Procissão em caos: Santa Restituta disputada entre paróquia e comissão. A festa da vergonha e a cisão de Dom Pasquale!

O que deveria ser uma celebração de fé, tradição e comunidade acabou se tornando uma página sombria na história religiosa e civil da ilha de Ísquia. A festa de Santa Restituta, padroeira da ilha, transformou-se num retumbante fracasso espiritual e organizativo, que evidenciou a profunda crise do clero Lacco, agora dilacerado por lutas internas e em rota de colisão com os leigos e as comissões que deveriam cooperar para o sucesso dos eventos religiosos.
O clímax do desastre ocorreu a bordo do ferry “Tourist” de Medmar, onde o pároco Dom Pasquale, exasperado por semanas de tensão e decisões tomadas às suas costas, abandonou a procissão e tirou as vestes sagradas, deixando as relíquias do Santo nas mãos do Bispo Carlo Villano. Um gesto sensacional e doloroso, que marcou o colapso do diálogo entre o líder espiritual da comunidade e aqueles que, em nome da tradição, optaram por agir de forma autônoma e desrespeitosa.
Uma paróquia dividida
Em Lacco Ameno, o clima está incandescente há algum tempo, com a paróquia dilacerada por disputas de poder entre comitês organizadores e representantes eclesiásticos. Mas o que aconteceu durante a última procissão marítima ultrapassou todos os limites. Contra todas as indicações oficiais, a imagem da Santa foi levada para Forio, contrariando um itinerário consolidado há mais de uma década e ignorando a vontade expressa do pároco.
Um ato de desafio, um golpe que deslegitimou o papel de Dom Pasquale, tratado como um figurante, em vez de pastor à frente de sua comunidade. Diante de mais uma bofetada institucional, o padre perdeu a paciência, abandonou o comando das celebrações e proferiu palavras amargas e duras contra aqueles que, a despeito da liturgia e do respeito ao culto, priorizavam o exibicionismo e as rixas pessoais.
O silêncio quebrado pelos gritos
A cena do pároco brandindo as relíquias em protesto, gritando entre os fiéis consternados, ficará gravada como um símbolo do declínio da celebração. O abandono da procissão, o retorno solitário à paróquia e o frio que se abateu sobre a continuação dos acontecimentos falam de uma comunidade desorganizada, incapaz de reconhecer e respeitar hierarquias, papéis e ritos.
O bispo Carlo Villano, deixado sozinho para suportar o fardo material e moral da celebração, tentou salvar o que podia ser salvo. Mas agora ele não pode mais ficar em silêncio. Sua intervenção se tornou essencial: é hora de enfrentar com firmeza e clareza a degradação moral e organizacional que assola a paróquia de Lacco Ameno.
Um desastre que poderia ter sido evitado
As palavras, vazadas à noite, que o Bispo supostamente dirigiu à cúpula do comitê (“Eu deveria ter ido com Dom Pasquale”) confirmam a gravidade da situação. Mas, ainda mais, a arrogância da resposta (“Da próxima vez você fará a festa com esses quatro padres”) dá uma medida do desprezo com que uma parte da comunidade decidiu tratar a autoridade eclesiástica.
O Jubileu deveria ser uma ocasião de reconciliação e renovação espiritual. Em vez disso, acabou se tornando o cenário de uma representação escandalosa de anarquia e egoísmo. As feridas deixadas por este dia são profundas. Agora cabe ao Bispo Villano juntar os pedaços, restaurar a ordem, restabelecer a dignidade do culto e do clero e – se necessário – tomar decisões drásticas para devolver à comunidade religiosa de Lacco Ameno uma liderança estável, respeitada e, acima de tudo, ouvida.
A festa de Santa Restituta 2025 ficará marcada na história. Não por milagres, mas por vergonha.
Il Dispari