<![CDATA[ Economia trava a fundo e défice chega já este ano ]]>
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Em apenas três meses, a perspetiva tornou-se bem mais pessimista. O Banco de Portugal (BdP) revelou esta sexta-feira que, afinal, a economia deverá crescer apenas 1,6% este ano, muito aquém do que a própria instituição tinha previsto em março (2,3%). O valor fica também abaixo da estimativa do Governo, que entregou a Bruxelas uma projeção de 2,4%.
“A contração da atividade no primeiro trimestre do ano não foi antecipada, explicando em larga medida a revisão em baixa do crescimento do PIB em 2025 face ao boletim anterior”, justificou a instituição. Neste segundo semestre, que termina no final deste mês, o desempenho será também "fraco", com "uma evolução contida do consumo atendendo ao impacto dos menores reembolsos do IRS e à redução da confiança dos consumidores". O regulador alerta que, nesta matéria, o resultado poderá ainda ser pior do que o agora previsto "se as tensões comerciais se agravarem, se a incerteza económica persistir ou em caso de dificuldades na execução dos fundos da União Europeia".
O supervisor bancário apontou também um regresso das contas públicas a terreno negativo, "em resultado de políticas pró-cíclicas expansionistas”. O BdP manteve um défice de 0,1% do PIB para este ano, mas agravou o saldo para 2026, de 1 para 1,3%. Na apresentação dos números, o governador mostrou-se preocupado com o aumento da despesa líquida, que engordou uns "enormes" 11,7% em 2024 e deverá subir 5,4% em 2025. Há, por isso, "risco de incumprimento das regras europeias no horizonte", alertou Mário Centeno.
“Sem imigração, a economia portuguesa não cresce”
O governador do BdP defendeu esta sexta-feira a ideia de que “sem imigração, a economia portuguesa não cresce”. Para Mário Centeno, a “sustentabilidade da trajetória de crescimento está assente na possibilidade de prolongar o ciclo” de entradas no País, que deu um contributo “inestimável” para a sociedade. O aviso, que pode ser visto como um recado a Luís Montenegro, foi deixado um dia após o Governo ter reforçado a intenção de apertar as regras de acesso à nacionalidade. Acontece também numa altura em que o mercado de trabalho dá sinais preocupantes. “Temos seis meses consecutivos de destruição líquida de postos de trabalho, não de emprego, a última vez que isto aconteceu foi no primeiro trimestre de 2013, é daqueles alertas que cabem ao BdP fazer em áreas sensíveis”, disse Centeno.
A instituição que dirige desde 2020 prevê um abrandamento do emprego e dos salários, com a taxa de desemprego a manter-se estabilizada em 6,4%. Os dados foram revelados no Boletim Económico de junho, cuja apresentação aconteceu esta sexta-feira em Lisboa e pode bem ter sido a última do atual governador. “Eu tenho um mandato para cumprir, diria cumprido, estarei sempre disponível para o país, seja no governo, seja no BdP, seja numa universidade a fazer o que gosto mais que é falar”, afirmou. O mandato termina em 20 de julho e Centeno já se mostrou disponível para continuar, mas a decisão está agora nas mãos do Governo da AD.
Primeiro-ministro não está preocupado
Luís Montenegro foi questionado sobre se estava preocupado com as previsões do BdP, mais pessimistas do que as do Governo. “Não. O que me dá preocupação é olhar para cada português todos os dias e melhorar a condição de vida dele próprio”, respondeu o primeiro-ministro. Em dezembro, quando Mário Centeno alertou para o risco de um saldo negativo pela primeira vez, foi mais direto. “É um pouco insólito prever défice de 0,1%”, afirmou o chefe doExecutivo, acrescentando que “qualquer Governo resolve isso em dois tempos”. Montenegro frisou ainda que a opinião do regulador era, naquela altura, “absolutamente em contramão contra todas as outras”.
O futuro das taxas de juros
O governador do BdP sublinhou que “é difícil” antecipar o que decidirá o Banco Central Europeu, dentro de dois meses, quanto às taxas de juro. “As decisões são tomadas reunião a reunião, com base nos dados”, sublinhou Mário Centeno, que considerou “contraditórios” os indicadores conhecidos nesta altura. O antigo ministro das Finanças socialista recomendou ainda “tranquilidade” aos decisores políticos e pediu “muita ao números que vão sair nas próximas semanas”. Serão “muito importantes” para definir o que fará, a 24 de julho, a instituição liderada pela francesa Christine Lagarde.
cmjornal