É preciso expor e punir os que conspiram com Trump contra o Brasil, diz Celso de Mello

O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello criticou a decisão do governo dos Estados Unidos, anunciada na última sexta-feira 18, de revogar os vistos de integrantes da Corte. Também disse ser necessário identificar, expor e punir os que conspiram contra o País.
Não é possível, afirmou Mello, minimizar a “delicadíssima situação” do Brasil e de suas instituições democráticas. Ele reforçou não se tratar de um assunto “econômico-tarifário”, mas de um deliberado ataque ao País, “associado tanto à extrema-direita bolsonarista quanto à extrema-direita internacional, em verdadeira e acintosa coordenação com as ‘big techs‘”.
Em nota, o magistrado aposentado se referiu a seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como “quislings“, um termo utilizado nas línguas escandinavas e no inglês para caracteizar um cidadão ou um político de um país ocupado que colabora com uma força de ocupação inimiga.
“Mais do que nunca, e em razão de recentes eventos (entre os quais, o episódio da revogação de vistos), torna-se necessário identificar, expor e punir, nos termos da lei e respeitado o direito ao ‘due process of law‘, os ‘quislings‘ nacionais que, ressentidos, despojados de qualquer dignidade e destituídos de qualquer sentimento patriótico de respeito e apreço por nosso País, agem, insidiosa ou explicitamente, contra os superiores interesses do Brasil e do seu povo (…)”
O objetivo, acrescentou, é submeter o Brasil, seus valores e suas tradições “ao domínio de potestades estrangeiras, buscando reduzir o Brasil à condição inferior e degradante de uma simples colônia”.
A princípio, a decisão do governo Trump suspende os vistos dos ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso (presidente), Edson Fachin (vice-presidente), Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes.
Pelo menos neste momento, ficam de fora da lista os ministros André Mendonça, Kassio Nunes Marques e Luiz Fux. Já o procurador-geral da República, Paulo Gonet, está na relação e deve perder o visto.
CartaCapital