Candidatura presidencial de Ventura partiu Chega ao meio

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Candidatura presidencial de Ventura partiu Chega ao meio

Candidatura presidencial de Ventura partiu Chega ao meio

A decisão de André Ventura de se disponibilizar para uma candidatura às eleições presidenciais partiu os conselheiros nacionais do Chega reunidos na sexta-feira à noite. Diz quem esteve presente que nunca na história do partido houve tamanha divisão em torno de uma decisão do líder.

Para uma ligeira maioria, uma candidatura do líder é a única forma de o Chega continuar a marcar a agenda mediática durante a campanha de meses que irá aumentando de intensidade a partir da apresentação do Orçamento de Estado e das eleições autárquicas até à data da ida às urnas para escolha do sucessor de Marcelo Rebelo de Sousa, a 18 de janeiro.

Em sentido contrário, a sondagem da Aximage que colocou o Chega em primeiro lugar pela primeira vez num estudo de intenção de voto para a AR foi um dos argumentos dos críticos da candidatura de André Ventura, que consideram que André Ventura tem perfil para primeiro-ministro e não para Presidente da República, pelo que não deveria entrar na corrida a Belém.Mas logo apareceu quem mencionasse que a sondagem poderia ser ‘uma armadilha’ para desaconselhar Ventura a uma ida a jogo.

Em entrevista ao Nascer do SOL, o líder do Chega tinha revelado que ia ouvir o Conselho Nacional antes de tomar uma decisão e que o partido não podia « aspirar a nada menos do que ir à segunda volta», revelando que o candidato teria de ter «potencial para isso». E todas as suas declarações revelavam a intenção de ir a jogo, precisando apenas de uma audição prévia dos seus conselheiros nacionais.

«Goste-se ou não se goste, o segundo maior partido do país e líder da Oposição não pode deixar vazias nem vagas, não pode deixar em silêncio uma candidatura como aquela que representará as eleições de dia 18 de janeiro. O Chega não pode, não tem o direito, nem deve olhar para o lado, ignorar os seus militantes, os seus apoiantes e não lhes dar voz nestas eleições», disse André Ventura no momento de justificar a sua candidatura.Ventura defendeu ainda que nunca olhou «para o risco pessoal», mas sim para aquilo que o partido queria alcançar «e para a importância do país que existe hoje, de um espaço político liderado por uma cultura anti-sistema, sendo sistema este sistema de conluio, de cultura woke, e de domínio cultural do estrangeirismo e da imigração tolerada» criada nos últimos anos.

Agitação à esquerdaO avanço do líder do Chega agitou as águas especialmente à Esquerda, com os socialistas a apelarem à união em torno de um só candidato, sob pena de a segunda volta das presidenciais poder ser disputada por dois candidatos da direita.

Ainda esta semana, António José Seguro afirmou que a sua candidatura é apartidária, não nasceu da combinação com nada, nem num almoço secreto. «Vi a notícia de que o PS marcou já a sua Comissão Nacional para falar sobre as eleições presidenciais e eu repito o que sempre disse que é que respeito a vida partidária e que, esta não é uma candidatura partidária e, portanto, os partidos têm os seus direitos e os seus calendários».

O antigo secretário-geral do PS disse ainda que «esta eleição presidencial é uma eleição unipessoal em que as pessoas se candidatam e trazem todo o seu trajeto de vida, a sua visão, os seus valores e os seus princípios». E acrescentou: «Tudo o que eu faço é de uma forma transparente e de uma forma aberta. Digo aos portugueses ao que venho e espero ter a confiança dos portugueses».

Além de Seguro, a Esquerda conta com o candidato comunista António Filipe, que sempre garantiu que a candidatura «é para levar até ao fim». E explicou que, nas suas «mais de três décadas» como deputado à Assembleia da República, conseguiu mostrar que «é possível conciliar a defesa intransigente das posições políticas de cada um e o combate leal a posições políticas diferentes, com um sentido de equilíbrio e de abertura a consensos em que todos os democratas se possam rever».

Mais recentemente, e depois de Sampaio da Nóvoa ter excluído uma eventual entrada na corrida, também Catarina Martins veio assumir-se como a candidata do Bloco de Esquerda. A atual eurodeputada revelou que decidiu anunciar a sua candidatura para cuidar da democracia, da liberdade, da igualdade, dos bens comuns e da paz. «Escrevo-te sabendo bem como estes anos têm sido exigentes com todas e todos os ativistas que constroem a esquerda. Que não largam a mão de quem está ao lado. Foram muitos os nossos combates, com tanta gente. E em todos nós nos reencontramos. Escrevo-te num momento em que o processo das eleições presidenciais já começou, já está no terreno, com os homens do costume. Dos que há décadas governam o país e dos que tentam rentabilizar a angústia, para fazerem o mesmo ou pior», disse numa carta enviada as militantes.E o Livre ainda não decidiu se vai a jogo – uma hipótese que o próprio Rui Tavares ainda não afastou – podendo separar ainda mais as águas.

Mendistas preocupados

Mas o anúncio de Ventura gerou também preocupação na candidatura de Luís Marques Mendes. No início do ano, quando apresentou a sua candidatura, o antigo líder de Marques Mendes lembrou que esteve em quatro Governos durante quase 13 anos. «Com este percurso tive oportunidade de adquirir uma vasta experiência, conheço bem o país, o poder local e o poder central e conheço o cargo de Presidente da República», disse, na altura, lembrando que «o cargo de Presidente da República é um cargo eminentemente político», e como tal, «deve ser exercido por quem tem experiência política».

Já nas hostes de Henrique Gouveia e Melo as reações foram de contenção. O almirante, em entrevista à SIC, foi confrontado com o facto de ter tido um almoço com André Ventura há meses, que confirmou e relativizou. Gouveia e Melo preferiu enfatizar o facto de ser um candidato «verdadeiramente independente», atacando todos os outros por dependerem dos seus partidos , nomeadamente Ventura. E acrescentou que não rejeita «nenhum voto, nem de extrema-direita nem de extrema-esquerda, desde que sejam votos portugueses», embora frisando que é de centro e votou sempre PSD ou PS.

Entre os apoiantes do outro candidato anunciado, o liberal João Cotrim de Figueiredo, a convicção generalizada é que a candidatura de André Ventura pode prejudicar algum voto jovem, mas sem grande significado. O candidato liberal, nas redes sociais, continua a apelar ao voto: «Imagina Portugal a sério. Imagina Portugal onde podemos cumprir a nossa visão e alcançar os nossos sonhos. Imagina um país moderno, capaz de inovar e de avançar. Imagina um país onde a Liberdade é a base da cultura, do conhecimento e do crescimento».

Jornal Sol

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