Cidade maia perdida encontrada centenas de anos depois no coração da selva

No coração da selva mexicana, uma cidade perdida foi descoberta onde os rebeldes maias resistiram aos implacáveis conquistadores espanhóis por mais de um século.

Com o avanço dos conquistadores, os índios Lacandon Hol fugiram de sua capital, Lacam Tun, localizada no Lago Miramar, no atual México, no final do século XVI, segundo o Daily Mail. Então, recuando para a selva perto do que hoje é a fronteira com a Guatemala, construíram uma nova fortaleza, Sac Balam, onde resistiram aos espanhóis por 109 anos. Mas a cidade caiu em 1695 e acabou perdida para a selva, com seus habitantes realocados à força e praticamente extintos em meados do século XVIII.

Agora, cientistas dizem que encontraram Sak Balam usando um modelo preditivo inovador para localizar fundações e artefatos em áreas selvagens.

A descoberta foi feita graças ao testemunho de Diego de Rivas, um monge que atuou na região no final do século XVII, relata o Daily Mail.

Para Josuje Lozada Toledo, do Instituto Nacional de Antropologia e História do México (INAH), essa foi uma pista importante: "Identifiquei a possível localização de Saq Bahlan usando um modelo preditivo usando sistemas de informações geográficas."

Toledo acrescenta: "Consultei crônicas coloniais para calcular quantos dias Frei Diego de Rivas levou para viajar de Sac Bahlan até o Rio Lacantún em 1698. Dessa forma, consegui prever a localização desse lugar importante."

Sak Balam ou Sak Bahlan significa "Onça Branca" em maia, explica o Daily Mail, um nome que evoca os perigos associados à sua localização remota.

O Dr. Lozada Toledo afirma: "Sua localização no interior da selva e o terreno acidentado permitiram que os Lacandon Jol se escondessem dos conquistadores espanhóis. É uma terra habitada por animais e plantas perigosos, escondida atrás das montanhas. É um lugar muito remoto, localizado na Reserva da Biosfera dos Montes Azules, nas Montanhas Chaquistero. Para chegar a este lugar, é preciso caminhar por várias horas e acampar na selva. Fica a sudeste do Lago Miramar. Ali, eles viveram por 109 anos fora do domínio espanhol, de 1586, quando deixaram seu antigo assentamento no Lago Miramar, até 1695, quando foram finalmente conquistados."

Após a conquista da fortaleza, os espanhóis a renomearam como Pueblo de Nuestra Señora de Los Dolores - Cidade de Nossa Senhora das Dores.

Josuje Lozada Toledo diz: "Os espanhóis realizaram um massacre ou genocídio contra os habitantes locais. Os poucos sobreviventes foram transportados para a Guatemala, e nada mais se ouviu sobre a cidade."

Uma expedição ao local, organizada pelo Discovery Channel, encontrou fundações, restos de uma muralha e diversos artefatos. A equipe arqueológica inclui Brent Woodfill, da Universidade Winthrop, nos EUA, e Yuko Shiratori, do Japão.

O Dr. Lozada Toledo descreveu-o como "o trabalho de campo mais desafiador da minha vida": "Tudo o que resta da cidade são as fundações de edifícios pequenos e baixos, com apenas 30 a 40 centímetros de altura. E há também o material arqueológico enterrado no subsolo, que estamos estudando atualmente. Até agora, encontramos cerâmicas pré-hispânicas, estatuetas de cerâmica, obsidiana e os restos de uma muralha ou fortificação, que fazem parte do trabalho realizado pelo Dr. Woodfill e pelo Dr. Siratori. O próximo passo é analisar os artefatos encontrados durante as escavações e continuar a escavação da área, utilizando detectores de metais para identificar ferramentas de metal do século XVII."

O cientista espera que seu trabalho lance uma nova luz sobre o passado dos indígenas: "Meu objetivo é dar voz aos grupos maias que foram reprimidos pela colonização espanhola. Meu principal objetivo é trabalhar com a cultura popular do povo maia que viveu em Sac Bahlan. Quero aprender mais sobre seus costumes, religião e vida cotidiana, bem como sobre como foram destruídos durante o domínio espanhol."