizer, tivemos que marcar a Marta em dupla. Toda vez que ela pegava a bola, fazíamos marcação em dupla.
"Acho que a equipe dos EUA naquele momento tinha a capacidade de continuar pressionando por 90 minutos, enquanto todas as outras equipes meio que vacilaram no 70."
9.1. A mudança para a Suécia mudou a vida de Marta. Pela primeira vez, ela viu o futebol feminino ser levado a sério, com uma estrutura de liga adequada e estádios lotados. Em 2006, após ganhar o prêmio de Jogadora do Ano do Mundo, ela também conquistou respeito no Brasil. Até mesmo em sua cidade natal, Dois Riachos.
Quando retornou a Dois Riachos após ganhar o prêmio, havia uma multidão para recebê-la. Ela foi levada pela cidade em um caminhão de bombeiros. Apenas cinco anos depois de ser proibida de jogar futebol por causa de seu gênero, Marta estava de volta. A multidão aplaudiu.
9.2 Hoje, ao entrar em Dois Riachos, há uma placa que diz: “BEM VINDO A DOIS RIACHOS TERRA DA JOGADORA MARTA”
Em inglês, está escrito: "BEM-VINDO À CASA DE MARTA".
Desgosto10. Se você pudesse registrar os melhores momentos da vida e da carreira de Marta, certamente seria um deles estar no túnel do estádio do Maracanã, no Rio, antes da final dos Jogos Pan-Americanos de 2007 contra a Seleção Feminina dos Estados Unidos (USWNT). A seleção masculina brasileira havia sido eliminada na fase de grupos, o que deixou as esperanças da nação apaixonada por futebol nas costas da seleção feminina.
Quando os jogadores saíram do túnel, havia mais de 70.000 pessoas na multidão esperando para assisti-los — o maior público que o time já havia conseguido no Brasil.
"Só percebemos a magnitude do que estava acontecendo quando saímos do vestiário", disse mais tarde Marta, cujo poder de estrela ajudou a atrair tantos fãs.
A seleção feminina dos EUA escalou uma seleção sub-20 que contava com futuras estrelas como Alyssa Naeher ,Tobin Heath e Kelley O'Hara . Mesmo assim, o Brasil superou as americanas de forma convincente. Marta marcou os dois primeiros gols de pênalti na vitória por 5 a 0 e encerrou o torneio com 12 gols em cinco jogos.
Um fã ergueu um cartaz que dizia: "Nunca vi Pelé, mas já vi Marta".
Isso consolidou seu lugar entre as lendas do futebol brasileiro. Dias após a final, com apenas 21 anos, ela foi convidada a deixar suas pegadas no cimento do Maracanã. Ela foi a jogadora mais jovem a receber a homenagem (o craque masculino Kaká se tornou o segundo mais jovem a fazê-lo no ano seguinte, aos 26 anos).
"Tive muitos momentos incríveis, a medalha de prata nas Olimpíadas, a honra de melhor jogadora, mas este foi um dia muito especial", disse Marta na cerimônia . "Isso mostra ao país que o futebol feminino pode e tem potencial."
11.1 É difícil descrever o choque que a semifinal da Copa do Mundo Feminina de 2007 causou. A seleção feminina dos EUA era a atual campeã olímpica e estava invicta há 51 jogos; no entanto, aos 78 minutos de jogo, perdia por 3 a 0 e vivia um pesadelo.
"Este jogo foi como um romance de Stephen King para os EUA", disse o locutor da ESPN no intervalo.
Marta estava à solta. Um gol contra logo no início deu a liderança ao Brasil, antes de Marta marcar um gol solo soberbo para dobrar a vantagem; Boxx foi expulso perto do intervalo, e Cristiane marcou o terceiro com uma assistência oportuna de Marta.
Marta foi tão dominante que, em vez de tentar a reação, o técnico da seleção feminina dos EUA, Greg Ryan, colocou em campo a jogadora mais rápida, Tina Ellertson, para marcá-la no um contra um. Mas ainda assim não funcionou.
Aos 80 minutos, Marta driblou mais algumas jogadoras americanas para executar sua melhor jogada até então. Recebendo a bola no canto direito da área americana, de costas para o gol, ela a tocou para o lado de Ellertson e disparou pelo outro lado antes de passar por outra jogadora e chutar para o fundo das redes, por baixo da goleira Briana Scurry. Aquele gol ficaria marcado como um dos mais bonitos da história da Copa do Mundo Feminina.
"Acho que os defensores devem estar procurando por ela até hoje", disse Formiga à ESPN.
Foi o quarto gol do Brasil e garantiu a vaga na final da Copa do Mundo pela primeira vez. Foi também a pior derrota em Copas do Mundo na história da seleção feminina dos EUA.
11.2. No vestiário, Marta não se apressou em receber os aplausos. "Ela fica tímida [depois de um golaço], por incrível que pareça, porque a gente fica tipo: 'Parabéns, Zefa!' E ela: 'Sai daqui, está tudo bem. Acabou, acabou'", diz Formiga.
"Ela também tem esse lado, de ficar nervosa em momentos como aquele, sabe? Ela sabe o quão importante aquele jogo foi, aquele gol e tudo mais. Mas, para nós lá, ela sempre foi muito tímida em relação às coisas."
12.1. A final aconteceu três dias depois. Aos 15 minutos, o Brasil perdia por 1 a 0 para a Alemanha , mas Cristiane ganhou um pênalti e Marta se adiantou para cobrá-lo. Ela se levantou, respirou fundo algumas vezes, olhou para a bola e chutou no canto inferior esquerdo. Quando olhou para cima, porém, a goleira alemã Nadine Angerer havia mergulhado com uma velocidade incrível para o mesmo lado para afastar a bola.
A Alemanha voltou a marcar e garantiu a vitória por 2 a 0. "Depois do pênalti defendido, senti que era para ser", disse a técnica alemã Silvia Neid. "Foi importante trabalhar contra a Marta. Fizemos um bom trabalho em tirá-la do campo."
Aos 21 anos, Marta já havia perdido uma final olímpica e de Copa do Mundo Feminina.
12.2. Um ano depois, a seleção feminina dos EUA e o Brasil se encontraram novamente, desta vez na final olímpica de 2008. Era mais uma chance para Marta finalmente conquistar um título importante. Só que não foi bem assim. As americanas, lideradas pela técnica Pia Sundhage, foram muito mais resolutas e anularam a ameaça de Marta antes de um gol poderoso deCarli Lloyd na prorrogação garantir a medalha de ouro.
Depois, Marta soluçou. Seus lábios tremiam enquanto ela falava em uma entrevista na TV.
"Não faço ideia de por que não conseguimos vencer uma final", disse ela. "É algo que vou continuar me perguntando por muito tempo. Você fica se perguntando o que fez de errado."
12.3. Três finais; três derrotas. Isso está pesando nos jogadores brasileiros, mesmo agora.
"É difícil, cara, difícil", diz Formiga à ESPN. "Eu choro, é difícil perder uma Copa do Mundo, perder as Olimpíadas, qualquer campeonato. Mas às vezes penso nas coisas que aconteceram no começo, é isso que me deixa com raiva."
A falta de investimento da CBF no Brasil deixou um efeito duradouro na seleção. Isso também foi percebido por outras equipes.
"Sempre dissemos que, se eles se juntassem tanto quanto nós, seria uma competição totalmente diferente entre nós dois", disse Boxx à ESPN. "Ainda era difícil, mas era quase como se pensássemos: 'Nossa, cara, se eles tivessem o apoio que tivemos como equipe dos EUA, esta poderia ter sido uma equipe muito perigosa, que venceria muitos eventos importantes'."
Como Marta lida com essas derrotas?
"Ela chora por todo mundo", diz Formiga. "Você vê todas as entrevistas, ela está sempre chorando, ela é uma menina muito emotiva. Por qualquer coisa. Se eu conto uma história para ela, peço conselhos, 'isso aconteceu, tem algo na família', ela começa a chorar. Antes mesmo de terminar de falar, os olhos dela estão cheios de lágrimas. Ela é muito humana."
Ícone13.1. Em 2008, Marta foi convidada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para jogar uma partida beneficente em Fez, Marrocos, chamada "Partida Contra a Pobreza", ao lado de outras lendas como Zinedine Zidane e Ronaldo Nazário. Ela foi a única jogadora convidada. Aliás, ela foi a única jogadora a ser convidada.
Sua aparição realmente fez história, já que Marta se tornou a primeira mulher a jogar uma partida masculina sancionada pela FIFA.
Ela jogou novamente em 2014, desta vez contra o BSC Young Boys em Berna, Suíça, com a renda revertida para as vítimas do tufão nas Filipinas . Naquele dia, ela jogou ao lado de várias lendas do esporte: Zidane, Ronaldo, Robert Pires, Claude Makélélé, Paolo Maldini, Luís Figo e Pavel Nedvěd.
Assim como em sua infância nos campos de terra batida de Dois Riachos, ela era a única jogadora. Aziyade Poltier-Mutal, que organizou a partida para a ONU, lembra-se de ver Marta sair do banco e mudar o jogo. Primeiro, ela deu assistência para Zidane, depois fez a assistência para Christian Vieri.
"Todos disseram que ela era a melhor jogadora naquele dia", ela conta à ESPN.
13.2. Em 2011, Marta estava em uma reunião com membros da ONU, que planejavam sua próxima viagem como embaixadora. Ela se virou para um funcionário e disse: "Quero ir para o país mais pobre do mundo."
Então, os funcionários da ONU fizeram as contas. Naquela época, a disputa era entre Níger e Serra Leoa, e logo ela estava a caminho desta última. Ao chegar, Marta decidiu que deveriam organizar uma partida de futebol feminino e que ela seria a treinadora. "A mensagem dela o tempo todo era: 'Nada é impossível. Veja o meu exemplo'", diz Poltier-Mutal.
Até hoje, sempre que Poltier-Mutal conhece alguém de Serra Leoa, ela menciona a viagem que fez com Marta. Muitas vezes, a pessoa diz que se lembra da visita. Mais tarde, ela descobriu que há fotos emolduradas de Marta nas paredes de bares por todo o país.
14. Em 2015, Marta havia se tornado uma espécie de nômade do futebol nacional. Ela deixou o Umea em 2008, quando o clube começou a enfrentar intensas dificuldades financeiras. Seu próximo clube, o LA Soul, da recém-formada Liga Profissional de Futebol Feminino (WPS), durou apenas um ano, antes que dificuldades financeiras também encurtassem sua permanência. A mesma situação aconteceu no FC Gold Pride (2010) e no Western New York Flash (2011). Naquela época, ela já havia sido eleita cinco vezes Jogadora do Ano do Mundo, mas novamente sem clube.
Ela retornou à Suécia para se juntar ao Tyresö em 2012 e, ao lado da lenda americana Christen Press , ajudou o time a chegar à final da Liga dos Campeões Feminina da UEFA, mas viu o clube enfrentar dificuldades financeiras e ficar sem salário. Em vez de se mudar para a Europa continental, ela optou por um contrato de seis meses com o Rosengård, da Suécia, onde permaneceu por três anos antes de se transferir para o Orlando Pride, da NSWL, em 2017.
Mas não foi só Marta: todos os jogadores daqueles times enfrentaram aquela sensação do chão se movendo sob seus pés.
"Todo ano [o clube] acabava", diz Boxx, que jogou por 10 clubes diferentes ao longo da carreira, após saber da história de Marta no clube. "Eu pensava: 'Será que eu sou a maldição?'. Ouvir que Marta também passou pela mesma coisa me faz sentir que não fui só eu."
15. O Brasil sofreu ainda mais decepções nas Copas do Mundo Femininas de 2011 e 2015, sendo eliminada nas quartas de final. Nos Jogos Olímpicos de 2016, em casa, Marta tinha 29 anos e já era uma veterana. Ela se descreveria como ainda em ótima forma, mas com um "motor diferente" em relação à sua juventude.
Assim como nos Jogos Pan-Americanos de 2007, o Brasil entrou em campo em um Maracanã lotado, desta vez nas semifinais contra a Suécia de Sundhage. A partida terminou empatada em 0 a 0 e foi para os pênaltis. Marta se destacou e marcou, mas a disputa por pênaltis terminou com a vitória sueca. Quando a meia brasileira Andressa Alves perdeu o pênalti decisivo, Marta ficou em choque por um segundo e depois caiu no chão em prantos.
16. Caminhando pelos corredores da CBF em 2019, Sundhage (hoje técnico da seleção feminina do Brasil) ficava mais irritado a cada passo. Um museu no local prestava homenagem às grandes seleções masculinas do passado; exibia seus cinco troféus de Copa do Mundo e nove títulos da Copa América; havia fotos de seus grandes jogadores: Neymar, Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho e Sócrates. Em determinado momento, há uma estátua de Pelé.
Mesmo assim, observou Sundhage, quase não houve menção à seleção feminina brasileira. "Foi uma luta para dar passos importantes para o futebol feminino no Brasil, do meu primeiro ao meu último dia", conta ela à ESPN.
Em três anos, Sunhage ajudou a criar mais representatividade no museu, homenageando atletas como Formiga, Cristiane, Sissi e Pretinha. Para Marta, ela pressionou a federação a construir uma estátua de cera para ela, o que foi feito em 2022, e Sunhage esteve presente na cerimônia para marcar sua inauguração ao lado da de Pelé.
"Marta era a melhor jogadora do mundo e hoje a tratam com respeito, o que é uma situação única", diz ela.
17. Digite o nome de Marta no Google e, com um ou dois cliques, você encontrará o que talvez seja o momento mais infame dela em campo. Não aconteceu quando a bola estava em jogo, nem mesmo durante o jogo em si. Aconteceu depois, quando ela estava na lateral do campo após ser eliminada pela França nas oitavas de final da Copa do Mundo Feminina de 2019, dando uma entrevista para a TV como nenhuma outra.
Você provavelmente já conhece o discurso . Marta havia passado de uma adolescente tímida a uma das maiores embaixadoras do futebol, e este era o seu momento de coroação. Ela falou sobre a necessidade da próxima geração de meninas jogar futebol.
"Este é apenas um momento emocionante", disse ela, com os olhos marejados de lágrimas. "Eu gostaria de estar aqui sorrindo, mas aqui estou eu chorando de alegria. Isso é o mais importante: chorar no começo para poder sorrir no final."
Mais tarde, ela olhou para a lente da câmera: "Vocês não terão a Formiga para sempre, não terão a Marta ou a Cristiane para sempre. O futebol feminino depende de vocês para sobreviver, então pensem nisso." Marta não planejou o discurso, foi improvisado, com suas emoções cruas vindo à tona justamente quando sua campanha na Copa do Mundo Feminina estava terminando.
18.1. Com a aproximação da Copa do Mundo Feminina de 2023, na Austrália e Nova Zelândia , Marta sabia que esta seria sua sexta e última participação no torneio. Ela disse isso publicamente. A grande questão era como ela seria utilizada — jogaria como titular? Ou sairia do banco?
A resposta estava com Sundhage. Ela havia se sentado com Marta em seu escritório na sede brasileira no início daquele verão e as duas conversaram sobre a Copa do Mundo. Sundhage disse a Marta o quanto pensava nela. Sundhage mencionou a posição que ela gostaria que Marta jogasse — provavelmente como atacante.
"Pode me colocar na lateral esquerda ou na lateral direita, tanto faz", respondeu Marta. Ela só queria jogar.
18.2. O torneio em si não saiu como planejado para o Brasil. Marta estava se recuperando de uma lesão no joelho direito e entrou como reserva nos dois primeiros jogos da fase de grupos — uma vitória tranquila por 4 a 0 sobre o Panamá , seguida de uma derrota tardia por 2 a 1 para a França.
Em uma partida decisiva na fase de grupos contra a Jamaica , Marta começou no ataque ao lado de Debinha , mas foi substituída aos 81 minutos com o placar em 0 a 0. A partida terminou sem gols, o Brasil foi eliminado e a carreira de Marta na Copa do Mundo chegou ao fim.
No vestiário, após a partida, Marta olhou para suas companheiras de equipe muito mais jovens e agora mais inconsoláveis.
"Tivemos uma reunião depois", diz Sundhage. "Eu tive um discurso e ela também teve um discurso, o que eu acho muito legal. Ela é, é claro, apoiando a equipe nacional apoiando o futebol feminino e estava dizendo que 'sim, fomos expulsos, mas isso é apenas um começo porque eu posso ver o que está acontecendo com os jovens jogadores'". "
19.1. Nos últimos meses, Jackie Maynard, oficial de mídia do Orlando Pride, está recebendo cada vez mais pedidos de entrevistas para Marta. Eles começaram a chegar depois que o homem de 38 anos anunciou que se aposentará do futebol internacional depois das Olimpíadas em Paris.
Maynard, no entanto, teve que rejeitar muitos dos pedidos: Marta não faria uma entrevista sobre as Olimpíadas até que ela fizesse a equipe. Ela teve que ganhar seu lugar, primeiro.
"Ela é como 'ainda não estou no time'", diz Maynard à ESPN. "Isso é apenas Marta."
Em 2 de julho, como se houvesse alguma dúvida, ela recebeu seu lugar no avião .
19.2. Tudo poderia ter terminado quando Marta foi expulso no jogo final do grupo contra a Espanha para um ataque com Olga Carmona, pois ela foi suspensa por dois jogos. Mas o Brasil chegou à final.
Marta saiu do banco contra os Estados Unidos, mas apenas para cair para uma derrota por 1 a 0 que lhe deu uma terceira medalha de prata.
"Um sentimento de orgulho, muito orgulho", disse ela a repórteres depois . "Não acho que, quando ganhei a medalha de prata nas duas vezes, em 2004 e 2008, senti tanto orgulho quanto agora com esta medalha de prata.
"Como já se passaram 16 anos de espera para voltar à final olímpica e do recorde da equipe em competições anteriores, vamos ser honestos, quase ninguém acreditava que o Brasil chegaria à final olímpica, que o Brasil saísse aqui com uma medalha".
Outro final; outra medalha. Só não a que ela estava tão desesperada para colocar as mãos.
"Estou chorando aqui por gratidão e felicidade", disse ela. "Não estou chorando aqui me arrependo de termos a prata. Veja o quanto tivemos que superar nesta competição para chegar a essa final. Então, essa prata, como eu disse, é um lembrete do orgulho que temos que sentir quando colocamos a camisa da seleção brasileira e representa nosso país, jogando com alegria, fará, determinação e perseveria, como nós o fizemos em todos os jogos.
19.3. Um par de amistosos contra o Japão em maio de 2025 mudou as coisas. Marta estendeu sua carreira no clube no início de 2025, assinando uma extensão de contrato de dois anos com o orgulho de Orlando, especulações escocesas que ela estava preparada para pendurar suas botas para sempre.
"Eu estava com Marta recentemente e conversei com ela. Ela disse que está disponível para ajudar a equipe enquanto joga em alto nível, como está agora", disse o técnico do Brasil Arthur Elias a repórteres. "Marta teve uma ótima temporada e tem sido muito importante para seu clube, que é o campeão da Liga Americana. Sua presença em algumas convocações é muito importante para os jogadores mais jovens, para a renovação que está ocorrendo na equipe nacional".
19.4. Na Copa América Femenina, o icônico nº 10 do Brasil levantou o troféu pela quarta vez: após o sucesso em 2003, 2010 e 2018.
Uma performance lendária da própria lenda 🤩
O jogo de dois gols de Marta ajudou o Brasil a outro título da Copa América femenina 🇧🇷 pic.twitter.com/rf1nkolam0
- Fox Soccer (@foxSoccer) 3 de agosto de 2025
Ela marcou durante a vitória da semifinal por 5-1 do Brasil sobre o Uruguai. Mas salvou o seu melhor para a final, quando ela marcou um empate de 96 minutos para nivelar o empate contra a Colômbia em 3-3, antes de colocar seu lado à frente em tempo extra. O jogo terminou em 4-4, e ela até perdeu sua penalidade no tiroteio, mas o Brasil prevaleceu.
Então é isso finalmente?
19.5. Quando a carreira internacional de Formiga terminou em 2021, sua última partida foi uma vitória por 6-1 sobre a Índia em um evento de futebol internacional realizado na cidade brasileira de Manaus.
E quando Sundhage saiu do túnel para treinar a equipe, ela pesquisou as arquibancadas e teve a mesma sensação que teve quando caminhou pelo Museu de Futebol Brasileiro em seu primeiro dia. Havia apenas alguns milhares de fãs nas arquibancadas.
Sundhage encurralou um oficial de futebol brasileiro após a partida: "Eu disse a ele que o dia em que Marta jogará seu último jogo, organize um grande evento porque ela merece".
espn