‘Uma ousadia gigantesca’: a casa de BABELL

Enquanto por todo o país se assiste ao definhamento e desaparecimento de livrarias históricas, a Lello & Irmão, no Porto, continua de vento em popa.
A decisão de cobrar pela entrada na famosa livraria mudou tudo, e a receita gerada tem permitido à Fundação Livraria Lello estar muito ativa na área do mecenato e no mercado: liderou a reconversão do Mosteiro de Leça do Balio em centro cultural e sede da própria fundação; comprou a pintura Descida da Cruz de Domingos Sequeira; arrematou em leilão cartas de amor de Bob Dylan e a biblioteca pessoal da cantora Amy Winehouse; e no ano passado anunciou o investimento de 60 milhões de euros em projetos na Baixa do Porto.
Como se não fosse ainda o suficiente, esta semana a Fundação Livraria Lello apresentou uma nova iniciativa que «propõe transformar o Porto num ecossistema literário vivo, com iniciativas distribuídas por ruas, praças e equipamentos da cidade». Chama-se BABELL – Cidade-Livro, decorrerá de 24 a 30 de junho de 2026 e contará com a presença de nomes de peso:a polaca Olga Tokarczuk, Prémio Nobel em 2018, o britânico Salman Rushdie, a canadiana Margaret Atwood e o filósofo sul-coreano-alemão Byung-Chul Han. Para ter acesso às sessões, basta comprar um livro numa livraria ou alfarrabista.
«Este projeto é de uma ousadia gigantesca, de uma ambição enorme, de um espírito empreendedor que acho que é maravilhoso», sublinhou o presidente da Câmara do Porto, Pedro Duarte, na sessão de apresentação. E revelou a receita: «Pensar salto, sonhar e depois pôr as mãos na massa, como nós aqui gostamos, e começar a concretizar».
Rui Couceiro, comissário do projeto, pretende que a BABELL seja nada menos que «o maior e o melhor evento literário em Portugal». E espera que a iniciativa possa não só «revolucionar o setor editorial e livreiro» como ser «replicada em todo o mundo».
Jornal Sol




