Correios registram prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024

Os Correios tiveram um prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024, resultado quatro vezes pior do que o registrado em 2023, que chegou a R$ 633 milhões. A estatal divulgou as demonstrações financeiras referentes ao ano passado nesta sexta-feira (9) no Diário Oficial da União (DOU).
Essa é a primeira vez que os Correios apresentaram um recuo bilionário desde 2016, quando teve um desempenho negativo de R$ 1,5 bilhão. Segundo a empresa, apenas 15% das agências são superavitárias, ou seja, geram lucro.
Os Correios passam por uma grave crise financeira e administrativa, com registros de atrasos no pagamento a fornecedores e inadimplência com o plano de saúde dos funcionários. O último lucro da empresa foi reportado em 2021, quando o resultado foi positivo em R$ 2,3 bilhões durante o governo Bolsonaro (PL).
“Tomando como referência a ótica de gasto total; ainda que 85% das unidades sejam consideradas deficitárias, os Correios garantem o acesso universal de todas e todos aos serviços postais, com tarifas justas, em cada um dos 5.567 municípios atendidos”, diz o relatório.
A receita líquida de vendas e serviços foi de R$ 18,9 bilhões, queda de 1,74% em relação a 2023. Já os custos com produtos e serviços da empresa aumentaram 4,7%, chegando a R$ 15,9 bilhões. O lucro bruto, diferença entre receitas e custos, foi de quase R$ 3 bilhões, queda de 26% em relação a 2023.
“O cenário apresentado revela desempenho financeiro negativo, com prejuízo de R$ 2,6 bilhões. O total de ativos da Empresa somou R$ 16 bilhões, representando uma queda de 11,20% em comparação com 2023, devido, principalmente, à redução de R$ 3 bilhões nas aplicações financeiras. O patrimônio líquido também ficou negativo, com um valor de R$ 4,4 bilhões”, disse a estatal.
No início do ano, a estatal informou que a “taxa das blusinhas” gerou uma perda estimada em R$ 2,2 bilhões em 2024. A redução de receitas ocorreu após a tributação sobre remessas internacionais, especialmente de mercadorias com origem da China.
“Em termos de receita total, houve uma redução de 0,89%, passando de R$ 21,67 bilhões em 2023, para R$ 21,47 bilhões no ano de 2024. A queda de 1,74% na receita de vendas e serviços foi impactada, principalmente, pelo serviço Internacional, em função das modificações na regulação dos produtos importados; e Mensagem, que apresentaram diminuições de R$ 531 milhões e R$ 157 milhões, respectivamente”, segundo o relatório.
“No entanto, o serviço Encomendas teve um desempenho positivo, com um aumento de R$ 157 milhões em relação a 2023”, diz o documento. Os Correios também investiram R$ 830 milhões ao longo de 2024 e R$ 1,6 bilhões desde 2023. De acordo com a empresa, as despesas totais apresentaram um crescimento de 7,91%, passando de R$ 22,30 bilhões para R$ 24,06 bilhões no período avaliado.
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