Trump despede diretora da Biblioteca do Congresso

A administração de Donald Trump demitiu Carla D. Hayden do cargo de diretora da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos — na prática, a biblioteca nacional. A notícia foi avançada pelo jornal New York Times esta quinta-feira.
Hayden, que tomou posse em setembro de 2016, nomeada pelo então Presidente dos EUA, Barack Obama, é a primeira mulher e a primeira pessoa negra a ocupar o cargo. Faltava-lhe cerca de um ano e meio para terminar o mandato de 10 anos.
De acordo com a notícia do Times, Hayden foi informada da demissão através de um e-mail com apenas duas frases. “Em nome do presidente Donald J. Trump, escrevo para a informar de que sua posição como diretora da Biblioteca do Congresso está suspensa com efeito imediato. Obrigado pelo seu serviço”, consta na dita comunicação, que não avança um motivo para o despedimento.
A Biblioteca do Congresso, em Washington, raramente muda de direção: Hayden foi a primeira desde 1987. A instituição cultural gerida pelo governo dos Estados Unidos descreve-se como “a maior biblioteca do mundo”, e alberga milhões de livros, filmes, sons, fotografias, jornais, mapas e manuscritos. Aberta ao público, funciona como centro de investigação do Congresso e é também a sede do gabinete de direitos de autor dos EUA.
A notícia do afastamento de Hayden gerou uma reação imediata dos democratas do Congresso. “O seu despedimento não é apenas uma afronta ao seu serviço histórico, mas um ataque direto à independência de uma das nossas instituições mais veneradas”, afirmou a deputada Rosa DeLauro, num comunicado enviado à imprensa norte-americana.
“Este é mais um exemplo do padrão perturbador em que o Presidente afasta funcionários públicos dedicados sem motivo — provavelmente para preencher o cargo com um dos seus “amigos” que não é qualificado e não se preocupa em proteger o legado da América”, disse DeLauro. “Esta medida mina os princípios fundamentais da nossa democracia e corrói a confiança do público nas nossas instituições. A administração Trump deve fornecer uma explicação transparente para esta decisão”, concluiu.
Desde que regressou à presidência da Casa Branca para um segundo mandato, Donald Trump já reivindicou o poder sobre várias instituições culturais americanas.
Em fevereiro, o Presidente dos EUA assumiu o controlo do Centro John F. Kennedy para as Artes Performativas, depois de ter expurgado uma série de figuras nomeadas por Joe Biden, e a presidente de longa data do centro, Deborah F. Rutter, foi despedida.
Já no final de março, Trump deu instruções a J.D. Vance para remover dos museus da Smithsonian, assim como dos seus centros educativos e de investigação, tudo o que considere “impróprio”. “Restoring Truth and Sanity to American History” (Devolver a Verdade e a Sanidade à História Americana) é o nome da ordem executiva que Trump assinou para eliminar a “ideologia anti-americana” daquele que é um dos principais complexos museológicos e educativos do mundo.
E em abril, a administração norte-americana colocou em licença administrativa todos os funcionários do Institute of Museum and Library Services (ILMS), que fornece subvenções e financiamento a bibliotecas e museus dos EUA.
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