Pó verde e manuscritos no discurso dos candidatos

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Pó verde e manuscritos no discurso dos candidatos

Pó verde e manuscritos no discurso dos candidatos

1. “SPINUMVIVA– CONTRA”. Não é que Rui Tavares se fosse esquecer do tema, mas, pelo sim, pelo não, um dos primeiros tópicos que escreveu nos apontamentos foi a SPINUMVIVA, escrevendo o nome da empresa familiar do primeiro-ministro com caixa alta. O candidato do Livre levava também as datas das duas moções (a de censura e de confiança), em que o partido votou sempre no sentido que provocava a queda do Governo. O “contra” do Livre foi, claro, o posicionamento relativamente à moção de confiança.

Como o debate já foi dá também para ver se as notas prévias foram orientando o discurso do candidato. Durante o debate, alinhado com a restante esquerda (Raimundo, Pedro Nuno e Mortágua), Rui Tavares falou do caso e chegou a dirigir-se ao primeiro-ministro com palavras duras: “Não brinque connosco, não nos tome por parvos.” Outro dos objetivos do porta-voz do Livre passou também por reforçar a ideia de que o responsável por o país ir de novo a votos é Luís Montenegro (“jogou o país na roleta”, pode também ler-se nas notas que preparou para o debate a oito).

2. “IL: vai ter uma conversa”. O Livre até tem manifestado alguma inveja pela clareza com que PSD e IL têm assumido que estão disponíveis para uma relação. Rui Tavares assume até que o Livre quer ter um papel à esquerda similar ao que a IL teve à direita: um partido novo, com novas ideias e que desvia eleitores de partidos tradicionais da sua área (no caso o PS). Ao mesmo tempo, a IL é uma das piñatas favoritas de Rui Tavares. E, aqui, aproveitava o caso Spinumviva para atacar Rui Rocha.

O líder liberal disse quando o caso eclodiu que Luís Montenegro tinha escolhido a Spinumviva em vez do País, mas depois votou a favor da moção de confiança. Mais do que isso, disse na campanha que, antes de fazer um acordo de coligação pós-eleitoral com o PSD, exigiria uma “conversa” sobre a Spinumviva com Montenegro. Era essa a referência que o porta-voz queria levar para o debate como mote para a crítica à AD-IL. Ora, para Rui Tavares essa conversa é insuficiente. A ideia do líder do Livre era, precisamente, atacar Rui Rocha por ter admitir fazer coligação com Luís Montenegro apesar das dúvidas éticas que subsistem. Na verdade o tópico na ficha sugere logo o tipo de ataque que é: um dois-em-um, em que visa Rocha e Montenegro. Se assim foi no debate, também se estendeu para o período ofical de campanha. Rui Tavares têm continuado criticar esta dupla, que diz ser entre o “chico-esperto” e o “acelera. Ou ainda: do “montenegrismo” com o “motosserrismo”, numa alusão a Javier Milei.

3. “Um PM sério não faz isto”. Rui Tavares insiste no ataque à credibilidade de Luís Montenegro. Na estratégia do porta-voz do Livre está puxar por uma alternativa à direita, atacando diretamente o líder desse campo político. No cartão de preparação para o debate tem perguntas como: “Acha normal?” Isto, novamente, sobre as movimentações da Spinumviva, que define nos seus rabiscos como um “potencial veículo de influência”.

A ideia do líder do Livre é sugerir que todas as falhas que Montenegro teve com a empresa pode tê-las também no exercício de funções. Rui Tavares diz que quem “engana o Parlamento, engana o país” e que “quem engana nisto, engana em tudo”. O Livre tenta, claramente, pescar na área dos zangados com a AD e com Luís Montenegro.

4. “Para sair disto o Livre tem soluções”. As sondagens não dão esse como um cenário plausível, mas Rui Tavares não desiste de vender a ideia de um Governo de esquerda. Embora nunca o diga de forma textual, esse Governo só poderia ser liderado por uma força política: o PS. Mas como não convém puxar pela vitória do PS (para os eleitores não caírem na tentação do voto útil), Rui Tavares opta por elencar aquilo que um Governo apoiado pelo Livre teria que ter. Entre essas soluções (e algumas já traz de 2024) estão medidas como a herança social (5 mil euros numa conta-poupança para cada bebé que nascer) ou, por exemplo, na área da ética (o tal escrutínio prévio aos governantes). Nessas linhas vermelhas, está também “a continuidade do apoio à Ucrânia”, num ponto que Rui Tavares sabe que afastaria os comunistas. Ainda assim, qualquer solução de geringonça terá de se materializar, como no passado, num acordo (para Rui Tavares deve ser “escrito”) assinado entre o PS e, individualmente, com os outros partido. A aplicação dessas soluções de Rui Tavares passam, assim, pelo seguinte plano: primeiro uma maioria de esquerda, depois um Governo suportado por essa maioria no Parlamento e, por fim, forçar a aprovação das medidas do Livre. Problema: para chegar à terceira, é preciso a primeira e a segunda etapa se cumpram. A julgar pelas sondagens, é muito difícil.

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