Legislativas: Líder do PAN em Faro acarinhada por Cristóvão Norte (AD)

Já em hora tardia e depois da habitual azáfama matinal, Inês Sousa Real esteve hoje no Mercado Municipal de Faro, onde distribuiu panfletos, contactou com comerciantes e populares e recebeu uma visita por parte do deputado social-democrata Cristóvão Norte.

«O voto da estabilidade é um voto muito importante nestas eleições. Tem de haver sentido de compromisso e, por isso, as pessoas têm de conseguir falar umas com as outras. Felizmente, tenho sempre conseguido conversar muito bem com a Inês», elogiou Norte, desejando «tudo de bom» à comitiva.

A líder do PAN corroborou: «Se não houver capacidade de diálogo, perante os perigos que temos neste momento com a extrema-direita, a democracia vai perder. Vai perder também a qualidade do debate e do trabalho político. Portanto, temos de assumir esta posição construtiva».

Inês Sousa Real recordou que «não tem havido audição [parlamentar] em que o PAN não tenha colaborado, dado ideias e propostas, porque não temos preconceitos ideológicos — com exceção, evidentemente, da extrema-direita. Mas, tirando isso, sempre estaremos disponíveis para conversar e dialogar, para que ganhe a democracia e todas as nossas causas».

No Algarve, apontou como causas do PAN, «as questões da água e da dessalinização. Sabemos que é um processo muito complexo. Sabemos que a fatura é muito mais cara [em Faro] do que nos outros distritos. Os algarvios não devem estar sozinhos, seja nas questões da gestão da água, seja também em desafios maiores, como as alterações climáticas, a proteção animal e a violência doméstica, que tem sido um tema que nos tem tocado muito».

Apesar do carinho recebido parte do número dois da lista da AD por Faro, que foi ao encontro da comitiva do PAN, Inês Sousa Real não poupou críticas ao líder do governo.

Questionada pelos jornalistas sobre o facto de Luís Montenegro ainda não ter alterado a morada fiscal e o objeto social da Spinumviva, afirmou que «deveria já ter acautelado essa separação e deixado de ter a sede [da empresa familiar] na sua casa».

E frisou que «aquilo que nos parece mais grave é que, de facto, Luís Montenegro arrastou o país para umas eleições que os portugueses não queriam. Insistiu na moção de confiança e tivemos também um braço de ferro por causa da comissão parlamentar de inquérito».

Por isso, defendeu, «não são estas eleições que vão tirar as dúvidas que persistem sobre o primeiro-ministro, nomeadamente no que diz respeito ao facto de não ter separado a sua vida privada daquilo que é o cargo. É fundamental que um primeiro-ministro esteja acima e isento de qualquer suspeição e de qualquer conflito de interesses que possa persistir».

A dirigente do PAN acrescentou que «é importante que, na próxima legislatura, como o PAN tem vindo a defender, a gestão das empresas de titulares de cargos públicos e políticos possa ser suspensa a pedido dos mesmos, alterando-se o Código das Sociedades Comerciais, para que garanta esta equidistância que tem de existir na vida pública», sobretudo quando se trata «do titular do cargo de primeiro-ministro. É fundamental para que possamos ter mais transparência e uma governação mais isenta», sublinhou.

Para já, «fica clara a irresponsabilidade de Luís Montenegro quando arrastou o país para estas eleições e pôs os seus interesses pessoais acima dos interesses do país», concluiu.