Venham os 30%!

Sem muito para dizer, Trump anunciou que os produtos europeus vão passar a ter tarifas de 30%. Ele apresenta sempre um número exagerado para depois alegar que conseguiu um acordo nos 10%, mas apenas para alguns produtos. Será que o presidente americano voltou ao seu velho estilo de pistoleiro que nunca acerta na lata?
Que Trump é maníaco, todos nós sabemos. Que é dado a repentes, também. Que tem dias melhores ou piores, certamente. O que Trump não sabe, e ninguém da sua Administração tem coragem de lhe dizer, nem o secretário de Estado, nem o das Finanças, nem o do Comércio, é que já ninguém leva as suas ameaças a sério.
Como são tantas e distribuídas aleatoriamente, há sempre tempo suficiente para que ele acorde no sítio certo. Convém lembrar que já só faltam três anos e seis meses para sair da Casa Branca. Parece uma eternidade, mas o tempo passa a correr. Para Trump, as tarifas já pertencem ao passado. Ainda provoca sobressaltos, mas o seu foco já é outro.
Agora quer ser Prémio Nobel da Paz. Analisemos então as suas credenciais: acabou com o estado de guerra em Gaza? Travou Putin, que diariamente lança centenas de drones contra a Ucrânia? Impôs tanto medo ao Irão ao ponto de desmoronar o regime teocrático e as suas ambições nucleares? Uma única bastaria.
Tendo em conta este currículo, não há Paz alguma que justifique um Nobel para Donald Trump. Tem três anos para demonstrar aquilo de que é capaz. As tarifas são agora apenas a sua terceira ou quarta prioridade. Adoraria receber Von der Leyen na Sala Oval para uma emboscada política, mas com o presidente António Costa e a comissária dos Negócios Estrangeiros atentos, não iria longe. Nem ele, nem o seu vice-presidente, especialmente agitado.
Visao