General Motors suspende importante fábrica de células de hidrogénio

Num momento delicado para o setor do hidrogénio, a General Motors (GM) decidiu suspender um projeto avaliado em 55 milhões de dólares que previa a produção de pilhas a combustível numa nova fábrica em Detroit, nos EUA.
Travão numa aposta estratégica da General Motors no hidrogénioO projeto, anunciado com entusiasmo em setembro de 2024, pretendia transformar um edifício de 27 mil m² numa unidade de produção de pilhas de hidrogénio, em parceria com a empresa Piston Automotive.
Estava previsto criar 144 postos de trabalho logo na primeira fase, com a possibilidade de chegar a 300 funcionários nos anos seguintes.
Este investimento seria o primeiro da GM numa fábrica autónoma focada exclusivamente em tecnologia de hidrogénio, complementando a sua produção conjunta com a Honda na unidade de Brownstown, no Michigan.
“A decisão não representa o cancelamento definitivo do projeto, mas sim uma pausa estratégica até que exista maior clareza sobre o futuro do setor,” revelou um porta-voz da General Motors.
A pausa surge num contexto de incerteza política nos EUA, com o regresso de Donald Trump a ensombrar o futuro dos apoios às energias limpas. Esta instabilidade está a gerar receios quanto à continuidade dos incentivos para tecnologias como o hidrogénio verde, colocando em risco novos investimentos.
Outros players do setor também estão a sentir a pressão. A falência da Nikola Motors, uma das startups promissoras do hidrogénio, já causou dificuldades à Bosch, parceira tecnológica da marca.
O setor das energias limpas está em transição, e o hidrogénio verde tem sido apontado como um dos vetores estratégicos para a descarbonização da indústria pesada e dos transportes.
No entanto, sem estabilidade regulatória e apoio público consistente, projetos inovadores como o da GM enfrentam obstáculos à sua viabilidade.
Mais sobre o impacto do hidrogénio na mobilidade: Hydrogen Council – Hydrogen Insights
Contexto global e impacto económicoA decisão da GM surge numa altura em que várias economias estão a acelerar os investimentos em soluções de hidrogénio. No entanto, sem garantias de retorno estável, até os gigantes do setor optam por adiar apostas significativas.
Com esta suspensão, Detroit perde, para já, uma oportunidade de reforçar o seu papel na transição energética, ao mesmo tempo que se adia a criação de centenas de empregos qualificados numa área de elevado potencial.
portal-energia