OMS: é essencial fluxo contínuo de ajuda médica em Gaza

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O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou esta quarta-feira “essencial” que seja garantido um fluxo contínuo de ajuda médica para a Faixa de Gaza, quando os camiões da organização se dirigem para a fronteira.
Tedros Adhanom Ghebreyesus declarou, a este respeito, que a OMS, uma agência da ONU com sede em Genebra, acabara de enviar dez camiões para o posto fronteiriço israelita de Kerem Shalom. Esses veículos partiram de El-Arish, no Egito, carregados com “medicamentos essenciais, material de laboratório e de análise da água”, precisou o responsável.
Outros dois camiões com ajuda médica, bem como 12 paletes de produtos sanguíneos, deverão juntar-se na quinta-feira. Segundo uma publicação do diretor-geral da OMS na rede social X, “todas as entregas da OMS serão então enviadas para Gaza, assim como três camiões com material médico proveniente de parceiros”.
.@WHO has moved 10 trucks from Al-Arish in Egypt to the Kerem Shalom crossing for #Gaza, carrying essential medicines, laboratory and water testing supplies.
Two additional trucks with medical supplies along with 12 pallets of blood products are expected tomorrow.
All WHO…
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) July 30, 2025
“As necessidades sanitárias na Faixa de Gaza são imensas. Um fluxo contínuo de suprimentos médicos é essencial”, salientou.
“Continuamos a apelar a um acesso sustentável, seguro e sem obstáculos à ajuda médica na Faixa de Gaza, bem como a um cessar-fogo”, salientou, antes de concluir: “A paz é o melhor remédio“.
Israel impôs um bloqueio total à Faixa de Gaza a 2 de março, após o fracasso das negociações para uma suspensão das hostilidades. No final de maio, o país começou a autorizar a retoma da ajuda num nível modesto, apesar dos alertas sobre o risco de fome, que se foi agravando desde então.
A principal autoridade internacional em crises alimentares alertou na terça-feira que “o pior cenário de fome está atualmente a desenrolar-se na Faixa de Gaza”, prevendo “mortes generalizadas” se não for tomada uma ação imediata.
De acordo com a Classificação Integrada de Fases (IPC) — um sistema de monitorização usado por agências humanitárias internacionais para determinar o nível de fome num país ou região —, Gaza está à beira da fome há dois anos e os “bloqueios cada vez mais rigorosos de Israel” têm “piorado drasticamente” a situação.
Esta semana, Israel instituiu pausas diárias nas operações militares em certas zonas da Faixa de Gaza e abriu rotas seguras para permitir que agências das Nações Unidas e outras organizações humanitárias distribuíssem alimentos neste território com mais de dois milhões de habitantes.
A Organização Mundial da Saúde afirma que, na Faixa de Gaza, os ataques aéreos e a falta de material médico, alimentos, água e combustível “quase esgotaram” um sistema de saúde subfinanciado, com muitos hospitais fora de serviço e outros a funcionar apenas minimamente.
A prestação de serviços de saúde essenciais — desde cuidados maternos ao tratamento de doenças crónicas — foi “gravemente comprometida”, lamenta a OMS.
Um porta-voz da agência da ONU disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) que nove dos seus camiões entraram na Faixa de Gaza em 25 de junho, quatro em 28 de junho, 11 em 8 de julho e outros seis em 20 de julho. “Nenhum camião foi saqueado desde que retomámos o abastecimento”, afirmou.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo grupo extremista palestiniano Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 60 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 140 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças.
observador