Estudo descobre que crianças diagnosticadas com TDAH geralmente recebem medicamentos muito rapidamente

Um novo estudo divulgado na sexta-feira descobriu que crianças pequenas diagnosticadas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, ou TDAH, geralmente recebem medicamentos muito rapidamente.

O estudo, liderado pela Stanford Medicine e publicado no JAMA Network Open, examinou os registros de saúde de quase 10.000 crianças em idade pré-escolar, entre 3 e 5 anos, entre 2016 e 2023, que foram diagnosticadas com TDAH .

"O TDAH é um transtorno caracterizado pela dificuldade de prestar atenção, ou o que chamamos de hiperatividade, que é como se as crianças tivessem dificuldade para ficar sentadas, elas têm muita energia", explicou Jamie Howard, psicólogo clínico sênior do Child Mind Institute, especializado no tratamento de ansiedade e transtornos de humor em crianças.

Howard, que não estava envolvido no estudo, disse que, ao tratar TDAH em crianças pequenas, as diretrizes clínicas recomendam começar com "intervenção comportamental".

"Queremos sempre começar com o menor dano possível", disse Howard. "Fazer uma intervenção comportamental causa muito pouco dano."

O estudo de Stanford descobriu que cerca de 68% das crianças diagnosticadas com TDAH receberam medicamentos antes dos 7 anos de idade, geralmente estimulantes como Ritalina, que podem ajudar as crianças a concentrar sua atenção e regular suas emoções.

A mudança para a medicação geralmente ocorreu rapidamente, de acordo com o estudo. Cerca de 42% das crianças diagnosticadas com TDAH receberam medicamentos prescritos em até 30 dias após o diagnóstico, segundo o estudo.

"Não temos preocupações sobre a toxicidade dos medicamentos para crianças de 4 e 5 anos, mas sabemos que há uma alta probabilidade de falha do tratamento, porque muitas famílias decidem que os efeitos colaterais superam os benefícios", disse o Dr. Yair Bannett, professor assistente de pediatria na Stanford Medicine e principal autor do estudo, em um comunicado.

Esses efeitos colaterais podem incluir irritabilidade, agressividade e problemas emocionais, de acordo com Bannett.

"A alta taxa de prescrições de medicamentos entre crianças em idade pré-escolar com TDAH e a falta de atraso entre o diagnóstico inicial e a prescrição exigem mais investigação para avaliar a adequação do tratamento medicamentoso precoce", concluíram os pesquisadores.

O estudo também descobriu que a grande maioria das crianças diagnosticadas com TDAH, cerca de 76%, eram meninos.

"Acho que as pessoas associam o TDAH à medicação estimulante", disse Howard. "...Mas, na verdade, há muito mais do que isso. E queremos dar às crianças a oportunidade de usar essas outras estratégias primeiro, e depois, se precisarem de medicação, isso pode ser incrivelmente útil para muitas crianças."