Rússia enfrenta queda acentuada nas receitas de petróleo e gás: quais são os riscos?

O analista Chernov atribuiu a queda da receita à taxa de câmbio do rublo e aos preços do petróleo
Em agosto, segundo o Ministério das Finanças, as receitas de petróleo e gás da Rússia caíram acentuadamente em relação ao ano anterior — em mais de um quarto: para 505 bilhões de rublos, contra 675 bilhões no ano anterior. Este é o valor mínimo não apenas para o ano atual, mas também para todo o ano de 2024. As receitas orçamentárias totais de petróleo e gás de janeiro a agosto também diminuíram significativamente — em mais de 20%, para 6 trilhões de rublos. Enquanto isso, as receitas do tesouro russo ainda dependem das receitas de exportação do comércio de petróleo e gás. Quão alarmante é o atual declínio nas receitas de petróleo e gás, quais são os riscos para o orçamento e a situação pode ser corrigida? O analista da Freedom Finance Global, Vladimir Chernov, falou sobre isso ao MK.

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- O que causou uma queda tão acentuada nas receitas de petróleo e gás em agosto?
- A queda deve-se principalmente à redução dos impostos sobre a produção de condensado de petróleo e gás, que arrecadou RUB 620,6 bilhões, 32% a menos que no mesmo período do ano passado. As taxas de gás caíram de forma especialmente significativa, com uma queda de quase 48%, de RUB 162,6 bilhões para RUB 84,7 bilhões. Além dos impostos, a queda nas receitas de petróleo e gás em agosto se deve aos preços mundiais mais baixos do petróleo em comparação com o mesmo período do ano passado, já que o preço médio do Brent no mês passado foi de US$ 69 por barril, 12,7% menor que em agosto de 2024, quando era de aproximadamente US$ 79 por barril.
- A taxa de câmbio do rublo teve algum papel no que aconteceu?
Sim. A taxa de câmbio do rublo contribuiu igualmente significativamente para a arrecadação de receitas de petróleo e gás em agosto, com o dólar caindo cerca de 9% em relação a agosto do ano passado, em média de 88 para 80 rublos. Fatores adicionais incluíram a pressão contínua das sanções, restrições logísticas e o desconto nas vendas de matérias-primas para a Ásia, bem como a redução dos volumes físicos de exportação de gás e a reorientação das empresas para o mercado interno devido à proibição da exportação de gasolina.
- Quão arriscado isso é para o orçamento federal?
A comparação com os meses anteriores mostra que a queda nas receitas de petróleo e gás se aprofundou, com uma variação anual entre 15% e 18% em junho e julho. Para o orçamento federal, essa dinâmica representa riscos crescentes de déficit no segundo semestre. Com o volume planejado de receitas de petróleo e gás em torno de 11 a 11,5 trilhões de rublos, um déficit anual de 20% equivale a cerca de 2,2 trilhões de rublos. Isso obriga o Ministério das Finanças a utilizar o Fundo Nacional de Bem-Estar Social de forma mais ativa, aumentar o endividamento interno e aumentar a participação das receitas não relacionadas a petróleo e gás, principalmente devido à carga tributária sobre as empresas e o consumo doméstico.
- Sua previsão: o que acontecerá com a renda até o final deste ano?
Espera-se que as receitas de petróleo e gás permaneçam sob pressão até o final de 2025, especialmente no período de outono-inverno, quando as exportações de gás para a Europa não serão capazes de compensar a redução no fornecimento dos anos anteriores. Com uma recuperação moderada dos preços do petróleo para US$ 70-80 por barril, as receitas se estabilizarão parcialmente, mas mesmo nesse cenário, é improvável que retornem aos níveis de 2022-2023.
- Isso significa que o déficit orçamentário crescerá ainda mais dos atuais 4 trilhões de rublos?
- Sim. De acordo com nossa previsão, se a situação atual persistir, o déficit orçamentário até o final de 2025 poderá atingir pelo menos 5 trilhões de rublos, ou seja, cerca de 2,2% a 2,3% do PIB. E, em caso de despesas adicionais, aumento da pressão de sanções ou uma nova queda nas receitas de petróleo e gás, não podemos descartar um aumento desse valor para 5,5% a 6 trilhões de rublos, o que já representará cerca de 2,5% do PIB. Assim, até o final do ano, o governo enfrentará a necessidade de equilibrar as despesas com recursos internos e uma política de endividamento mais conservadora.
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