Exportação de carne brasileira para os EUA aumenta mesmo após nova tarifa

As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos importados não preocupam o setor de carne bovina brasileira. Ao menos por enquanto. Apesar da taxação adicional de 10% sobre todas as importações do Brasil, os americanos compraram em abril – primeiro mês de vigência da nova alíquota – 47,8 mil toneladas de carne bovina, 13,6% mais que no mês anterior (42,1 mil). Na comparação com abril de 2024 (8 mil), o volume foi multiplicado por seis.
Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Os números confirmam uma tendência de aumento nas exportações de carne brasileira para os Estados Unidos que já vem desde o ano passado e, neste primeiro momento, não parece ter sido contida com o aumento das tarifas. Em 2024, os americanos compraram 229,8 mil toneladas da proteína animal do Brasil, com alta de 65,7% em relação a 2023 (138,7 mil).
No acumulado de janeiro a abril de 2025, os Estados Unidos importaram 135,8 mil toneladas, um avanço de 161,2% em relação ao mesmo período do ano passado (52 mil). O volume equivale a 14,3% de todas as exportações brasileiras de carne bovina.
O crescimento na demanda dos americanos pelo produto brasileiro ocorre em meio a uma queda na produção interna. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o rebanho bovino dos Estados Unidos em 2025 é o menor desde 1951.
Com isso, as empresas americanas, a princípio, estão dispostas a pagar os 10% adicionais sobre a carne bovina brasileira, sobre a qual já incide uma tarifa de 26,4%.
Os Estados Unidos são hoje o segundo maior destino internacional da proteína do Brasil. O principal mercado é a China, que nos primeiros quatro meses do ano importou 392,3 mil toneladas, o que representa 41,3% no volume total exportado e alta de 12,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Depois de China e Estados Unidos, completam a lista dos dez principais mercados no primeiro quadrimestre: Chile (39.819 toneladas), Hong Kong (33.711 t), União Europeia (29.777 t), Egito (27.421 t), Rússia (27.397 t), Argélia (24.985 t), México (24.313 t) e Arábia Saudita (20.909 t).
A categoria in natura respondeu por 88,4% do volume total exportado e por 91,3% do faturamento em abril, reforçando sua posição de liderança entre os produtos embarcados.
Chama atenção ainda o crescimento nas exportações de gordura bovina, que avançaram 199,4% em volume na comparação com abril do ano passado. As carnes industrializadas (+11,5% em receita), miúdos (+11,8%) e produtos salgados (+62,2%) também apresentaram desempenho positivo, sinalizando uma diversificação da pauta exportadora do setor.
Para Roberto Perosa, presidente da Abiec, o desempenho reflete o esforço de toda a cadeia da pecuária e a confiabilidade da carne brasileira. “Embora apenas cerca de 30% da produção seja destinada à exportação, esse volume representa uma das principais fontes de geração de divisas para o Brasil, movimenta centenas de municípios e e garante o aproveitamento pleno da carcaça, incluindo produtos distintos do consumo interno”, diz.
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