Painel S.A.: As montadoras fazem chantagem com o governo, diz BYD

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Painel S.A.: As montadoras fazem chantagem com o governo, diz BYD

Painel S.A.: As montadoras fazem chantagem com o governo, diz BYD

Vice-presidente da BYD no Brasil, Alexandre Baldy, ataca as montadoras, que cogitam ir à Justiça caso a Camex (Câmara de Comércio Exterior) não aprove, nesta quarta (30), um regime tarifário de 10% nas importações de veículos da montadora chinesa –desmontados (CKD) ou semidesmontados (SKD).

Em entrevista ao Painel S.A., o executivo afirma que a companhia não conseguirá fabricar no país se o governo ceder à "chantagem" de "barões estrangeiros da indústria automobilística".

Baldy afirma que os investimentos da chinesa são previstos em contrato com o governo baiano, que concedeu incentivos fiscais para a instalação da fábrica, em Camaçari (BA), e que há uma escala progressiva de conteúdo local até um índice de 70% de nacionalização dos carros da marca.

A imagem mostra dois homens sentados em uma mesa durante uma reunião. O homem à esquerda tem cabelo curto e usa um terno escuro com uma gravata. O homem à direita, que está em destaque, tem cabelo liso e usa um terno escuro com uma gravata vermelha. Ambos parecem estar prestando atenção ao que está acontecendo. Ao fundo, há uma pessoa com cabelo longo e solto, parcialmente visível, e uma mesa com copos de água.
Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD no Brasil - Pedro Ladeira/Folhapress

As montadoras ameaçam ir à Justiça se a Camex aprovar um regime diferenciado para a BYD. Vê chances de seu pleito passar? É uma gritaria dos barões estrangeiros da indústria automobilística, que sempre entenderam o mercado brasileiro como uma propriedade de cada uma dessas companhias travestida em uma associação [a Anfavea].

Celebramos um contrato com o governo estadual e temos contrapartidas. Qualquer indústria automobilística começa com um regime de montagem. O nosso está pronto e as obras subsequentes são para o fim do regime de montagem. É impraticável ter o mesmo regime tributário para um carro pronto e para um kit [importado de montagem].

O que incomoda [a Anfavea] é que nós somos competitivos. Temos fábrica no Brasil e não vamos parar de produzir aqui com componentes locais porque isso é contratual. Nos primeiros 12 meses, aplicamos o regime de montagem. Depois, existe obrigatoriedade de componentes locais.

Qual o risco se não for aprovado? Já temos R$ 2 bilhões em investimentos realizados e não teremos como fabricar.

E como ficam seus compromissos junto ao governo da Bahia neste caso? Seria um caso fortuito em que o próprio governo foi promotor da situação.

Qual o pleito da BYD exatamente? Pedimos uma redução tributária para o imposto de importação para 10% até que a fábrica entre em fase de produção [plena], em julho de 2026.

E depois disso? Vale o regime geral e passo a ter conteúdo local.

É uma questão de competição, então? Isso é fato. Como é que você explica uma Toyota, que aumenta um carro em 12% nos últimos 12 meses sem qualquer tipo de aumento de custo? É um tapa na cara do povo, porque [as montadoras] vendem um produto de baixa qualidade e caro.

Quando lançamos o Dolphin, em 2023, nossos concorrentes chegaram a cortar R$ 100 mil no preço de um carro. O brasileiro não aceita mais ser feito de trouxa por essa indústria, que sempre quis se proteger para entregar o que há de pior em termos de qualidade. O brasileiro quer inovação, tecnologia, custo acessível, e ser respeitado.

Agora, o que eles querem? Eles querem que eu não fabrique nada e fazem chantagem com o governo, dizendo que há investimentos de R$ 180 bilhões. A BYD puxou essa fila de investimentos. Ele foi anunciado quando o presidente Lula foi à China. Ele esteve em Xangai com o Mr. Wang Chunfu, dono da BYD, que anunciou lá R$ 3 bilhões de reais de investimentos, que, posteriormente, foram ampliados para R$ 5,5 bilhões.

Em quanto tempo a BYD pretende passar para produção plena no país? Não tenho opção. Em julho de 2026, haverá um regime de fabricação local com conteúdo bem elevado.

De quanto? No fim do projeto, em 2028, ele chega a 70%. É quase o mesmo prazo para o fim do regime ex-tarifário. Não estou pedindo algo que não existe.

Consultada sobre as críticas do executivo da BYD, a Anfavea disse, via assessoria, que confia em uma decisão do governo brasileiro alinhada com o programa Mover, de incentivo aos motores a combustão híbridos.

"[Acreditamos] que o governo brasileiro decidirá em consonância com sua moderna e exemplar política industrial, o Mover, que continue atraindo um processo produtivo robusto, que inclua investimentos em pesquisa e localização de autopeças, respeitando os empregos de alta qualificação e garantindo a segurança jurídica para toda a cadeia automotiva", disse a associação em nota.

"A credibilidade e o compromisso da indústria automotiva brasileira são características inegociáveis e históricas. Passamos por dezenas de crises econômicas no país, e sempre mantivemos nosso compromisso com a produção e o emprego."

1980, Goiânia (GO) Formado em Direto pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Goiás, iniciou sua carreira na vida pública como secretário de Indústria e Comércio de Goiás, foi deputado federal, ministro das Cidades, secretário dos Transportes Metropolitanos de SP e atualmente preside o conselho da BYD no Brasil e é vice-presidente sênior da montadora

Com Stéfanie Rigamonti

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