PCP entrega em São Bento 140 mil assinaturas pelo aumento dos salários

Além do documento, com 140 mil assinaturas, o secretário-geral do Partido Comunista Portuguès (PCP) levou um aviso: o governo vai cair se não mudar de política.
Após a entrega do abaixo-assinado no Palacete de São Bento, o PCP fez uma marcha, encabeçada por Paulo Raimundo, entre a Assembleia da República e o Cais do Sodré, em Lisboa, que foi acompanhada por várias centenas de apoiantes, entre os quais o ex-secretário-geral do partido Jerónimo de Sousa.
Entre bombos e cânticos como «melhores salários, melhores pensões» ou «a casa é para morar, não é para especular», Paulo Raimundo disse aos jornalistas que a marcha – que também ocorreu em simultâneo no Porto – é de «resistência, de combate, mas também de afirmação da democracia, da liberdade e da esperança».
«Isso consegue-se com mais salários, mais pensões, acesso ao SNS, acesso à habitação e consagração dos direitos dos pais e das crianças», disse, frisando que o partido juntou, desde setembro, «milhares de assinaturas» – 140.027 no total – neste abaixo-assinado que visa pressionar o executivo nesse sentido.
Interrogado se, dadas as críticas que o PCP tem feito ao governo, tem a esperança efetiva de que possa vir a aumentar os salários na linha do que o seu partido exige – 1.000 euros no salário mínimo já este ano e um aumento de 15% para todos, com um mínimo de 150 euros –, Paulo Raimundo respondeu: «O governo vai ter de aumentar, vai ter de melhorar a vida das pessoas».
«Não é por vontade própria, não é pela sua opção política. É pela força das pessoas, dos trabalhadores, da juventude. Vai ter de mudar. Se não mudar, vai cair, como todos caem: os que não cumprem as promessas que fazem e os que não correspondem à vida melhor das pessoas», disse.
No final do trajeto, no Cais do Sodré, Paulo Raimundo afirmou que «a propaganda e a desinformação não apagam a realidade de um país onde a esmagadora maioria dos trabalhadores, os que criam a riqueza, põem o país a funcionar, se confrontam com salários baixos».
«Um país onde a maioria enfrenta crescentes dificuldades enquanto os grupos económicos e as multinacionais, os tais que se julgam donos disto tudo, acumulam cada vez mais riqueza. É este o verdadeiro conflito que aí está», referiu.
De um lado, disse, está quem defende «os trabalhadores, o povo e a juventude» e, do outro, «os que querem mais exploração, precariedade, desregular ainda mais os horários de trabalho e o roubo de direitos».
Entre os que considerou estarem contra os direitos dos trabalhadores, Paulo Raimundo destacou os que «se posicionaram de forma clara perante a moção de rejeição apresentada pelo PCP ao programa do governo».
«PSD e CDS avançam com um programa è medida dos interesses da banca e dos grupos económicos e, perante esta declaração de guerra a quem trabalha, Chega, IL e PS decidiram constituir-se como o trio de suporte a esta política», acusou.
Para Paulo Raimundo, esses partidos, «todos juntos, formam o quinteto do retrocesso que toca sob a batuta do velho maestro neoliberal».
«Podem inventar todas as desculpas e criar as narrativas que entenderem: quem hoje suporta esta política, amanhã será responsabilizado pelas consequências das suas opções. Serão responsabilizados pelo empobrecimento, as injustiças, as desigualdades», advertiu.
O secretário-geral do PCP afirmou que se vivem «tempos exigentes, de promoção do medo, do ódio, do racismo, da divisão», assim como de «ameaças à Constituição, ofensiva contra os direitos e promoção da guerra» mas também o tempo da resistência.
Fotos: PCP
Barlavento