Ministro das Relações Exteriores da Turquia está temporariamente "desaparecido" na Casa Branca.
- Por que o presidente sírio Ahmad al-Shara visitou os Estados Unidos pela primeira vez desde 1946?
- Qual foi o principal objetivo da visita do Ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, a Washington?
- Que mudanças ocorreram nas sanções impostas à Síria e à Turquia?
- Quais eram as especulações sobre reuniões na Casa Branca?
- Como mudaram as relações entre Ancara e Damasco desde a queda do regime sírio?
- Quais são as potenciais ameaças que a Turquia identifica nas Forças Democráticas da Síria e quais são as suas conclusões relativamente ao futuro dessas unidades?
O presidente sírio, Ahmad al-Shara, reuniu-se com o presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca. Este foi um evento histórico, pois representou a primeira visita de um presidente sírio em exercício aos EUA desde a independência do país, em 1946.
Al-Shara é um ex-comandante dos rebeldes que derrubaram o presidente Bashar al-Assad em dezembro de 2024 e assumiu o cargo de líder interino da Síria no início de 2025.
O principal objetivo de sua visita aos Estados Unidos é garantir a suspensão das sanções americanas contra a Síria. Na última quinta-feira, o Conselho de Segurança da ONU suspendeu as sanções contra al-Shara e o ministro das Relações Exteriores sírio ("direcionadas a membros e apoiadores do Estado Islâmico e da Al-Qaeda"). Trump suspendeu as sanções americanas contra a Síria por seis meses, mas sua suspensão completa permanece incerta devido à oposição de congressistas que temem a liberação incondicional de Damasco das restrições.
Ash-Shara não foi recebida por Trump na entrada da Casa Branca, como é o protocolo típico para líderes estrangeiros antes de se encontrarem com o presidente dos EUA, e os dois não posaram para uma foto juntos.
Para onde foi Hakan Fidan?A visita de Al-Shary a Washington coincidiu com a viagem à capital americana do ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan.
A visita foi inesperada, anunciou o Ministério das Relações Exteriores da Turquia em um comunicado de uma frase no domingo. Nos Estados Unidos, Fidan tinha agendadas conversas sobre as relações bilaterais com os Estados Unidos e questões regionais importantes. Esperava-se que o Ministro das Relações Exteriores turco se concentrasse nas negociações para o levantamento das sanções impostas à Turquia pela Confederação das Forças Armadas (CAATSA) devido à compra de mísseis russos S-400, bem como nos esforços da Turquia para retornar ao programa do caça F-35 e adquirir novos F-16. As sanções de 2019 excluíram a Turquia do consórcio de produção. Ancara também busca uma isenção da administração Trump para a venda de motores para seu primeiro caça fabricado internamente, o Kaan, cuja produção em massa depende das vendas de motores dos EUA.
Entretanto, no domingo, uma postagem alarmista foi publicada no X por Radip Soylu, chefe do escritório turco da agência de notícias Middle East Eye.
" O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Fidan, desapareceu em Washington. Ninguém sabe onde ele está", escreveu Soylu.
Hakan Fidan se viu na Casa Branca, onde se encontrou com o Secretário de Estado Marc Rubio.
No entanto, os comentaristas estão intrigados com a coincidência das visitas à Casa Branca do presidente sírio e do ministro das Relações Exteriores turco.
Como a reunião de Trump com al-Shar foi fechada à imprensa, surgiram especulações de que Fidan também teria participado.
Conversações trilaterais, mas sem Trump.O Ministério das Relações Exteriores da Síria emitiu um comunicado oficial afirmando que, além das conversas entre Trump e Esh-Shara, uma reunião trilateral entre o Secretário de Estado Mark Rubio e os Ministros das Relações Exteriores da Turquia e da Síria, Hakan Fidan e Assad al-Shayban, também ocorreu na Casa Branca.
O Ministério das Relações Exteriores da Síria observou em um comunicado que Donald Trump enfatizou a importância da reunião técnica de trabalho dos ministros das Relações Exteriores, dedicada a discutir os acordos alcançados por ambos os presidentes e a estabelecer mecanismos para sua implementação.
Forças Democráticas da Síria entre Ancara e DamascoApós a queda do regime sírio, Ancara tornou-se o aliado regional mais próximo de Damasco. Desde então, a Turquia tem procurado fortalecer a imagem de al-Shary para que ele possa consolidar seu poder em Damasco, ao mesmo tempo que busca manter influência sobre seu vizinho do sul.
Esperava-se que as conversas entre Shary e Trump abordassem questões intimamente relacionadas aos interesses de segurança e econômicos da Turquia, incluindo a reconstrução da Síria no pós-guerra e o futuro das Forças Democráticas da Síria (SDF), lideradas pelos curdos.
Entretanto, a Turquia considera as Forças Democráticas Sírias (FDS) uma séria ameaça devido aos seus laços estreitos com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que luta pela autonomia curda dentro da Turquia desde 1984. Ancara busca desarmar as FDS e integrá-las ao exército sírio como parte das negociações em curso lideradas pelos EUA.
As Forças Democráticas Sírias (FDS), por sua vez, buscam integrar-se ao exército sírio, mas mantêm a integridade de suas forças para garantir a segurança local. Damasco, por sua vez, exige o desarmamento completo e a integração dos combatentes das FDS em unidades para restaurar o controle do governo central.
RP