Tarifaço dos EUA: importadores de ferro-gusa suspendem contratos com Brasil

Produtores brasileiros de ferro-gusa — matéria-prima para o aço — acompanham com apreensão a proximidade do início das tarifas de 50% sobre produtos do Brasil importados pelos Estados Unidos, marcado para sexta-feira (1º).
Faltando menos de uma semana para o prazo estabelecido por Donald Trump, importadores norte-americanos do material já anunciaram a suspensão de contratos com fornecedores do Brasil, diz Fernando Varela, presidente do Sindifer (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Estado do Espírito Santo).
Apesar de o cancelamento de pedidos ainda não estar na mesa, Varela ressalta que empresários encaram a proximidade do prazo e a falta de resolução com temor e tensão.
"Está chegando o dia e até agora não foi vista uma ação concreta de negociação por parte do governo", destaca.
A falta de interlocutores na Casa Branca é apontada por especialistas como o grande desafio para o governo federal. Desde que o tarifaço de 50% foi anunciado por Trump, em 9 de julho, houve pouco avanço na manutenção de uma linha direta de diálogo entre Brasília e Washington.
Produtores de diversos setores já se mobilizam em busca de novos mercados. A perspectiva do setor de ferro-gusa, porém, é pessimista, sinaliza Varela, que classifica como "praticamente impossível" achar novos compradores no curto prazo, e "difícil" em horizontes mais longos.
Em um eventual início das tarifas na sexta-feia, o presidente do Sindifer vê um quadro bastante negativo.
"Grande parte das indústrias paralisará as atividades, algumas colocarão o pessoal em férias ou utilizarão medidas temporárias, mas a maioria, por falta de perspectivas, irá demitir", diz.
Os EUA já taxam em 50% a importação de aço desde o início de junho. O Brasil é o segundo maior fornecedor do material para os norte-americanos, atrás somente do Canadá.
Em 2024, o Brasil foi o vendedor de 14,9% de todo o grupo que inclui aço e ferro como matéria-prima. Nunca o país teve uma participação tão grande naquele mercado.
CNN Brasil