No Chile, Lula pede unidade contra a extrema-direita e suas ‘práticas intervencionistas’

O presidente Lula (PT) defendeu nesta segunda-feira 21, em agenda em Santiago, no Chile, a regulamentação das redes sociais e do combate à desinformação, em meio ao que chamou de “uma nova ofensiva antidemocrática”. Sem menção direta a Donald Trump, pediu unidade contra a reedição de “práticas intervencionistas”.
A declaração ocorreu após um encontro entre Lula e outros quatro líderes progressistas: os presidentes do Chile, Gabriel Boric, da Colômbia, Gustavo Petro, e do Uruguai, Yamandú Orsi, e o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez.
A reunião ganhou ainda mais peso com a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 50% as importações de produtos brasileiros e de tentar interferir no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe.
Segundo Lula, a situação global se agravou desde que Espanha e Brasil promoveram um encontro à margem da Assembleia-Geral a ONU em setembro de 2024.
“O quadro que enfrentamos exige ações concretas e urgentes”, afirmou o petista. “A democracia liberal não foi capaz de responder aos anseios e necessidades contemporâneas. Cumprir o ritual eleitoral a cada quatro ou cinco anos não é mais suficiente.”
Diante disso, segundo Lula, é necessário fortalecer as instituições democráticas e o multilateralismo.
“Concordamos sobre a necessidade de regulamentação das plataformas digitais e do combate à desinformação, para devolver ao estado a capacidade de proteger seus cidadãos”, prosseguiu. Transparência de dados e uma governança digital global são as chaves para um debate público livre e plural, reforçou.
Lula declarou que a defesa da democracia não cabe somente aos governos e depende de uma participação ativa de intelectuais, dos parlamentos, da sociedade civil, da imprensa e do setor privado.
“Neste momento em que o extremismo tenta reeditar práticas intervencionistas, precisamos atuar juntos”, cobrou o presidente brasileiro.
Sob o lema “Democracia Sempre”, o encontro no Chile aconteceu em um momento de avanços de partidos e governos de extrema-direita na Europa e na América Latina.
“Hoje, em muitas partes do mundo, a democracia está ameaçada”, disse Gabriel Boric no início da reunião, no palácio presidencial de La Moneda.
Ele denunciou ainda “a desinformação, o extremismo de qualquer tipo, o aumento do ódio, a corrupção, a concentração de poder e uma desigualdade que mina a confiança na esfera pública e no Estado de Direito”.
CartaCapital